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Exigências a investimentos limitam expansão, diz BNDES
Para técnicos do banco, dificuldades em áreas como ambiente travam crescimento
Restrições de ordem legal e
social são apontadas como
fatores que levaram a uma
recuperação econômica
mais lenta do que na China
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
As exigências ambientais, sociais e legais impostas por instituições como o TCU e o Ministério Público impedem que o
Brasil tenha uma expansão da
economia em nível chinês, dizem técnicos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Diferenças de conjunturas econômicas e demográficas também permitem que a Índia
cresça a um ritmo muito superior ao brasileiro, afirmam.
Por essas razões, a comparação com os dois países não deve
levar em consideração apenas o
desempenho numérico.
Em 2009, a economia chinesa cresceu 8,7%. A Índia deverá
ver seu PIB avançar 5,6%, de
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Anteontem, o IBGE divulgou que
o PIB brasileiro encolheu 0,2%.
Como os investimentos no
Brasil são submetidos ao cumprimento de maiores exigências, a resposta do governo à
crise surtiu menos efeito do
que na China, diz o superintendente de assuntos econômicos
do BNDES, Ernani Teixeira.
"Assim como no Brasil, o governo lá também operou. Aprovaram um grande plano de investimento. Mas lá não tem
meio ambiente, não tem população, Ministério Público, TCU
[Tribunal de Contas da União].
Não estou dizendo que o TCU
deva aprovar. Nosso crescimento é menor, mas tem mais
mérito, tratamos o meio ambiente de forma correta, atendemos às populações corretamente", afirmou.
No caso indiano, a disparidade no crescimento em relação à
média brasileira se explica pelo
acesso de uma população equivalente a todo o Brasil a um
mercado de trabalho formal e
de consumo, diz o economista
Marcelo Nascimento, do
BNDES.
"A Índia passa por uma grande revolução. Um contingente
muito grande das periferias,
que vivia em condições miseráveis, está sendo inserido no
mercado de trabalho formal,
promovendo enorme distribuição de renda e criando um
grande mercado consumidor.
Uma mudança desse nível em
uma população grande com
renda muito baixa leva a um
crescimento enorme."
A população indiana é de 1,2
bilhão de habitantes.
No automático
Para os técnicos do BNDES, o
tombo da indústria em 2009
está relacionado também à
maior capacidade de desativar
a produção mais rapidamente,
graças à automação proporcionada por sistemas gerenciais
em uso pela indústria.
De acordo com o IBGE, o PIB
da indústria caiu 5,5% em
2009. Foi o setor que mais sofreu com a crise.
"No momento da crise, a resposta foi muito rápida: diminuiu a encomenda, então imediatamente parou a produção.
É uma reação mais rápida que
em crises anteriores", diz o economista Fernando Puga.
Da mesma forma, de acordo
com Puga, a retomada da produção quando as expectativas
melhoraram foi rápida. Segundo dados do IBGE, no quarto
trimestre o setor industrial liderou o crescimento, com variação de 4%.
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