São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

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MERCADO FINANCEIRO

Intervenções do BC não surtem efeito, e estrangeiro reforça aposta na queda da moeda; Bolsa recua 0,48%

Após 2 dias, dólar volta a cair e vai a R$ 2,265

DA REPORTAGEM LOCAL

Não durou muito a alta do dólar. A moeda norte-americana, que havia subido dois dias seguidos, registrou recuo de 0,83% ontem, para fechar a R$ 2,265.
Em todos os dias da semana, o BC manteve sua política de realizar intervenções tanto no mercado futuro quanto no à vista. Ontem, comprou pelo menos US$ 500 milhões do mercado.
Muitos analistas afirmam que, se com o BC atuando o dólar não tem conseguido emplacar uma tendência de alta, se sair do mercado a moeda americana vai derreter, rapidamente, para perto dos R$ 2,00.
Como o BC não tem como intervir no câmbio para sempre, especula-se sobre a possibilidade de o governo tomar medidas que possam influenciar a cotação da moeda. Entre essas, a que parece mais realizável é a de uma regra que limite o montante de "posição vendida" em dólar que as instituições poderiam manter.
Quem monta uma "posição vendida" em dólar lucra mais se o real se valorizar. Quando essas posições sobem muito, mostram que a aposta na apreciação do real segue em alta.
Na BM&F, a posição vendida líquida dos estrangeiros não pára de aumentar: a cifra saltou de US$ 8,51 bilhões no começo do ano para US$ 9,46 bilhões no último dia 11. Os números mostram que as intervenções do BC não tiveram impacto suficiente para reverter as apostas dos investidores.
A Bovespa, que chegou a operar ontem acima dos 36 mil pontos pela primeira vez, acabou por terminar o pregão com baixa de 0,48%, a 35.779 pontos. A queda das Bolsas norte-americanas (em razão de rebaixamento das ações da Coca-Cola e de novas preocupações com a elevação do petróleo) pesou no mercado local.
O risco-país também refletiu o cenário externo menos favorável e marcava 289 pontos no fim do dia (alta de 3,6%).
O presidente da BM&F, Manoel Felix Cintra Neto, afirmou ontem que provavelmente em fevereiro começará a operar uma roda para negociar dólar à vista no pregão viva-voz. Estima-se que a inauguração desse pregão eleve o volume médio diário de dólar negociado entre as instituições financeiras do atual US$ 1,5 bilhão para cerca de US$ 2 bilhões.
Em 2005, o volume médio diário negociado nos pregões da BM&F subiu 19% em relação a 2004, para US$ 30,6 bilhões.


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