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TELECOMUNICAÇÃO
Fusão mais cara da história leva a nova empresa à vice-liderança nos EUA
WorldCom compra MCI por US$ 36,5 bi
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
A indústria da telecomunicação
passou a ter uma nova configuração depois que a MCI aceitou a
oferta de U$ 36,5 bilhões feita pela
WorldCom para a fusão das duas,
no negócio mais caro da história.
A ascensão da WorldCom, que
tem como o cerne de seus negócios
as redes físicas para transmissão
de dados em vez da tradicional telefonia para voz, mostra que a Internet vai ocupar papel central na
guerra do mercado de telecomunicações.
A MCI já é a segunda maior companhia telefônica internacional do
mundo, logo após a AT&T, com
uma fatia de 25% do mercado.
Junto com a WorldCom, vai ter
um faturamento anual de U$ 32
bilhões, 70 mil empregados e presença em cerca de 200 países.
O negócio, que ainda ser precisa
aprovado pelo governo dos EUA,
liquida as chances, pelo menos a
curto prazo, de a British Telecom
(BT) se firmar como um dos grandes do mercado mundial de telecomunicações.
A BT esperava usar a MCI como
o seu braço no hemisfério ocidental. Ela tem 20% das ações da MCI,
que esperava transformar em mais
da metade em 1997, mas que agora
vai vender para a WorldCom por
U$ 7 bilhões.
A fusão também mostra que a Lei
de Telecomunicações de 1996 está
tendo, por enquanto, efeitos muito diversos do que os previstos.
Quando a sancionou, o presidente Bill Clinton disse que ela iria
revigorar a competição e beneficiar o consumidor com tarifas
mais baixas.
O que se viu, por enquanto, foi
uma série de fusões que, ao contrário, estão diminuindo a concorrência e poderão resultar em aumento de tarifas.
A nova WorldCom, da qual fazem parte as linhas utilizadas pelos
dois maiores provedores de serviço de Internet nos EUA (America
On Line e Compuserve), terá o virtual monopólio do setor e poderá
acabar com o acesso à Internet por
custos relativamente baixos para o
consumidor.
O interesse da WorldCom pela
MCI se deveu menos aos 25% do
mercado de telefonia internacional e muito mais às redes para serviços de Internet que ela mantém
fora dos EUA e de fibras óticas para transmissão de dados. A telefonia representará em 1997 apenas
25% das receitas da MCI.
O mercado mundial de telecomunicações é estimado atualmente em U$ 700 bilhões e tende a crescer com a privatização do setor em
diversos países de economia emergente, entre eles o Brasil.
A líder do mercado ainda ainda é
a AT&T, com faturamento anual
de U$ 52 bilhões. Mas a nova
MCI-WorldCom virá logo atrás,
com U$ 32 bilhões, mais a aura de
ousadia que agora cerca as atividades de seu líder, Bernard Ebbers.
Ebbers, claro, dizia ontem que o
consumidor vai lucrar com o negócio. "O público vai ter uma
companhia forte e agressiva, preparada para oferecer a melhor
qualidade de serviço pelo menor
preço." Mas muitos duvidam.
A WorldCom vai precisar de altos índices de lucratividade para
poder saldar os compromissos que
está assumindo ao incorporar a
MCI. Ela está pagando pelas ações
da MCI preço muito mais alto do
que o de mercado. A oferta inicial,
feita há um mês, de U$ 30 bilhões,
teve que ser aumentado depois que
a GTE a superou numa tentativa,
frustrada, de ficar com a MCI.
Para isso, tarifas baixas talvez
não venham a ser a prioridade da
nova empresa. Como prova das dificuldades que terá, a WorldCom
viu o valor de suas ações na bolsa
de Nova York cair 8% ontem.
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