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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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BC admite emitir com cláusulas de previsão de calote

DO ENVIADO ESPECIAL

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, admitiu ontem que o Brasil estuda a possibilidade de adotar as "cláusulas de calote" nos papéis da dívida externa brasileira, inclusive para a próxima emissão, se o governo realmente decidir voltar a tomar empréstimos no mercado internacional.
Meirelles disse que tem consultado investidores estrangeiros sobre o assunto, entre outras razões, para sondá-los se cobrariam juros maiores para adquirir os papéis brasileiros caso já contem com as CACs (cláusulas de ação coletiva), ou "cláusulas de calote".
"De fato estamos avaliando a situação, vamos olhar um pouco a reação dos mercados a essa cláusula", disse ontem, na sede do FMI.
O presidente do BC confirmou, indiretamente, que as restrições do governo brasileiro eram para a proposta da vice-diretora-gerente do Fundo, Anne Krueger -de reestruturação organizada da dívida externa de países emergentes-, não para a adoção das CACs.
"É diferente, é diferente", disse ele, referindo-se à CAC em relação à proposta de Krueger. O projeto da vice-diretora do Fundo, porém, foi praticamente abandonado pela instituição.
"Nós já demos um passo à frente, mas há muita incerteza ainda, e nós vamos agir com muita prudência", diz.
O receio do governo é que a adoção da cláusula provoque aumento do custo de captação (juros mais altos) do país no mercado externo. "A questão é saber se a cláusula será bem aceita pelo mercado de Nova York como já é aceita pelo mercado de Londres", destacou.
O presidente do BC disse que o Brasil tem reserva de recursos suficiente para garantir todos os pagamentos de dívida previstos para o ano. "A emissão, caso haja, será para a composição de reservas. O Brasil tem tranquilidade para esperar o momento certo [de emitir os títulos"." Amanhã, Meirelles viaja para Nova York, onde se reunirá com investidores e com o Fed do Estado.
(LS)



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