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Da Inglaterra, empresário dá sua versão sobre liquidação do Crefisul e falência do Mappin-Mesbla
Mansur diz que procura novos negócios
Jorge Araújo - 15.ago..96/Folha Imagem
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O empresário Ricardo Mansur, do Mappin, que está fora do país |
da Reportagem Local
O empresário Ricardo Mansur
está fora do país procurando
oportunidades de negócios que o
ajudem a pagar as dívidas que
deixou no Brasil. Quem afirma é o
próprio Mansur, que atribui a
maior parte dos seus problemas
ao Bradesco.
Na sexta-feira, Mansur, que está
na Inglaterra, aceitou responder,
por fax, 14 perguntas encaminhadas pela Folha.
Folha - Onde o sr. está? Por
que está fora e quando volta?
Ricardo Mansur - Não estou fora do Brasil, mas tenho dividido o
meu tempo entre estar aqui, à testa dos meus negócios, coordenando os meus administradores e advogados, nos Estados Unidos e na
Europa, na busca de novos negócios que possam solucionar rapidamente a crise. Não estou, portanto, fora do Brasil.
Folha - O sr. já foi intimado a
depor sobre a falência do Mappin?
Mansur - Não.
Folha - Tanto o Banco Central,
no caso do Crefisul, quanto a
Justiça, no caso do Mappin, têm
uma série de esclarecimentos a
pedir. O sr. não acha que deveria estar aqui?
Mansur - Assim que for chamado, prestarei todos os esclarecimentos necessários.
Folha - Pelas suas contas,
quanto devem o Mappin, a Mesbla e o Crefisul?
Mansur - Contas dependem de
ajustes e de conciliações. Há patrimônio suficiente e estamos levantando o valor do passivo.
Folha - O que provocou a falência do Mappin?
Mansur - A retirada, sem explicações e sem aviso prévio, do
apoio do Bradesco, meu sócio naquela empresa. Já esclareci o quesito, por meio de meus advogados. A questão está "sub judice".
Os detalhes estão expostos na
ação que promovo.
Folha - E a quebra do Crefisul?
Mansur - Crise passageira de liquidez, provocada por rumores
infundados.
Folha - Quanto dinheiro o sr.
perdeu nesses negócios?
Mansur - Todo o meu patrimônio está à disposição dos credores
do Crefisul e organizações.
Folha - Qual é o seu patrimônio pessoal?
Mansur - O patrimônio do administrador e acionista de uma
instituição financeira é a garantia
dos credores desta.
Folha - Nos últimos meses, o
sr. ou suas empresas transferiram para suas filhas vários imóveis, inclusive a casa no Morumbi onde o sr. mora quando está
em São Paulo. A explicação registrada em cartório é dação
por dívida. A que dívida com
suas filhas o sr. estava se referindo?
Mansur - O negócio foi, na verdade, uma permuta de patrimônio, sendo que representou menos de 2% do patrimônio da empresa, que foi recomposto, como
demonstrei em nota publicada na
imprensa.
Folha - O BC apurou que uma
das suas empresas, a United Europe, com sede na Ilha da Madeira, tinha em janeiro cerca de
US$ 50 milhões. Esse dinheiro
foi investido numa outra empresa dos EUA e depois sumiu.
O que aconteceu com a aplicação? Se o sr. devia tanto no Brasil por que foi investir lá fora?
Mansur - O valor mencionado
corresponde a lucros obtidos com
operações de derivativos feitos no
exterior. O valor não sumiu e o
Banco Central tem documentos
que demonstram a lisura das operações e estarei sempre pronto a
prestar às autoridades os esclarecimentos necessários.
Folha - O Crefisul vendeu imóveis e empresas para firmas que
ficam em paraísos fiscais. Essas
firmas fazem parte do seu grupo?
Mansur - Não, e jamais fizeram
parte.
Folha - O sr. não acha que fez
um negócio ruim para o Mappin
ao trocar as ações do próprio
Mappin e da Mesbla por créditos difíceis de serem cobrados
do Crefisul?
Mansur - Não. As ações não
pertenciam ao Mappin ou a Mesbla, eram ações que pertenciam a
mim particularmente ou às sociedades holdings, que me pertencem totalmente. Eu e as minhas
holdings ficaram com esses créditos de liquidez não imediata, enquanto o banco Crefisul recebeu
em troca um patrimônio valioso.
As lojas não tiveram o seu patrimônio afetado.
Folha - O Bradesco sempre o
apoiou, financiou seus negócios
e agora o sr. está processando o
banco. Como foi que esse relacionamento azedou?
Mansur - O Bradesco era sócio
do Mappin, tendo várias diretorias e uma participação muito ativa e intensa na administração da
rede de lojas. De repente, por interesses que desconheço, mas injustificados, decidiu retirar o seu
apoio financeiro. Pela sua atitude,
estou processando o Bradesco e
por se encontrar "sub judice" não
posso aprofundar esta discussão,
que está toda revelada na ação judicial.
Folha - O que o sr. pretende fazer da sua vida agora?
Mansur - Ressarcir os credores
do Crefisul, do Mappin e da Mesbla, prejudicados pela ação surpreendente do Bradesco, que, no
final, deverá pagar os prejuízos
que causou àqueles credores. Enquanto isso, procuro novos negócios para diminuir a aflição dos
credores até que a Justiça possa
decidir definitivamente.
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