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POLÊMICA
"Essa minoria já foi afastada", diz líder gaúcho
Agricultores ligados ao MST no RS têm lavouras com soja transgênica
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) admitiu ontem o fato de que há agricultores a ele ligados que plantam
transgênicos e decidiu abrir investigação para determinar a extensão do fenômeno.
"Na crise, tudo leva as pessoas a
serem iludidas. Essas pessoas que
estão plantando transgênicos são
assentadas, e não temos controle
sobre elas. São uma minoria e não
participam mais das nossas reuniões", afirmou ontem, para a
Agência Folha, o coordenador do
MST gaúcho Paulo da Rosa.
A utilização de transgênicos por
assentados do MST foi mostrada
em entrevistas divulgadas pela
Rádio Gaúcha, de Porto Alegre. O
repórter distorceu as vozes para
evitar a identificação dos entrevistados. O MST, porém, confirma
que há casos, mesmo que "minoritários", nessa situação.
"Vamos abrir uma investigação
para saber a extensão disso e o
porquê. Acho que tem muita gente plantando sem nem saber direito do que se trata", disse Rosa.
Questionado a respeito de possíveis punições aos plantadores
de transgênicos, Rosa afirmou
que "o MST não é contra as pessoas que plantam, mas, sim, contra o sistema que as leva [a tomar
tal atitude". Trataremos de mostrar-lhes que não vale a pena entrar nessa", disse.
O MST é contra o plantio de sementes geneticamente modificadas. Afirma que, além das consequências desconhecidas para a
saúde, o comércio desses produtos fica suscetível ao domínio das
multinacionais que monopolizam a comercialização das sementes, o que seria ruim para o
pequeno agricultor.
Outra alegação para a não-utilização de transgênicos é a de que o
comércio europeu se fecharia para a produção gaúcha. Isso porque esse mercado tem interesse
em alimentos orgânicos.
Esse argumento tem sido utilizado pela direção do MST para
mostrar aos integrantes do movimento que não há vantagens em
plantar transgênicos. "Quem
planta depois vê que não vale a
pena. O comércio europeu se abre
para nós justamente porque temos sementes orgânicas", afirmou o deputado estadual Frei
Sérgio Görgen (PT).
A posição antitransgênicos do
MST, porém, parece ser uma voz
isolada dentro do agronegócio.
Os representantes de diversos setores ligados à agricultura -da
produção de sementes à fabricação de ração animal- subscreveram carta a ser enviada ao governo federal nesta semana em favor
da liberação de organismos geneticamente modificados no Brasil.
Segundo o presidente da Abag
(Associação Brasileira de Agribusiness), Carlo Lovatelli, as 25 associações que prepararam o documento declararam apoio irrestrito às pesquisas que utilizem a biotecnologia.
Com relação ao destino da atual
safra ilegal de soja, os participantes afirmam que é imprescindível
que o governo federal tome uma
decisão rápida sobre o tema. A exportação da soja é uma das propostas da carta.
Colaborou a Reportagem Local
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