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São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2003

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CURTO-CIRCUITO

Após acordo de reestruturação de dívida, empresa quer receber compensação por perdas no racionamento

Eletropaulo cobra R$ 500 milhões do BNDES

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Eletropaulo espera receber cerca de R$ 500 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A empresa deseja ter o dinheiro assim que o acordo de reestruturação da dívida de US$ 1,2 bilhão de sua controladora, a AES Corp., com o próprio banco de fomento for fechado.
Esse valor refere-se à terceira parcela do empréstimo do BNDES para compensar as perdas com o racionamento e repor os gastos com o aumento do preço da energia comprada de Itaipu, devido à variação cambial.
O impacto desse aumento nos custos das empresas não foi repassado às tarifas neste ano. Em troca, o BNDES financiará a diferença. Devido à inadimplência da AES Corp., a Eletropaulo havia sido excluída desse programa.
Segundo Eduardo Bernini, presidente da empresa, além da retomada do fluxo de recursos do banco estatal, a Eletropaulo espera ter acesso ao programa de saneamento do setor elétrico que está sendo preparado pelo governo federal. "O acordo permite a retomada de relações normais e isonômicas em relação a todas as providências do governo federal para o saneamento e equilíbrio do setor elétrico", diz Bernini.
Nas últimas semanas, o mercado financeiro antecipou o impacto que uma solução para dívida da AES teria para o reequilíbrio da Eletropaulo. Do dia 1º ao dia 10 de setembro os papéis (PN) da empresa subiram 42,7%.
O início do movimento de alta coincidiu com a troca de comando da empresa. No dia 1º, Bernini, um executivo ligado ao setor -foi presidente da Eletropaulo entre 1996 e 1998, quando preparou a empresa para a privatização- assumiu no lugar do americano Stephen Clancy, que voltou para a matriz.
"A mudança ocorreu num momento em que o mercado todo estava em alta e os investidores buscavam boas notícias para comprar", observa Cristina Garcia, analista da Lopes Filho.
A chegada de Bernini, segundo analistas, gerou no mercado a expectativa de que ele se envolvesse nas negociações da dívida da AES, o que levaria a um desfecho mais rápido. Bernini afirma que nunca participou das conversações.
Mas, segundo a Folha apurou, na segunda-feira, quando foi fechado o acordo preliminar, houve intensa troca de faxes e telefonemas entre a sede do BNDES, no Rio, e a da Eletropaulo.
Segundo Bernini, uma vez normalizados os fluxos de recursos para a empresa, ela ganha músculos para voltar a negociar com os bancos credores. "Estamos retomando as negociações para uma reestruturação organizada da dívida da empresa", diz Bernini.
A Eletropaulo tem uma dívida líquida de R$ 6,3 bilhões, a maior parte concentrada no curto prazo. Em agosto, teve antecipado o vencimento de uma dívida de US$ 305 milhões por um consórcio de bancos liderados pelo BankBoston. O motivo: deixou de pagar três parcelas ( US$ 75 milhões).


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