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São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2003

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TRABALHO

Saldo de contratações e demissões em agosto foi de -0,26% sobre julho

Emprego industrial tem 2ª maior queda do ano em SP

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na contramão das expectativas, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) anunciou ontem que a indústria paulista de transformação fechou 3.940 postos de trabalho em agosto -menos 0,26% em relação a julho.
É a segunda maior queda do ano, atrás apenas da de junho -de menos 0,30%. De janeiro a agosto, foram extintas 6.576 vagas -queda de 0,43% ante mesmo período de 2002.
Ou seja, mais da metade do recuo no nível de emprego em 2003 aconteceu no mês passado.
Por causa desse resultado, pela primeira vez no ano a entidade estima que o nível de emprego em 2003 será negativo em relação a 2002 -a expectativa agora é de queda de 0,39%. Cerca de 6.000 postos de trabalho devem ser fechados neste ano, diz Clarisse Messer, diretora da Fiesp.
Até o mês passado, a entidade previa que a quantidade de vagas em 2003 deveria empatar com o número do ano passado.
Em julho, o nível de atividade da indústria paulista foi estável em relação ao mês anterior, após meses de queda.

Margens em queda
Segundo Messer, a retração de vagas em setores importantes para a indústria paulista, como mecânica, metalurgia e indústria automobilística, foi o principal fator que "puxou" a queda média.
Toda a indústria trabalha com margens de lucro muito apertadas, aponta a diretora, mas o impacto sobre o nível de emprego é maior nessas atividades.
"As empresas estão cortando custos onde podem. Setores importantes que estão bem no acumulado do ano tiveram retração em agosto", diz Messer.
Segmentos relevantes que tiveram variação negativa no mês passado foram forjaria (queda de 1,35%), fundição (menos 0,49%) e máquinas (retração de 0,65%).
De acordo com a diretora, o fator sazonal também explica a queda. Tradicionalmente, agosto registra retração no nível de emprego. "Da mesma forma, historicamente setembro e outubro são meses melhores para o emprego."
Termômetros da atividade econômica, os segmentos de papel e celulose e papelão cresceram 0,22% e 0,20% em vagas em agosto. Mas o aumento, segundo Messer, não é encarado como sintoma da tão propalada retomada da atividade econômica.
A explicação para a alta, de acordo com ela, é o aumento das encomendas com a aproximação das festas do final de ano.
Segundo Messer, existe consenso de que vai haver retomada, "mas ainda não houve reflexo no nível de emprego".
De acordo com a diretora, a expectativa é que o BC corte os juros básicos em mais 2,5 pontos percentuais na próxima reunião do Copom, mantendo "a ousadia no limite do gradualismo".
Messer diz também que a manutenção de um acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) é "desejável".
Sobre as negociações salariais das categorias com data-base neste semestre, a diretora declara que o mais provável é que aconteça o parcelamento dos reajustes.
Segundo Messer, "não há nenhuma evidência empírica" de que a redução da jornada -uma das reivindicações das centrais sindicais CUT e Força Sindical- gere mais empregos, ao contrário do que diz o Dieese.


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