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São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003

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TELEFONIA CELULAR

Brasil Telecom, Telemig e Amazônia Celular fariam 5º grande grupo

Três teles devem unir suas operações

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil entrou definitivamente em um processo de consolidação de grandes grupos de telefonia celular. O presidente da Telemig Celular (operadora de Minas Gerais), João Cox, afirmou ontem que sua empresa, a Brasil Telecom e a Amazônia Celular (operadora no Norte do país) devem iniciar operações em conjunto já neste ano.
A aliança, que pode se tornar uma joint venture, criaria o quinto grande conglomerado de telefonia celular do país. Sua área de cobertura seria de 15 Estados das cinco regiões do país.
A parceria permitiria concorrer com os outros quatro grandes grupos do setor já em atividade no Brasil: BrasilCel (controlada por Portugal Telecom e Telefónica), Telecom Americas (América Móvil), TIM (Telecom Italia Mobile) e Oi (Telemar).
"Esperamos trabalhar em sinergia com a Brasil Telecom já neste ano", disse Cox. Para especialistas, as fusões e parcerias de operadoras reduzem custos e podem beneficiar o consumidor. Ao trabalhar com mais clientes, as operadoras têm condições de oferecer celulares mais baratos e conquistar usuários das classes D e E, os menos beneficiados pela privatização da telefonia no Brasil.

Concorrência
A Telemig Celular e a Amazônia Celular (que opera em RR, AM, PA, MA e AP) têm juntas 2,8 milhões de clientes. Abaixo dos 16,8 milhões da BrasilCel ou dos 5,2 milhões da Telecom Americas. O trunfo da nova parceria, no entanto, seria a entrada da operadora de telefonia fixa Brasil Telecom no ramo de celulares.
A Brasil Telecom atualmente trabalha com telefonia fixa e transmissão de dados, mas comprou da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) três licenças para operar com celulares. Pagou R$ 191,5 milhões pelos contratos, que permitirão à empresa operar terminais em dez Estados.
A Brasil Telecom afirmou ontem que inicia as operações nos Estados onde conseguiu as licenças já no segundo semestre deste ano. A empresa ainda não escolheu que tecnologia irá usar (GSM ou CDMA). Isso apesar de a Anatel ter determinado que suas licenças são para operar em 1,8 gigahertz, o que implicaria a adoção do GSM.
A Brasil Telecom, no entanto, pediu para a agência rever a decisão, a fim de lhe dar a opção de escolher também a tecnologia CDMA (que teria de ser usada em 1,9 gigahertz). A Anatel disse ontem que estuda o caso. O impasse entre a Brasil Telecom e a Anatel parece se refletir na Telemig Celular e na Amazônia Celular. Apesar de pretenderem trocar sua tecnologia TDMA, ainda não optaram por GSM ou CDMA.
Os fabricantes das duas tecnologias, que têm maior capacidade de transmissão que o TDMA e permitem aos celulares transmitir fotos, por exemplo, têm disputado com voracidade o mercado brasileiro. A BrasilCel, por exemplo, trabalha atualmente na maioria dos Estados com CDMA. Já a TIM e a Oi utilizam o GSM.
Segundo Cox, os preços de venda de redes de infra-estruturas das duas tecnologias têm caído quase pela metade nos últimos meses. "Em março teremos definido nossa opção tecnológica."

Queda no lucro
A Telemig Celular encerrou o ano passado com um lucro de R$ 68 milhões, uma retração em relação aos R$ 90 milhões de 2001. A receita, no entanto, aumentou de R$ 869 milhões para R$ 947 milhões. "Nosso lucro diminuiu porque boa parte da nossa dívida de R$ 955 milhões está em dólar", afirmou Cox.
A Amazônia Celular aumentou seu prejuízo no ano passado. Amargou perdas de R$ 24 milhões, acima do prejuízo de R$ 6,6 milhões de 2001. O faturamento, que foi de R$ 512 milhões em 2001, caiu para R$ 454 milhões. Segundo a empresa, a queda se deve à maior concorrência.


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