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MEMÓRIA
Ex-assessor de Kennedy e ganhador do Nobel, norte-americano idealizou taxa para evitar especulação financeira
Morre o economista James Tobin, aos 84
DA REDAÇÃO
O economista norte-americano
James Tobin, professor da Universidade Yale que ganhou o Prêmio Nobel de economia em 1981 e
foi um dos mais influentes economistas de seu tempo, morreu, aos
84 anos, na segunda-feira.
Tobin participou do conselho
de assessores econômicos do presidente John F. Kennedy e ganhou
o Nobel por sua teoria de carteiras
de investimento, que certa vez resumiu da seguinte maneira: "Não
coloque todos os ovos na mesma
cesta".
Tobin analisou como as políticas econômicas afetam a vida das
pessoas. Acreditava que o governo deveria usar medidas fiscais e
monetárias para beneficiar a sociedade.
Tobin nasceu em Champaign,
Illinois, e viveu a depressão na juventude. "Era fácil se interessar
por economia, porque estava claro que as coisas erradas do mundo tinham muito a ver com a economia", disse.
O economista graduou-se em
Harvard, onde também fez mestrado e doutorado. Os primeiros
trabalhos de Tobin, já em Yale,
chamaram a atenção de Kennedy.
Um relatório que escreveu com
dois outros membros do conselho dominou o debate público durante décadas. Eles recomendavam metas de pleno emprego,
maior competição e uma aplicação mais rígida das leis antitruste,
assim como maior investimento
em ciência, tecnologia, treinamento e educação.
Nos anos 60, sugeriu o imposto
de renda negativo como método
para se alcançar a redistribuição
da renda e ao mesmo tempo se
manter os incentivos ao trabalho.
Em 72, lançou pela primeira vez
a idéia de se criar uma pequena
taxa sobre as transações financeiras internacionais, conhecida hoje com "taxa Tobin". O objetivo é
evitar que haja uma forte oscilação momentânea em determinado mercado, por ação de especuladores. O economista tinha em
mente proteger principalmente
países em desenvolvimento, mais
vulneráveis a fugas de capitais.
A ação desses especuladores
acaba gerando crises com as vistas
no mercado financeiro asiático,
em 97, e na Rússia, em 98. Discutida há vários anos, até hoje os países ricos não aprovaram a criação
da taxa Tobin.
Em 81, a Real Academia Sueca
concedeu-lhe o Nobel pelo "trabalho criativo e extenso de análise
dos mercados financeiros e suas
relações com decisões de gastos,
emprego, produção e preços".
Autor de dezenas de livros e
centenas de artigos, Tobin deixa
mulher, quatro filhos e três netos.
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