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Centrais atacam declaração "atrasada" e ameaçam fazer "festival de greves"
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a Fiesp endurecer de um lado, os trabalhadores estão prontos para reagir. Essa foi a reação
de sindicalistas das duas principais centrais sindicais do país
-Força Sindical e CUT- ao saber que a entidade descartou ontem a possibilidade de negociar
reajustes antecipados. Também
consideram "reacionária" e "atrasada" a declaração da diretora da
entidade, Clarice Messer, de que
os trabalhadores teriam de optar
entre manter os empregos ou melhorar o poder aquisitivo.
"O prazo para negociar [com os
sindicatos patronais" termina no
dia 25 deste mês. Depois, vamos
ver, na prática, se os empresários
vão aguentar essa queda-de-braço", disse Paulo Pereira da Silva,
presidente da Força Sindical, que
lidera uma campanha salarial de
emergência. O objetivo é negociar
reajustes para os salários de cerca
de 3 milhões de trabalhadores do
Estado de São Paulo com data-base no segundo semestre.
"Os metalúrgicos receberam
reajuste de 10,26% em novembro.
Mas quatro meses depois a inflação corroeu os salários. Não estamos blefando e não vamos esperar até outubro para negociar essas perdas. Vamos ver qual será a
reação dos empresários quando
as máquinas estiverem paradas",
afirmou o presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos de São Paulo
(Força), Eleno José Bezerra. O sindicalista se reuniu nesta semana
com empresários dos setores de
autopeças e máquinas para pedir
reposições antecipadas -a data-base da categoria é em novembro.
Nova rodada de negociação está
marcada para o dia 20.
"Achar que a economia vai crescer à custa de baixo salários é um
raciocínio atrasado de quem vive
na cúpula da Fiesp", disse Paulinho. "Espero que essa tenha sido
uma declaração isolada. Se essa
opinião prevalecer, vamos assistir
a um festival de greves."
Para o presidente do sindicato,
o argumento de ter de escolher
entre salário ou emprego não é
"inteligente". "A saída para a economia melhorar é aumentar o
consumo. Se o trabalhador não
pode comprar, como a indústria
vai se recuperar?"
O presidente da CUT, João Felício, disse que a central vai orientar
seus sindicatos a manter suas
campanhas salariais. "Essa é uma
forma de a Fiesp colocar o movimento sindical na defensiva."
Flexibilização
O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes
de Veículos Automotores), Ricardo Carvalho, já afirmou que a entidade vai propor a flexibilização
de direitos trabalhistas, como as
férias e a participação nos lucros e
resultados.
De acordo com o empresário, a
idéia é dividir as férias em períodos menores. "Hoje, a lei prevê 30
dias, que podem ser divididos em
duas vezes. Um período de dez
dias e outro de 20."
Uma das propostas das montadoras é dar férias em pelo menos
três períodos e negociar o pagamento da PLR (Participação nos
Lucros e Resultados) em mais de
duas parcelas, como prevê a lei.
As propostas da Anfavea serão
levadas para o CDES (Conselho
de Desenvolvimento Econômico
e Social) e ao Fórum Nacional do
Trabalho, que vai reunir sindicalistas, patrões e governo.
Colaborou o "Agora"
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