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Governo é o maior credor do empresário
da Reportagem Local
O Estado é o maior credor
das empresas de Ricardo Mansur.
Só para o governo paulista, o
Mappin e a Mesbla devem algo
como R$ 80 milhões de ICMS.
Chegaram a renegociar suas dívidas, para pagá-las em prestações mensais, mas suspenderam os pagamentos.
Num lance de esperteza, a
Mesbla, como outras empresas, tentou pagar o INSS com
títulos da dívida pública emitidos pela governo federal no início do século. Mas perdeu a
causa na Justiça.
O banco Crefisul, por sua vez,
tinha sido autuado pela Receita
Federal, no início do ano, em
R$ 17 milhões, referentes a Imposto de Renda.
Calcula-se que a dívida trabalhista das lojas do Mappin em
São Paulo era de até R$ 100 milhões pouco antes da sua falência.
Não se sabe exatamente
quanto o grupo de Mansur deve aos governos federal e estaduais, mas apenas no Mappin e
na Mesbla a dívida fiscal (impostos e contribuições) seria de
aproximadamente R$ 400 milhões.
Esse valor foi apresentado
meses atrás a um grupo de investidores do Mappin pelo executivo José Paulo Amaral, na
época responsável pelas lojas
de departamento.
A resistência em pagar impostos não é novidade para
Mansur. No final de 1993, o
empresário, que tinha o direito
de franquia da Pizza Hut no
Brasil, vendeu a licença de volta
à Pepsico, dona da marca. Poucos meses depois de concretizado o negócio, a Pepsico descobriu que a Pizza Hut, durante a gestão de Mansur, não tinha recolhido corretamente
ICMS e Imposto de Renda, e
decidiu pagar a diferença, de
cerca de R$ 5 milhões.
Depois que pagou os impostos atrasados, a Pepsico resolveu se ressarcir do prejuízo
executando uma garantia bancária entregue por Mansur no
momento da venda. Mansur
tentou impedir e a disputa acabou em processos na Justiça de
São Paulo, que a Pepsico venceu.
É difícil arrancar dinheiro de
Mansur. O Bradesco e seis fundos de pensão de empresas estatais tentaram recentemente,
não conseguiram e vão ter de
engolir um prejuízo calculado
em R$ 180 milhões.
Em julho do ano passado, esses investidores compraram
debêntures da Casa Anglo.
Mansur tinha prometido pagar
juros a cada seis meses, mas
deu calote já na segundo parcela, a de julho deste ano. A execução ficou difícil porque a Casa Anglo e outras empresas de
Mansur, como a United, estavam sem caixa.
Era no nome da United Indústria e Comércio que o empresário tinha colocado alguns
de seus imóveis de maior valor.
Essas propriedades, avaliadas
por em R$ 5,6 milhões, foram
transferidas da United para o
nome das filhas de Mansur nos
últimos meses. As filhas de
Mansur também já repassaram
esses imóveis para uma empresa que elas criaram em maio, a
Market Consultoria em Leilões
S/C Ltda.
(CÉLIA DE GOUVÊA
FRANCO E DAVID FRIEDLANDER)
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