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CURTO-CIRCUITO
Após acordo de reestruturação de dívida, empresa quer receber compensação por perdas no racionamento
Eletropaulo cobra R$ 500 milhões do BNDES
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Eletropaulo espera receber
cerca de R$ 500 milhões do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A empresa deseja ter o dinheiro assim que o acordo de
reestruturação da dívida de US$
1,2 bilhão de sua controladora, a
AES Corp., com o próprio banco
de fomento for fechado.
Esse valor refere-se à terceira
parcela do empréstimo do
BNDES para compensar as perdas com o racionamento e repor
os gastos com o aumento do preço da energia comprada de Itaipu,
devido à variação cambial.
O impacto desse aumento nos
custos das empresas não foi repassado às tarifas neste ano. Em
troca, o BNDES financiará a diferença. Devido à inadimplência da
AES Corp., a Eletropaulo havia sido excluída desse programa.
Segundo Eduardo Bernini, presidente da empresa, além da retomada do fluxo de recursos do
banco estatal, a Eletropaulo espera ter acesso ao programa de saneamento do setor elétrico que
está sendo preparado pelo governo federal. "O acordo permite a
retomada de relações normais e
isonômicas em relação a todas as
providências do governo federal
para o saneamento e equilíbrio do
setor elétrico", diz Bernini.
Nas últimas semanas, o mercado financeiro antecipou o impacto que uma solução para dívida da
AES teria para o reequilíbrio da
Eletropaulo. Do dia 1º ao dia 10 de
setembro os papéis (PN) da empresa subiram 42,7%.
O início do movimento de alta
coincidiu com a troca de comando da empresa. No dia 1º, Bernini,
um executivo ligado ao setor
-foi presidente da Eletropaulo
entre 1996 e 1998, quando preparou a empresa para a privatização- assumiu no lugar do americano Stephen Clancy, que voltou para a matriz.
"A mudança ocorreu num momento em que o mercado todo estava em alta e os investidores buscavam boas notícias para comprar", observa Cristina Garcia,
analista da Lopes Filho.
A chegada de Bernini, segundo
analistas, gerou no mercado a expectativa de que ele se envolvesse
nas negociações da dívida da AES,
o que levaria a um desfecho mais
rápido. Bernini afirma que nunca
participou das conversações.
Mas, segundo a Folha apurou,
na segunda-feira, quando foi fechado o acordo preliminar, houve
intensa troca de faxes e telefonemas entre a sede do BNDES, no
Rio, e a da Eletropaulo.
Segundo Bernini, uma vez normalizados os fluxos de recursos
para a empresa, ela ganha músculos para voltar a negociar com os
bancos credores. "Estamos retomando as negociações para uma
reestruturação organizada da dívida da empresa", diz Bernini.
A Eletropaulo tem uma dívida
líquida de R$ 6,3 bilhões, a maior
parte concentrada no curto prazo.
Em agosto, teve antecipado o vencimento de uma dívida de US$
305 milhões por um consórcio de
bancos liderados pelo BankBoston. O motivo: deixou de pagar
três parcelas ( US$ 75 milhões).
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