São Paulo, Sábado, 13 de Março de 1999
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IMÓVEIS
Secovi prevê maior demanda a partir de outubro, quando o custo do dinheiro e a inflação estarão em declínio
Recuperação de vendas depende dos juros

da Reportagem Local

A recuperação das vendas de imóveis na cidade de São Paulo depende do êxito da estratégia do governo para baixar as taxas de juros no país no segundo semestre de 99.
A avaliação é do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo).
A comercialização de imóveis novos na cidade de São Paulo teve em 98 seu pior desempenho na era do Real. A velocidade de vendas (vendas efetivas em relação ao estoque de lançamentos) foi de 7,4%. O recorde do período (11,7%) ocorreu em 94.
Em janeiro deste ano, a velocidade de vendas foi de apenas 3,1%, refletindo, segundo o Secovi-SP, o clima de incerteza econômica e o aumento do desemprego.
O Secovi-SP trabalha, porém, com um cenário otimista para o segundo semestre de 99. Espera o aquecimento da demanda a partir de outubro. Até lá, calcula, os juros e a inflação já terão iniciado suas trajetórias declinantes e o nível de atividade econômica já terá invertido a atual tendência de retração.
Ely Flávio Wertheim, vice-presidente do Secovi-SP, acha que é alta a probabilidade desse cenário, o que, diz ele, deixa o setor imobiliário a "um passo da grande virada".
Walter Lafemina, presidente do Secovi-SP, diz que quem se antecipar a essa virada vai tirar partido de um mercado favorável aos compradores. "Os preços dos imóveis nunca estiveram tão baixos, os prazos nunca foram tão longos e as condições tão compatíveis com o sonho da casa própria", diz.
Segundo dados do Secovi-SP, o preço médio do m2 de venda de imóveis novos na cidade de São Paulo, deflacionado pelo IGP-M, da Fundação Getúlio Vargas, valia R$ 893 em janeiro deste ano em comparação com os R$ 917 em janeiro do ano passado.
Cláudio Bernardes, também vice-presidente do Secovi-SP, diz que, apesar da crise, esse é o momento ideal para o planejamento da compra de um imóvel, seja para moradia ou para investimento. "Os imóveis estão no fundo do poço porque, como a massa salarial dos compradores potenciais é a mesma, o setor não pode repassar o aumento de custos ou de impostos para os preços", diz.
Além disso, acrescenta Bernardes, as margens de lucro do setor caíram para seus níveis mais baixos de todos os tempos, variando, atualmente, de 0% a 8%, em comparação com níveis "normais" entre 25% e 30%.
"Quando os consumidores voltarem em grande número ao mercado, os preços poderão sofrer pressão altista porque haverá escassez de produtos", afirma Bernardes.
Uma provável escassez seria o resultado do aquecimento da demanda contra um pano de fundo de dois anos seguidos de queda da oferta de imóveis novos: os lançamentos caíram 22% em 98 e o Secovi-SP estima uma provável queda de 20% neste ano.
Wertheim compara a retomada da oferta à lentidão de um elefante: "Quando um elefante se senta, ele demora para se levantar. A indústria imobiliária está sentada. Quando a demanda voltar, vai encontrar o mercado desabastecido".
O Secovi-SP acha que o financiamento pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação), embora seja caro em comparação com padrões internacionais, ainda representa a possibilidade mais barata de se comprar um bem no país.
Wertheim diz que o custo mensal do financiamento do SFH -1% de juro mais TR- será negativo em março por causa da inflação alta.
"O custo da compra da casa própria é de cerca de 2% por mês em comparação com um custo de 3% a 4%, mais variação cambial ou TR, para carros e de cerca de 8% para produtos eletroeletrônicos."


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