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São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003

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ETERNO RETORNO

Conflito longo afetaria países com dependência grande de crédito externo, diz agência de risco

Para S&P, guerra levaria Brasil ao FMI

DA REDAÇÃO

Um ataque militar ao Iraque atingirá mais o Brasil do que os países do Oriente Médio, pelo menos do ponto de vista econômico e financeiro. A análise é da Standard & Poor's, principal agência de classificação de crédito do planeta, que já especula sobre a necessidade de um novo empréstimo do FMI (Fundo Monetário Internacional) ao país.
Para a agência, uma guerra rápida não teria grandes consequências. Mas um conflito prolongado poderia ameaçar a solvência de países muito dependentes do financiamento externo, sobretudo Brasil e Turquia. Os países aparecem como os mais cotados a ter a classificação ("rating") rebaixada, ao lado da Jamaica e da República Dominicana. México, Belize e Filipinas também estariam "sob pressão", diz a S&P.
Quanto pior o "rating", mais difícil é para um país obter crédito externo. Pelos critérios da agência, a nota dos títulos brasileiros é hoje B+. Isso deixa o país fora da zona classificada como "nível de investimento" (ou seja, de baixa probabilidade de inadimplência).
"Toda vez que algo inesperado acontece, ouvimos o mesmo mantra. Mas, desta vez, os investidores estão olhando para o risco de crédito como nunca", disse David Beers, diretor para análise de títulos soberanos da S&P. "Os investidores estão analisando a capacidade dos governos para atravessar um período em que não terão acesso aos mercados."
De acordo com Beers, se as medidas de arrocho fiscal adotadas pelo governo Lula não se traduzirem em uma queda do risco Brasil, o país não terá como obter crédito externo e fatalmente terá que procurar a ajuda do FMI.
O risco-país do Brasil está oscilando em torno de 1.300 pontos. Isso significa que, se o país quiser emprestar dólares lá fora, com bancos privados, terá que pagar juros anuais 13 pontos percentuais acima do que paga o Tesouro dos EUA. Níveis tão elevados tornam proibitivo captar recursos. O risco mexicano, por exemplo, está em torno de 300 pontos.
A S&P afirma que a situação pode se agravar se o setor privado não conseguir crédito externo. "Isso deixaria o real sob pressão, o que aumentaria os custos da dívida pública denominada em dólar e indexada ao dólar, devido aos efeitos da depreciação cambial", diz o relatório.


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