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São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2003

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TRABALHO

Diretora de entidade de SP afirma que indústria só mantém empregos porque inflação reduziu custo da mão-de-obra

Fiesp diz que vai demitir se salário subir

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria paulista decidiu colocar contra a parede os sindicatos de trabalhadores que reivindicam antecipação de reajustes salariais. A diretora da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) Clarice Messer afirmou ontem que os sindicatos terão de optar pela manutenção do nível de emprego ou aumento dos salários. Segundo ela, se as empresas aumentarem os salários agora, haverá demissões.
"Em fevereiro tivemos um nível de emprego considerado estável, com uma variação de apenas 0,01% sobre janeiro. A queda do poder aquisitivo do trabalhador, provocada pela inflação alta, teve grande responsabilidade por isso", disse Messer.
Segundo ela, a folha de pagamento está pesando menos nos custos da indústria (que cobra mais pelos seus produtos e não repassa essa diferença aos funcionários, além de ganhar com aplicações), e por isso os empresários mantêm seu quadro de pessoal.
Caso as indústrias sejam obrigadas a antecipar reajustes agora -o sindicato dos metalúrgicos de São Paulo quer 10% de antecipação-, haveria dispensas. "É uma questão de escolha. Ou os sindicatos preferem manter o nível de emprego ou aumentar o poder aquisitivo dos salários."
Messer disse que essa situação é resultado da opção que a equipe econômica fez em manter os juros altos -e consequentemente o crédito restrito. "O governo optou por uma forte política monetária para baixar a inflação, que está alta. O ajuste da economia será feito então com o salário mais baixo."
Somente em dezembro passado, segundo o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o poder aquisitivo da indústria de transformação (não-extrativista) caiu 4,34% em relação a novembro.

Elogios a Lula
Messer fez elogios à decisão de Lula de apresentar projetos de reformas estruturais para o país, como a tributária e da previdência privada, antes de julho.
"Não sabemos como serão os projetos, mas essas reformas podem permitir um maior crescimento da economia neste ano." A Fiesp vinha trabalhando até dezembro passado com uma perspectiva de crescimento de 1,5% na indústria brasileira em 2003.
Posteriormente, com a permanência de uma política monetária rígida, a entidade passou considerar um índice menor. "Ainda não sabemos qual poderia ser. Mas as reformas podem melhorar o cenário." Segundo a diretora da Fiesp, um novo ciclo de crescimento virá depois das reformas.


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