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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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DERROTA BRASILEIRA

Indicado por Lula, João Sayad é preterido

Ex-ministro argentino vai dirigir a Cepal

DO ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS

O governo Luiz Inácio Lula da Silva recebeu como uma bofetada a designação do economista argentino José Luis Machinea para secretário-executivo da Cepal, a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, agência das Nações Unidas, em vez de João Sayad, economista brasileiro indicado pelo PT.
A especulação que circula no Planalto é a de que uma das razões, talvez a principal, para o veto a Sayad foi uma investigação sobre suas posições políticas, em que teria aparecido sua oposição à Alca, na qual está empenhado o governo norte-americano. Colunista da Folha, Sayad foi secretário de Finanças de Marta Suplicy em São Paulo e ministro do Planejamento de José Sarney.
Se verdadeira a avaliação, seria a segunda personalidade brasileira a sofrer veto dos EUA, nos últimos dois anos: antes de Sayad, os EUA vetaram a permanência de Maurício Bustani no comando da Opaq (Organização para a Prescrição de Armas Químicas, outra agência da ONU).
Não é apenas o desprezo à indicação de Sayad que irrita o governo petista. Kofi Annan, o secretário-geral da ONU e, como tal, responsável pelo preenchimento do cargo, vinha sendo interlocutor regular de Lula e estava dando toda a atenção à proposta do presidente brasileiro de criar um fundo mundial de combate à fome.
Choca o Planalto que Annan tenha, em vez de Sayad, escolhido um economista que "vai na contramão da tendência de centro-esquerda que o eleitorado tem revelado na América Latina", ouviu a Folha. Machinea foi presidente do BC no governo Raúl Alfonsín (1983/89) e ministro da Economia de Fernando de la Rúa (1999/2001). Ambos são da UCR, o mais tradicional partido argentino, e foram obrigados a renunciar pelo fracasso de suas políticas econômicas.
Parece um contra-senso premiar com o principal posto econômico internacional da América Latina justamente quem teve participação em políticas frustradas.
Machinea assume o posto que pertencia, até setembro, a José Antonio Ocampo, designado secretário-geral-adjunto das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais.
A Folha procurou Sayad na tarde de ontem. Sua secretária informou que ele estava viajando e que tentaria localizá-lo. Até o fechamento desta edição, segundo ela, não havia sido possível. (CLÓVIS ROSSI)


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