DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 5.000 pessoas se inscreveram ontem no Centro de Solidariedade da Força Sindical de São Paulo para uma das 600 vagas oferecidas pelo hipermercado Extra. A expectativa é encerrar as inscrições hoje com 30 mil candidatos. Às 4h, um grupo de 50 pessoas já enfrentava a fila.
"O frio e a chuva espantaram um pouco os interessados", disse Tadeu de Sousa, coordenador do centro. De açougueiro a nutricionista, são 21 cargos com salários entre R$ 428,27 e R$ 1.377,03.
Formada em direito, Maria Aparecida Braga Lopes, 30, disse que desde 2001 não consegue uma vaga. "Fiz estágios e trabalhei como operadora de micro em seguradoras. Sinto que o fato de ser casada, ter dois filhos e ter 30 anos são barreiras para voltar ao mercado." Ela disse aceitar "qualquer vaga" no Extra. "Meu marido, que trabalhava como corretor de imóveis, foi despedido há uma semana. Não dá para escolher muito nessa situação."
Ex-metalúrgico, ex-taxista e ex-vigilante, Mário dos Santos Filho, 59, completou ontem o que chamou de "recorde da persistência". "Esta é a 35ª vez que venho ao centro." Sem registro na carteira desde 1994 e desempregado há seis anos, ele disse que "sobrevive" com a ajuda de amigos. "Não quero roubar, quero trabalhar."
"Perdi o salário de R$ 1.800 há um ano e oito meses, após uma reestruturação no banco em que atuei. Com 34 anos, não consigo voltar ao mercado", disse o ex-bancário Ricardo dos Santos Alfano, que aceita "qualquer vaga".


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