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Famílias não pensam em gastar mais
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
As famílias brasileiras acreditam que a economia tenha melhorado. Dizem ainda que suas contas estão mais equilibradas. No
entanto, embora percebam que a
situação é mais favorável do que
no final de 2003, elas não estão
dispostas a consumir mais.
Esse é o diagnóstico apontado
pela Sondagem das Expectativas
do Consumidor, divulgado ontem pela FGV (Fundação Getúlio
Vargas). Segundo a pesquisa,
79,3% das famílias dizem que a
economia melhorou em janeiro
ou que a situação está igual.
É o maior percentual de "aprovação" desde que o levantamento
começou a ser feito, em outubro
de 2002. No mesmo mês do ano
passado, esse índice era de 70,2%.
Em janeiro de 2003, foi de 66,8%.
Apesar disso, apenas 19% das
famílias afirmam que vão ampliar
suas compras de bens de alto valor (eletrodomésticos, roupas,
carros etc.) e 50,8% esperam gastar menos. Em outubro, os que
pretendiam consumir menos
eram 50,9% e os que planejavam
aumentar o consumo eram 21,1%.
Para Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da
FGV, a recuperação da economia
desde o final de 2003 fez melhorar
a percepção das famílias, mas não
ao ponto de elas se endividarem
para ampliar seus gastos.
A sondagem revela que menos
famílias estão poupando. Ao mesmo tempo, um número maior decidiu pagar suas dívidas.
Com isso, aumentou o percentual das que dizem que sua situação financeira está equilibrada
-de 54% em janeiro de 2003 para 60,4% em janeiro de 2004. Em
outubro de 2003, esse percentual
era de 54,4%.
De acordo com Quadros, a redução do endividamento familiar
"é um importante sinal para uma
futura reação do consumo".
Em outubro de 2003, 29,5% das
1.400 famílias pesquisadas nas 12
principais capitais do país afirmaram que estavam se endividando.
O número recuou para 24,9% em
janeiro deste ano -era 30,2% em
igual mês do ano passado.
As famílias que ganham mais,
segundo a pesquisa, têm uma percepção melhor da situação econômica. Enquanto 25,5% das que
ganham mais de R$ 5.000 dizem
que a economia melhorou, apenas 15,9% das com renda até R$
600 expressam a mesma opinião.
O mesmo ocorre com o emprego. Entre as famílias que ganham
até R$ 600, 55% afirmam que está
mais difícil arrumar uma nova colocação. O percentual cai para
41,9% entre as que ganham acima
de R$ 5.000.
Na média, cresceu a esperança
em relação ao emprego: o número
de pessoas que dizem que está
mais fácil obter trabalho subiu de
16,4% em janeiro de 2003 para
19,8% no mês passado.
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