São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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Famílias não pensam em gastar mais

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

As famílias brasileiras acreditam que a economia tenha melhorado. Dizem ainda que suas contas estão mais equilibradas. No entanto, embora percebam que a situação é mais favorável do que no final de 2003, elas não estão dispostas a consumir mais.
Esse é o diagnóstico apontado pela Sondagem das Expectativas do Consumidor, divulgado ontem pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Segundo a pesquisa, 79,3% das famílias dizem que a economia melhorou em janeiro ou que a situação está igual.
É o maior percentual de "aprovação" desde que o levantamento começou a ser feito, em outubro de 2002. No mesmo mês do ano passado, esse índice era de 70,2%. Em janeiro de 2003, foi de 66,8%.
Apesar disso, apenas 19% das famílias afirmam que vão ampliar suas compras de bens de alto valor (eletrodomésticos, roupas, carros etc.) e 50,8% esperam gastar menos. Em outubro, os que pretendiam consumir menos eram 50,9% e os que planejavam aumentar o consumo eram 21,1%.
Para Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV, a recuperação da economia desde o final de 2003 fez melhorar a percepção das famílias, mas não ao ponto de elas se endividarem para ampliar seus gastos.
A sondagem revela que menos famílias estão poupando. Ao mesmo tempo, um número maior decidiu pagar suas dívidas.
Com isso, aumentou o percentual das que dizem que sua situação financeira está equilibrada -de 54% em janeiro de 2003 para 60,4% em janeiro de 2004. Em outubro de 2003, esse percentual era de 54,4%.
De acordo com Quadros, a redução do endividamento familiar "é um importante sinal para uma futura reação do consumo".
Em outubro de 2003, 29,5% das 1.400 famílias pesquisadas nas 12 principais capitais do país afirmaram que estavam se endividando. O número recuou para 24,9% em janeiro deste ano -era 30,2% em igual mês do ano passado.
As famílias que ganham mais, segundo a pesquisa, têm uma percepção melhor da situação econômica. Enquanto 25,5% das que ganham mais de R$ 5.000 dizem que a economia melhorou, apenas 15,9% das com renda até R$ 600 expressam a mesma opinião.
O mesmo ocorre com o emprego. Entre as famílias que ganham até R$ 600, 55% afirmam que está mais difícil arrumar uma nova colocação. O percentual cai para 41,9% entre as que ganham acima de R$ 5.000.
Na média, cresceu a esperança em relação ao emprego: o número de pessoas que dizem que está mais fácil obter trabalho subiu de 16,4% em janeiro de 2003 para 19,8% no mês passado.


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