São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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Exigências a investimentos limitam expansão, diz BNDES

Para técnicos do banco, dificuldades em áreas como ambiente travam crescimento

Restrições de ordem legal e social são apontadas como fatores que levaram a uma recuperação econômica mais lenta do que na China

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

As exigências ambientais, sociais e legais impostas por instituições como o TCU e o Ministério Público impedem que o Brasil tenha uma expansão da economia em nível chinês, dizem técnicos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Diferenças de conjunturas econômicas e demográficas também permitem que a Índia cresça a um ritmo muito superior ao brasileiro, afirmam.
Por essas razões, a comparação com os dois países não deve levar em consideração apenas o desempenho numérico.
Em 2009, a economia chinesa cresceu 8,7%. A Índia deverá ver seu PIB avançar 5,6%, de acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Anteontem, o IBGE divulgou que o PIB brasileiro encolheu 0,2%.
Como os investimentos no Brasil são submetidos ao cumprimento de maiores exigências, a resposta do governo à crise surtiu menos efeito do que na China, diz o superintendente de assuntos econômicos do BNDES, Ernani Teixeira.
"Assim como no Brasil, o governo lá também operou. Aprovaram um grande plano de investimento. Mas lá não tem meio ambiente, não tem população, Ministério Público, TCU [Tribunal de Contas da União]. Não estou dizendo que o TCU deva aprovar. Nosso crescimento é menor, mas tem mais mérito, tratamos o meio ambiente de forma correta, atendemos às populações corretamente", afirmou.
No caso indiano, a disparidade no crescimento em relação à média brasileira se explica pelo acesso de uma população equivalente a todo o Brasil a um mercado de trabalho formal e de consumo, diz o economista Marcelo Nascimento, do BNDES.
"A Índia passa por uma grande revolução. Um contingente muito grande das periferias, que vivia em condições miseráveis, está sendo inserido no mercado de trabalho formal, promovendo enorme distribuição de renda e criando um grande mercado consumidor. Uma mudança desse nível em uma população grande com renda muito baixa leva a um crescimento enorme."
A população indiana é de 1,2 bilhão de habitantes.

No automático
Para os técnicos do BNDES, o tombo da indústria em 2009 está relacionado também à maior capacidade de desativar a produção mais rapidamente, graças à automação proporcionada por sistemas gerenciais em uso pela indústria.
De acordo com o IBGE, o PIB da indústria caiu 5,5% em 2009. Foi o setor que mais sofreu com a crise.
"No momento da crise, a resposta foi muito rápida: diminuiu a encomenda, então imediatamente parou a produção. É uma reação mais rápida que em crises anteriores", diz o economista Fernando Puga.
Da mesma forma, de acordo com Puga, a retomada da produção quando as expectativas melhoraram foi rápida. Segundo dados do IBGE, no quarto trimestre o setor industrial liderou o crescimento, com variação de 4%.


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