São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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BANCOS

Resultado foi de R$ 1,052 bi

Com real forte, lucro do Unibanco cresce só 4%

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A valorização do real em 2003 pegou o Unibanco de surpresa, contribuindo para que seu resultado final no ano tenha sido pior do que o esperado. O lucro líquido do banco foi de R$ 1,052 bilhão, ou 4% acima do R$ 1,01 bilhão de 2002 -os dirigentes da instituição projetavam aumento de cerca de 20%.
A razão para o lucro inferior ao esperado foi o pagamento extra de R$ 215 milhões em impostos por conta de uma operação de proteção cambial feita para preservar os investimentos do banco no exterior dos efeitos da valorização do real.
O Unibanco acabou tendo uma receita com essa operação, chamada hedge, que não pode ser deduzida, daí o pagamento do imposto. Esse movimento já havia influenciado os lucros trimestrais da instituição em 2003.
"Nossa expectativa no início de 2003 era de um lucro maior porque trabalhávamos com a expectativa de câmbio estável", afirmou Geraldo Travaglia, diretor-executivo do Unibanco.
Apesar disso, o resultado operacional do banco -termômetro do desempenho das atividades de uma instituição- foi, em 2003, 76% superior ao registrado no ano anterior, atingindo R$ 1,906 bilhão. Contribuíram para isso a queda de 20,8% no volume de provisões para possíveis perdas com inadimplência e a expansão de 8,5% das receitas de serviços.
"O resultado operacional foi muito influenciado pela queda nas despesas com provisão e pela expansão da receita com tarifas", afirma Travaglia.
Segundo o diretor do Unibanco, a captação líquida de recursos pelos fundos de investimento da instituição -que gera receitas- aumentou 47% no ano passado. A instituição também conseguiu ampliar a venda de produtos ligados à previdência privada.
Em 2003, a carteira de crédito do Unibanco se expandiu apenas 4,4%. Para este ano, o banco espera crescimento entre 25% e 30% nas operações de financiamento.

Despesa preocupa
A maior preocupação do banco agora está ligada ao aumento dos gastos. Em 2003, as despesas com pessoal subiram 7,6%. Embora esse crescimento tenha sido inferior à inflação de 9,3% medida pelo IPCA no período, Travaglia explica que a tendência é que as instituições financeiras continuem tendo aumento de despesas por conta dos reajustes com base em índices passados. Por outro lado, diz ele, receitas como as de operações com títulos tendem a cair em conseqüência da queda dos juros. "Os bancos terão de ficar atentos a isso neste ano", diz.
Em relação às privatizações de bancos públicos, Travaglia disse que o Unibanco tem grande interesse no Besc (Banco do Estado de Santa Catarina) e no BEC (Banco do Estado do Ceará). Disse ainda que o banco mantém grande interesse na aquisição de financeiras.


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