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São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2003

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Centrais atacam declaração "atrasada" e ameaçam fazer "festival de greves"

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Se a Fiesp endurecer de um lado, os trabalhadores estão prontos para reagir. Essa foi a reação de sindicalistas das duas principais centrais sindicais do país -Força Sindical e CUT- ao saber que a entidade descartou ontem a possibilidade de negociar reajustes antecipados. Também consideram "reacionária" e "atrasada" a declaração da diretora da entidade, Clarice Messer, de que os trabalhadores teriam de optar entre manter os empregos ou melhorar o poder aquisitivo.
"O prazo para negociar [com os sindicatos patronais" termina no dia 25 deste mês. Depois, vamos ver, na prática, se os empresários vão aguentar essa queda-de-braço", disse Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, que lidera uma campanha salarial de emergência. O objetivo é negociar reajustes para os salários de cerca de 3 milhões de trabalhadores do Estado de São Paulo com data-base no segundo semestre.
"Os metalúrgicos receberam reajuste de 10,26% em novembro. Mas quatro meses depois a inflação corroeu os salários. Não estamos blefando e não vamos esperar até outubro para negociar essas perdas. Vamos ver qual será a reação dos empresários quando as máquinas estiverem paradas", afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (Força), Eleno José Bezerra. O sindicalista se reuniu nesta semana com empresários dos setores de autopeças e máquinas para pedir reposições antecipadas -a data-base da categoria é em novembro. Nova rodada de negociação está marcada para o dia 20.
"Achar que a economia vai crescer à custa de baixo salários é um raciocínio atrasado de quem vive na cúpula da Fiesp", disse Paulinho. "Espero que essa tenha sido uma declaração isolada. Se essa opinião prevalecer, vamos assistir a um festival de greves."
Para o presidente do sindicato, o argumento de ter de escolher entre salário ou emprego não é "inteligente". "A saída para a economia melhorar é aumentar o consumo. Se o trabalhador não pode comprar, como a indústria vai se recuperar?"
O presidente da CUT, João Felício, disse que a central vai orientar seus sindicatos a manter suas campanhas salariais. "Essa é uma forma de a Fiesp colocar o movimento sindical na defensiva."

Flexibilização
O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Ricardo Carvalho, já afirmou que a entidade vai propor a flexibilização de direitos trabalhistas, como as férias e a participação nos lucros e resultados.
De acordo com o empresário, a idéia é dividir as férias em períodos menores. "Hoje, a lei prevê 30 dias, que podem ser divididos em duas vezes. Um período de dez dias e outro de 20."
Uma das propostas das montadoras é dar férias em pelo menos três períodos e negociar o pagamento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) em mais de duas parcelas, como prevê a lei.
As propostas da Anfavea serão levadas para o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) e ao Fórum Nacional do Trabalho, que vai reunir sindicalistas, patrões e governo.


Colaborou o "Agora"


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