DA REPORTAGEM LOCAL

O melhor desempenho do pré-candidato José Serra (PSDB) em pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais deste ano levou euforia ao mercado financeiro ontem. O dólar caiu 1,15%, para R$ 2,331. A Bolsa subiu 3,54%, a maior alta neste ano. As projeções para juros em outubro, as mais negociadas na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), caíram abaixo dos 18%.
Pela manhã, foi divulgada pesquisa eleitoral encomendada pelo PFL, a qual mostrou que a pré-candidata do partido, Roseana Sarney, caiu 4,7 pontos percentuais nas intenções de voto, para 18,3%, em 15 dias. Serra subiu 3,3 pontos, para 15,3%.
O desempenho da candidata foi afetado pela operação de busca e apreensão de documentos feita pela PF na empresa Lunus, de sua propriedade e de seu marido, Jorge Murad. Foi encontrado R$ 1,34 milhão nos cofres da empresa.
"O mercado já contava com a queda de Roseana", diz Joaquin Kokudai, do Lloyds TSB. "A dúvida era se os votos da pré-candidata iriam migrar para Serra. Ao que parece, boa parte deles migrou."
Uma possível eleição de Serra agradaria ao mercado, pois representaria a continuidade das políticas adotadas pelo atual governo.
Além dessa pesquisa, do instituto GPP, teria vazado para o mercado resultado de pesquisa do Ibope, que será divulgada nesta semana. Esse resultado variava, ontem, de operador para operador: a queda de Roseana poderá atingir até 4,5 pontos. A subida de Serra poderá ser de até 7 pontos.
A Bovespa continuou com a expectativa para a aprovação, pelo Congresso, do final da cobrança de CPMF para a compra de ações.
"Ainda há dúvida sobre se a votação sairá nesta semana", diz Alexandre Silvério, sócio e gestor de Bolsa da GAP Asset Management. "Mas uma possível polarização entre Serra e Lula nas pesquisas empolgou os negócios."
João Medeiros, da corretora Pioneer, diz que o mercado contava com a possibilidade de Roseana retirar sua pré-candidatura.
As maiores altas na Bovespa foram no setor de telecomunicações, que haviam sofrido fortes perdas ontem. Na BM&F, os juros de outubro fecharam em 17,96%, ante 18,08%. A queda de índices de inflação também influenciou a baixa. O mercado acredita em um novo corte dos juros pelo Copom, semana que vem. (ANA PAULA RAGAZZI)


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