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TRABALHO
Diretora de entidade de SP afirma que indústria só mantém empregos porque inflação reduziu custo da mão-de-obra
Fiesp diz que vai demitir se salário subir
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria paulista decidiu colocar contra a parede os sindicatos de trabalhadores que reivindicam antecipação de reajustes salariais. A diretora da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo) Clarice Messer afirmou ontem que os sindicatos terão de optar pela manutenção do
nível de emprego ou aumento dos
salários. Segundo ela, se as empresas aumentarem os salários
agora, haverá demissões.
"Em fevereiro tivemos um nível
de emprego considerado estável,
com uma variação de apenas
0,01% sobre janeiro. A queda do
poder aquisitivo do trabalhador,
provocada pela inflação alta, teve
grande responsabilidade por isso", disse Messer.
Segundo ela, a folha de pagamento está pesando menos nos
custos da indústria (que cobra
mais pelos seus produtos e não repassa essa diferença aos funcionários, além de ganhar com aplicações), e por isso os empresários
mantêm seu quadro de pessoal.
Caso as indústrias sejam obrigadas a antecipar reajustes agora
-o sindicato dos metalúrgicos
de São Paulo quer 10% de antecipação-, haveria dispensas. "É
uma questão de escolha. Ou os
sindicatos preferem manter o nível de emprego ou aumentar o
poder aquisitivo dos salários."
Messer disse que essa situação é
resultado da opção que a equipe
econômica fez em manter os juros
altos -e consequentemente o
crédito restrito. "O governo optou
por uma forte política monetária
para baixar a inflação, que está alta. O ajuste da economia será feito
então com o salário mais baixo."
Somente em dezembro passado, segundo o IBGE (Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), o poder aquisitivo da
indústria de transformação (não-extrativista) caiu 4,34% em relação a novembro.
Elogios a Lula
Messer fez elogios à decisão de
Lula de apresentar projetos de reformas estruturais para o país, como a tributária e da previdência
privada, antes de julho.
"Não sabemos como serão os
projetos, mas essas reformas podem permitir um maior crescimento da economia neste ano." A
Fiesp vinha trabalhando até dezembro passado com uma perspectiva de crescimento de 1,5% na
indústria brasileira em 2003.
Posteriormente, com a permanência de uma política monetária
rígida, a entidade passou considerar um índice menor. "Ainda não
sabemos qual poderia ser. Mas as
reformas podem melhorar o cenário." Segundo a diretora da
Fiesp, um novo ciclo de crescimento virá depois das reformas.
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