São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2000


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Medida seria para enfrentar concorrência de novas fábricas

Montadoras precisam reduzir preços, diz estudo

FÁBIA PRATES
JULIO WIZIACK
da Reportagem Local

Estudo da consultoria A.T. Kearney indica que as montadoras brasileiras estão no caminho errado ao reajustar preços em tempos de concorrência acirrada.
Com a entrada de novas fábricas no Brasil, as veteranas Volkswagen, Fiat, General Motors e Ford deveriam reduzir preços para fazer frente às novas montadoras, que já tomaram 14% do mercado em 99 -o dobro da participação que tinham em 98.
Não é o que vem acontecendo. Sob argumento de repassar custos represados, as quatro maiores fábricas instaladas no Brasil reajustaram seus modelos em torno de 25% em 99. Neste ano, as montadoras iniciaram nova remarcação e os preços já subiram, em média 1,5%.
Os sucessivos aumentos fizeram com que o preço dos populares, responsáveis por 70% das vendas, mais que dobrassem nos últimos cinco anos, segundo levantamento da Fenabrave, representante das revendas. Um popular hoje não deve custar menos de R$ 15.000, de acordo com a tabela sugerida pelas montadoras.
Os populares, segundo as quatro montadoras, são produzidos com mais de 90% de itens nacionais, o que reduz a dependência de peças importadas.
Para Edgard Viana, responsável pela pesquisa da A.T. Kearney, a ameaça às quatro grandes vem do fato de as novas fábricas conseguirem produzir com preços mais competitivos porque têm linhas de montagens mais enxutas.
"Não há ociosidade na linha de montagem das novas fábricas. Isso se reflete no preço", afirma.
Ao contrário, as veteranas mantêm parques industriais ociosos.
O engenheiro José Roberto Ferro, estudioso do setor, não concorda com a tese de que a saída seja reduzir preços.
Para ele, é exatamente o fato de as montadoras estarem trabalhando com ociosidade que impede a redução. O mercado está desaquecido -em 99, o setor viveu o pior ano do Real- e não há garantia de que haverá aumento de volume para compensar o preço menor, explica.
Mesmo sem reduzir o preço dos carros, as montadoras não estão alheias à concorrência agressiva das novas fabricantes.
Segundo José Carlos Pinheiro Neto, presidente da Anfavea, a associação que representa os fabricantes, os investimentos previstos para os próximos quatro anos (US$ 6 bilhões) contemplam a readaptação das fábricas para reduzir a ociosidade e os custos.


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