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São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2003

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POLÊMICA

"Essa minoria já foi afastada", diz líder gaúcho

Agricultores ligados ao MST no RS têm lavouras com soja transgênica

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) admitiu ontem o fato de que há agricultores a ele ligados que plantam transgênicos e decidiu abrir investigação para determinar a extensão do fenômeno.
"Na crise, tudo leva as pessoas a serem iludidas. Essas pessoas que estão plantando transgênicos são assentadas, e não temos controle sobre elas. São uma minoria e não participam mais das nossas reuniões", afirmou ontem, para a Agência Folha, o coordenador do MST gaúcho Paulo da Rosa.
A utilização de transgênicos por assentados do MST foi mostrada em entrevistas divulgadas pela Rádio Gaúcha, de Porto Alegre. O repórter distorceu as vozes para evitar a identificação dos entrevistados. O MST, porém, confirma que há casos, mesmo que "minoritários", nessa situação.
"Vamos abrir uma investigação para saber a extensão disso e o porquê. Acho que tem muita gente plantando sem nem saber direito do que se trata", disse Rosa.
Questionado a respeito de possíveis punições aos plantadores de transgênicos, Rosa afirmou que "o MST não é contra as pessoas que plantam, mas, sim, contra o sistema que as leva [a tomar tal atitude". Trataremos de mostrar-lhes que não vale a pena entrar nessa", disse.
O MST é contra o plantio de sementes geneticamente modificadas. Afirma que, além das consequências desconhecidas para a saúde, o comércio desses produtos fica suscetível ao domínio das multinacionais que monopolizam a comercialização das sementes, o que seria ruim para o pequeno agricultor.
Outra alegação para a não-utilização de transgênicos é a de que o comércio europeu se fecharia para a produção gaúcha. Isso porque esse mercado tem interesse em alimentos orgânicos.
Esse argumento tem sido utilizado pela direção do MST para mostrar aos integrantes do movimento que não há vantagens em plantar transgênicos. "Quem planta depois vê que não vale a pena. O comércio europeu se abre para nós justamente porque temos sementes orgânicas", afirmou o deputado estadual Frei Sérgio Görgen (PT).
A posição antitransgênicos do MST, porém, parece ser uma voz isolada dentro do agronegócio. Os representantes de diversos setores ligados à agricultura -da produção de sementes à fabricação de ração animal- subscreveram carta a ser enviada ao governo federal nesta semana em favor da liberação de organismos geneticamente modificados no Brasil.
Segundo o presidente da Abag (Associação Brasileira de Agribusiness), Carlo Lovatelli, as 25 associações que prepararam o documento declararam apoio irrestrito às pesquisas que utilizem a biotecnologia.
Com relação ao destino da atual safra ilegal de soja, os participantes afirmam que é imprescindível que o governo federal tome uma decisão rápida sobre o tema. A exportação da soja é uma das propostas da carta.


Colaborou a Reportagem Local

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