São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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CONJUNTURA

Faturamento cai 14,2%, e pessoal ocupado, 2% em 2003, diz Sebrae-SP

Micro e pequenas têm ganho menor

DA REDAÇÃO

As micro e pequenas empresas paulistas encerraram 2003 com uma queda de 14,2% no faturamento real em relação ao ano anterior. O desempenho foi pior do que o registrado pela indústria e pelo comércio do Estado.
Foi a terceira queda consecutiva, de acordo com o Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo). Em 2002, último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso, o faturamento caíra 13,1%.
O setor industrial paulista registrou alta nas vendas reais de 2,9%, segundo dados da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Já o comércio teve um faturamento menor em 2003 em relação ao ano anterior (-3,8%), divulgou a Fecomercio SP.
O pessoal ocupado e a folha de pagamento das MPEs (micro e pequenas empresas) também tiveram perdas: o primeiro caiu 2%, e o segundo, 10%. Mas foram menores do que as de 2002, quando o pessoal ocupado caiu 11,8%, e a folha de salários, 16,9%.
Na discriminação dos três itens por setores de atividade, verifica-se que a queda no faturamento real foi menor entre as MPEs do setor industrial (-9,4%) do que as do comércio (-16,2%) e as do ramo de serviços (-16,6%).
As MPEs industriais ainda registraram uma queda maior no nível de emprego (-5%), ante reduções de 0,3% das do comércio e de 1,6% das de serviços.
No entanto, segundo o Sebrae-SP, por conta de um achatamento nos salários dos empregados dos dois últimos setores, a variação negativa da folha de pagamento foi semelhante entre as MPEs da indústria (-10,4%), do comércio (-11,4%) e de serviços (-8%).
O desempenho negativo das MPEs está associado a um contexto de consumo interno retraído, devido às elevadas taxas de juros praticadas ao longo de 2003 e à queda do poder de compra do trabalhador, diz o Sebrae-SP.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o rendimento médio real do trabalhador caiu 12,5% em 2003.
Para 2003, o Banco Central prevê expansão do PIB (Produto Interno Bruto) de apenas 0,3%.
"Quando se olham o panorama de estagnação da economia e o fechamento das pequenas e médias empresas, você vê o empobrecimento da sociedade como um todo. Devem ser criadas condições para que a maioria possa voltar à formalidade, a fim de evitar esse processo que vemos de aumento das assimetrias", afirmou Alencar Burti, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-SP.

Entraves
Uma sondagem de opinião do Sebrae-SP com 450 MPEs, realizada em novembro, apontou que, para 38% dos entrevistados, de fato a queda no consumo foi a principal dificuldade enfrentada no ano passado -assim como em 2002. A seguir ficou o pagamento de impostos, com 17%. Este item havia sido somente o quinto mais citado no ano anterior.
O Sebrae-SP também preparou um levantamento sobre os três itens nos últimos cinco anos, o segundo mandato inteiro de FHC e o primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde 1999, as micro e pequenas empresas paulistas perderam 44% do faturamento e tiveram redução de 12% do nível de emprego. Os gastos com a folha de pagamento caíram 30% no período.
(MARCELO SAKATE)


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