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VEÍCULOS
Medida seria para enfrentar concorrência de novas fábricas
Montadoras precisam
reduzir preços, diz estudo
FÁBIA PRATES
JULIO WIZIACK
da Reportagem Local
Estudo da consultoria A.T.
Kearney indica que as montadoras brasileiras estão no caminho
errado ao reajustar preços em
tempos de concorrência acirrada.
Com a entrada de novas fábricas no Brasil, as veteranas Volkswagen, Fiat, General Motors e
Ford deveriam reduzir preços para fazer frente às novas montadoras, que já tomaram 14% do mercado em 99 -o dobro da participação que tinham em 98.
Não é o que vem acontecendo.
Sob argumento de repassar custos represados, as quatro maiores
fábricas instaladas no Brasil reajustaram seus modelos em torno
de 25% em 99. Neste ano, as montadoras iniciaram nova remarcação e os preços já subiram, em
média 1,5%.
Os sucessivos aumentos fizeram com que o preço dos populares, responsáveis por 70% das
vendas, mais que dobrassem nos
últimos cinco anos, segundo levantamento da Fenabrave, representante das revendas. Um popular hoje não deve custar menos de
R$ 15.000, de acordo com a tabela
sugerida pelas montadoras.
Os populares, segundo as quatro montadoras, são produzidos
com mais de 90% de itens nacionais, o que reduz a dependência
de peças importadas.
Para Edgard Viana, responsável
pela pesquisa da A.T. Kearney, a
ameaça às quatro grandes vem do
fato de as novas fábricas conseguirem produzir com preços mais
competitivos porque têm linhas
de montagens mais enxutas.
"Não há ociosidade na linha de
montagem das novas fábricas. Isso se reflete no preço", afirma.
Ao contrário, as veteranas mantêm parques industriais ociosos.
O engenheiro José Roberto Ferro, estudioso do setor, não concorda com a tese de que a saída seja reduzir preços.
Para ele, é exatamente o fato de
as montadoras estarem trabalhando com ociosidade que impede a redução. O mercado está desaquecido -em 99, o setor viveu
o pior ano do Real- e não há garantia de que haverá aumento de
volume para compensar o preço
menor, explica.
Mesmo sem reduzir o preço dos
carros, as montadoras não estão
alheias à concorrência agressiva
das novas fabricantes.
Segundo José Carlos Pinheiro
Neto, presidente da Anfavea, a associação que representa os fabricantes, os investimentos previstos
para os próximos quatro anos
(US$ 6 bilhões) contemplam a
readaptação das fábricas para reduzir a ociosidade e os custos.
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