São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Emprego na indústria de SP tem queda recorde

FABIANA FUTEMA
DA FOLHA ONLINE

Pressionada por taxas de juros elevadas e um câmbio desfavorável às exportações, a indústria paulista demitiu 45.818 funcionários em dezembro, o que reduziu o nível de emprego em 2,16%. Foi o pior resultado mensal registrado desde janeiro de 2000, quando a pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) começou a ser feita. Trata-se também do pior dezembro da história, superando o tombo de 2,14% registrado em 2003.
"Dezembro é um mês sazonalmente de queda. O que surpreende é a dimensão da queda", disse o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini. Para ele, a retração recorde do último mês reflete os efeitos da política econômica sobre a atividade industrial. "A economia teve uma taxa de crescimento ridícula, que fez com que a indústria e o emprego industrial tivessem um desempenho igualmente ridículos. A política econômica exagerada gerou um crescimento medíocre."
Por conta da queda recorde de dezembro, a desaceleração no nível de emprego de 2005 veio mais forte do esperado pela Fiesp. No ano passado, o nível de emprego registrou uma alta de 2,4%, com a geração de 48.419 vagas. Esse volume representa uma queda de 66,5% em relação a 2004, quando a indústria paulista criou 144.487 postos de trabalho, o que resultou numa alta de 7,45% no nível de emprego.
Apesar de ficar abaixo das previsões da Fiesp -que até novembro esperava alta de 3% no nível de emprego, ou criação de 60 mil postos de trabalho-, Francini disse que não se surpreendeu com o baixo desempenho de 2005. Entre as principais críticas da entidade à política do governo estão os juros elevados e o dólar depreciado, que derrubaram o nível de atividade, os investimentos e as exportações. "Quando falta vento, uma hora o papagaio cai. O decréscimo da atividade industrial acabou afetando o emprego", disse Francini.
A Fiesp espera por uma recuperação do emprego em janeiro. "Janeiro é sazonalmente um mês de recuperação. Após o ajuste de dezembro, as empresas voltam a contratar em janeiro", afirmou Francini.
Segundo ele, o comportamento do emprego industrial em 2006 dependerá muito do "rigor e ortodoxia do Banco Central". A pesquisa da Fiesp considera os dados de 47 sindicatos patronais. Com base nos dados, a Fiesp avalia as participações setoriais e por porte das empresas no resultado da pesquisa de emprego industrial.


Texto Anterior: Indústria prevê demissões no início do ano
Próximo Texto: Setor demite na capital para pagar menos no interior
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.