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FMI sugere afrouxamento de metas de inflação
CHRIS GILES
DO "FINANCIAL TIMES", EM LONDRES
Economistas do FMI desafiaram a ortodoxia econômica
ontem ao sugerir que muitas
das ferramentas de política
econômica existentes antes da
crise deveriam ser reformadas.
Estudo interno da instituição, que traz entre seus co-autores seu economista-chefe,
Olivier Blanchard, afirma que a
crise econômica e financeira
"expôs falhas na estrutura básica de política econômica existente antes da crise".
As sugestões apresentadas
incluem elevar as metas de inflação de 2% para 4% ao ano, de
modo que a política monetária
possa responder melhor aos
choques; pagamentos automáticos de benefícios às famílias
mais pobres caso o desemprego
exceda um limite e intervenção
cambial para as economias menores que dependam do comércio externo.
Blanchard, no entanto, reconhece que não existe ímpeto
político em apoio a muitas dessas ideias. A sugestão de que as
metas inflacionárias sejam elevadas a 4% fará com que dirigentes de bancos centrais engasguem no café da manhã,
porque passaram suas carreiras conquistando a credibilidade de metas em torno dos 2%.
Blanchard disse que a ideia
de elevar as metas inflacionárias não deveria ser vista como
abstrusa. O economista reconheceu que inflação e taxas de
juros mais altas, em tempos
normais, acarretariam custos,
mas que poderiam valer a pena,
já que isso tornaria a política
monetária mais efetiva em momentos de crise.
Além das metas inflacionárias mais altas, o estudo sugeria
oferecer aos dirigentes de bancos centrais "ferramentas regulatórias cíclicas", incluindo razões de capitalização bancárias
que permitiriam alterar o nível
de endividamento, limites nos
empréstimos a fim de controlar
a captação interna nos mercados hipotecários e requerimentos de margem que ofereceriam
algum controle sobre as ações.
Os juros foram por décadas a
única ferramenta dos bancos
centrais. Alguns economistas
sugeriram que elas fossem usadas de forma mais ativa para
combater as tendências vigentes nos mercados de crédito,
mas Blanchard rejeitou essa
abordagem vigorosamente.
O estudo reconhece que a política fiscal se tornou uma ferramenta vital de estímulo à demanda durante a crise e diz que
seu sucesso deveria ser formalizado com medidas como
"transferências temporárias
dirigidas a domicílios de baixa
renda ou liquidez restrita".
Muitos mercados deveriam
deixar de dizer que simplesmente seguiram suas metas inflacionárias, quando políticas
de estabilização de câmbio se
mostram "mais sensatas que
sua retórica", afirmou.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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