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ETERNO RETORNO
Conflito longo afetaria países com dependência grande de crédito externo, diz agência de risco
Para S&P, guerra levaria Brasil ao FMI
DA REDAÇÃO
Um ataque militar ao Iraque
atingirá mais o Brasil do que os
países do Oriente Médio, pelo
menos do ponto de vista econômico e financeiro. A análise é da
Standard & Poor's, principal
agência de classificação de crédito
do planeta, que já especula sobre a
necessidade de um novo empréstimo do FMI (Fundo Monetário
Internacional) ao país.
Para a agência, uma guerra rápida não teria grandes consequências. Mas um conflito prolongado
poderia ameaçar a solvência de
países muito dependentes do financiamento externo, sobretudo
Brasil e Turquia. Os países aparecem como os mais cotados a ter a
classificação ("rating") rebaixada,
ao lado da Jamaica e da República
Dominicana. México, Belize e Filipinas também estariam "sob
pressão", diz a S&P.
Quanto pior o "rating", mais difícil é para um país obter crédito
externo. Pelos critérios da agência, a nota dos títulos brasileiros é
hoje B+. Isso deixa o país fora da
zona classificada como "nível de
investimento" (ou seja, de baixa
probabilidade de inadimplência).
"Toda vez que algo inesperado
acontece, ouvimos o mesmo
mantra. Mas, desta vez, os investidores estão olhando para o risco
de crédito como nunca", disse
David Beers, diretor para análise
de títulos soberanos da S&P. "Os
investidores estão analisando a
capacidade dos governos para
atravessar um período em que
não terão acesso aos mercados."
De acordo com Beers, se as medidas de arrocho fiscal adotadas
pelo governo Lula não se traduzirem em uma queda do risco Brasil, o país não terá como obter crédito externo e fatalmente terá que
procurar a ajuda do FMI.
O risco-país do Brasil está oscilando em torno de 1.300 pontos.
Isso significa que, se o país quiser
emprestar dólares lá fora, com
bancos privados, terá que pagar
juros anuais 13 pontos percentuais acima do que paga o Tesouro dos EUA. Níveis tão elevados
tornam proibitivo captar recursos. O risco mexicano, por exemplo, está em torno de 300 pontos.
A S&P afirma que a situação
pode se agravar se o setor privado
não conseguir crédito externo.
"Isso deixaria o real sob pressão, o
que aumentaria os custos da dívida pública denominada em dólar
e indexada ao dólar, devido aos
efeitos da depreciação cambial",
diz o relatório.
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