São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997.

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IMPORTAÇÃO
Reunião começa amanhã
País prepara estratégia para a Alca

DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília

Negociadores brasileiros enfrentam, nesta semana, o desafio de impedir que o país tenha de engolir uma nova redução geral nas suas tarifas de importações antes que esteja preparado para isso.
A reunião acontece no Rio de Janeiro, de amanhã até quinta-feira, e será liderada pelos vice-ministros de Comércio Exterior dos 34 países da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). No continente, somente Cuba está fora da integração.
Desta vez, o tumulto deve ser maior porque, além das quatro propostas divergentes de negociação já postas sobre a mesa, o Chile prometeu apresentar uma alternativa ``conciliadora'' que ainda não é conhecida.
O debate no Rio deve estar centrado basicamente em quatro questões centrais. São elas:
1) Quando começa a negociação do acesso aos mercados, ou seja, a redução das tarifas de importação para todos os 34 países. O Mercosul quer que ocorra na última fase, a partir de 2003, e depois das discussões sobre medidas de proteção comercial aplicadas no continente.
A idéia é não discutir enquanto os Estados Unidos mantiverem barreiras comerciais que prejudiquem as exportações brasileiras e argentinas. Os negociadores brasileiros argumentam que o país abriu seu mercado nos anos 90 e não recebeu nenhuma contrapartida dos norte-americanos.
Os Estados Unidos querem conversar sobre acesso a mercados antes de tratar das barreiras, a partir de 1998, e com mais velocidade. O Canadá pretende iniciar as discussões sobre todos os temas ao mesmo tempo, a começar em 1998.
2) O Mercosul fechou posição de não negociar enquanto o governo dos EUA não contar com o ``fast track'' -a autorização do Congresso para fechar acordos sem o risco de posteriores alterações pelos deputados e senadores.
A argumentação dá tempo e poder de barganha aos negociadores do Mercosul. E há antecedente: pela mesma razão, o Chile se esquivou de firmar acordo de livre comércio com o Nafta (Área de Livre Comércio da América do Norte).
3) A negociação entre blocos daria mais força ao Mercosul -por isso a insistência de seus negociadores. Os Estados Unidos torcem o nariz a essa idéia.
4) Negociadores do Mercosul acham que pode ser mais vantajoso avançar as negociações da Alca por meio de acordos de livre comércio de país a país. A idéia dos EUA e do Canadá, entretanto, é motivar um acordo geral, baseado em decisões consensuais.
A reunião deverá terminar com um esboço -pelo menos- do documento que trará as regras de negociação da Alca e que será assinado em maio próximo pelos ministros de Comércio Exterior em Belo Horizonte (MG).
A negociação de fato deverá começar apenas no ano que vem, depois da Reunião de Cúpula das Américas, no Chile.

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