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ANO DO DRAGÃO
Ipea eleva de 9% para 12,6% a estimativa do IPCA deste ano e prevê PIB com "fraco" desempenho no próximo
Inflação alta complica crescimento até 2004
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) revisou para cima sua projeção para o IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor
Amplo) deste ano -de 9% para
12,6%- e já considera que 2004
também terá crescimento econômico modesto justamente por
causa da inflação.
A previsão para 2003 supera a
meta ajustada do governo, de
8,5%. Para 2004, a estimativa é de
um IPCA, índice que baliza a meta oficial, de 9,1%.
"O ano de 2004 ainda será fraco.
A questão inflacionária ainda será
grave e controlar a inflação será o
maior desafio do governo, com
políticas fortes para reverter [a alta da" a inflação", afirmou o economista Paulo Levy, coordenador
do Grupo de Acompanhamento
Conjuntural do Ipea, órgão do
Ministério do Planejamento.
Ele acrescentou que a preocupação com a disparada da inflação
irá fazer com que o governo mantenha uma política monetária
"dura" e de juros altos, o que restringirá o crescimento tanto neste
ano como em 2004.
O Ipea estima crescimento do
PIB de 1,8% neste ano. Para 2004,
a estimativa é de expansão de
2,8%, o que Levy considerou como um desempenho "fraco".
O economista avalia que, para o
governo conseguir atingir a meta
de inflação traçada para este ano,
terá duas opções: ou aumentar
ainda mais o aperto fiscal ou elevar novamente a taxa básica de juros, fixada hoje em 26,5% ao ano.
Segundo Levy, a expectativa é
que os juros fiquem no atual patamar até junho. A partir daí, começaria a cair 0,5 ponto percentual a
cada mês, chegando a de 23% em
dezembro. Na média do ano, a taxa ficaria em 25,2%.
Apesar das previsões, o economista não descarta que o Banco
Central opte por voltar a subir a
taxa básica de juros.
No campo fiscal, o governo Lula
já ampliou a meta de superávit
primário (receitas menos despesas, excluído o pagamento dos juros da dívida) de 3,75% para
4,25% do PIB, realizando um amplo corte de gastos públicos.
A maior preocupação do BC,
diz Levy, é com o comportamento
do câmbio, principal fator a pressionar a inflação. Isso porque espera-se que o dólar se mantenha
valorizado, o que seria uma fonte
constante de alta da inflação.
Na média deste ano o Ipea estima que o dólar fique em R$ 3,54,
praticamente no mesmo nível que
está hoje. Para 2004, é esperado
apenas um pequeno recuo, para
R$ 3,43.
Ação tardia
Segundo Levy, o BC demorou
no ano passado -na época, o
país atravessava um período eleitoral- a tomar a decisão de aumentar os juros. Só no final de setembro, quando os índices de inflação já davam sinais de alta, é
que o BC subiu a taxa -de 17%
para 21% ao ano.
Na visão de Levy, essa decisão já
deveria ter sido tomada antes, a
julgar pelo comportamento da inflação. Ele só não quis afirmar
quando o BC deveria ter iniciado
a subida dos juros. "Houve uma
reação tardia do BC na elevação
da taxa de juros no ano passado."
Para o economista do Ipea, o BC
se baseia muito nas estimativas de
inflação futura do mercado, captadas pelo Boletim Focus, que é
elaborado pelo próprio banco
com informações de instituições
financeiras. As previsões, diz,
sempre ficam abaixo da inflação
verificada depois. Pela estimativa
do Focus, o IPCA dos próximos 12
meses deve ficar em 11,21%.
Boas notícias
Nem tudo é sombrio nas projeções do Ipea. Segundo o instituto,
a balança comercial deve fechar o
ano com superávit de US$ 16,2 bilhões -mais do que os US$ 13,1
bilhões de 2002.
Graças ao aumento do saldo da
balança comercial, o país irá reduzir sua vulnerabilidade externa
neste ano -ou seja, diminuir sua
necessidade de financiamento no
exterior. O déficit da conta corrente, que abriga as principais entradas e saídas de recursos do
país, cairá de US$ 7,8 bilhões para
US$ 4,9 bilhões.
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