São Paulo, Domingo, 12 de Setembro de 1999
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Governo é o maior credor do empresário

da Reportagem Local

O Estado é o maior credor das empresas de Ricardo Mansur.
Só para o governo paulista, o Mappin e a Mesbla devem algo como R$ 80 milhões de ICMS. Chegaram a renegociar suas dívidas, para pagá-las em prestações mensais, mas suspenderam os pagamentos.
Num lance de esperteza, a Mesbla, como outras empresas, tentou pagar o INSS com títulos da dívida pública emitidos pela governo federal no início do século. Mas perdeu a causa na Justiça.
O banco Crefisul, por sua vez, tinha sido autuado pela Receita Federal, no início do ano, em R$ 17 milhões, referentes a Imposto de Renda.
Calcula-se que a dívida trabalhista das lojas do Mappin em São Paulo era de até R$ 100 milhões pouco antes da sua falência.
Não se sabe exatamente quanto o grupo de Mansur deve aos governos federal e estaduais, mas apenas no Mappin e na Mesbla a dívida fiscal (impostos e contribuições) seria de aproximadamente R$ 400 milhões.
Esse valor foi apresentado meses atrás a um grupo de investidores do Mappin pelo executivo José Paulo Amaral, na época responsável pelas lojas de departamento.
A resistência em pagar impostos não é novidade para Mansur. No final de 1993, o empresário, que tinha o direito de franquia da Pizza Hut no Brasil, vendeu a licença de volta à Pepsico, dona da marca. Poucos meses depois de concretizado o negócio, a Pepsico descobriu que a Pizza Hut, durante a gestão de Mansur, não tinha recolhido corretamente ICMS e Imposto de Renda, e decidiu pagar a diferença, de cerca de R$ 5 milhões.
Depois que pagou os impostos atrasados, a Pepsico resolveu se ressarcir do prejuízo executando uma garantia bancária entregue por Mansur no momento da venda. Mansur tentou impedir e a disputa acabou em processos na Justiça de São Paulo, que a Pepsico venceu.
É difícil arrancar dinheiro de Mansur. O Bradesco e seis fundos de pensão de empresas estatais tentaram recentemente, não conseguiram e vão ter de engolir um prejuízo calculado em R$ 180 milhões.
Em julho do ano passado, esses investidores compraram debêntures da Casa Anglo. Mansur tinha prometido pagar juros a cada seis meses, mas deu calote já na segundo parcela, a de julho deste ano. A execução ficou difícil porque a Casa Anglo e outras empresas de Mansur, como a United, estavam sem caixa.
Era no nome da United Indústria e Comércio que o empresário tinha colocado alguns de seus imóveis de maior valor. Essas propriedades, avaliadas por em R$ 5,6 milhões, foram transferidas da United para o nome das filhas de Mansur nos últimos meses. As filhas de Mansur também já repassaram esses imóveis para uma empresa que elas criaram em maio, a Market Consultoria em Leilões S/C Ltda. (CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO E DAVID FRIEDLANDER)

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