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ECONOMIA MUNDIAL
Secretário do Tesouro renuncia e é substituído por Lawrence Summers; mercado já esperava a saída
Rubin deixa o governo norte-americano
MARCIO AITH
de Washington
A Casa Branca anunciou formalmente ontem o pedido de renúncia
do secretário do Tesouro dos EUA,
Robert Rubin.
O secretário foi um dos maiores
responsáveis pelo sucesso da economia norte-americana nesta década e o principal formulador de
pacotes de ajuda financeira dos
EUA à América Latina desde a crise mexicana, em 1994.
Alegando motivos pessoais, Rubin deixará o cargo no próximo dia
4 de julho. Ele será substituído pelo
secretário-adjunto, Lawrence
Summers, que, junto com Rubin e
com o presidente do Fed (o banco
central norte-americano), Alan
Greenspan, forma a tríade que sustenta a atual expansão econômica
dos EUA. A mudança no comando
do Tesouro já era esperada pelos
mercados desde o ano passado.
Rubin teria apenas esperado a estabilização das finanças internacionais e o final do processo do impeachment do presidente Clinton
para deixar o cargo.
Talvez por esse motivo, a reação
dos mercados foi relativamente
calma. O índice Dow Jones caiu 213
pontos logo depois da confirmação da saída de Rubin. Essa queda
-que também refletiu a demissão
do primeiro-ministro russo, Ievguêni Primakov- foi compensada por um ânimo dos investidores
no final do pregão. Depois o índice
reagiu. "Não acho que Rubin sairia
se houvesse uma crise no horizonte", disse Eugene Isenberg, diretor
da Nabors Industries, uma das
maiores empreiteiras do setor
energético dos EUA.
Apesar de alegar motivos pessoais, não ficaram ainda muito claras as razões pelas quais Rubin teria deixado o cargo. Comenta-se
que ele deseja ocupar o lugar de
Greenspan (cujo segundo mandato de quatro anos acaba no ano
2000 e é renovável) no Fed ou voltar para o setor privado.
Egresso do mercado financeiro,
o secretário acumulou uma fortuna pessoal de cerca de US$ 26 milhões como executivo da Goldman
Sachs. Aproximou-se do setor público durante a primeira eleição
presidencial de Clinton, no começo da década, do qual foi peça-chave como arrecadador de contribuições eleitorais.
Como secretário do Tesouro
(cargo que ocupa formalmente
desde 1995), foi o responsável pela
maior estratégia do governo Clinton para dobrar a maioria republicana no Congresso. Foi Rubin
quem convenceu Clinton a roubar
a bandeira republicana cortando
gastos públicos e buscando, obsessivamente, atingir o controle orçamentário. No ano passado,Clinton
obteve o primeiro superávit orçamentário dos EUA desde 1969. Em
1998, o governo atingiu um saldo
positivo de US$ 70 bilhões nos gastos públicos, o que rendeu a Clinton crédito político não somente
com o eleitorado democrata, seu
reduto, mas também com setores
conservadores da sociedade.
Rubin também foi responsável
pelo aumento do valor do dólar
com relação às demais moedas dos
países industrializados. Durante
sua gestão no Tesouro, o dólar valorizou-se 2,8% ao ano, o que ajudou a manter a inflação baixa ao
baratear os preços de produtos importados.
Rubin conciliou tais características conservadoras com uma política extremamente liberal nas finanças internacionais. Seu primeiro
desafio como secretário do Tesouro, em 1995, foi conseguir aprovar
o pacote de ajuda bilateral ao México depois da crise de 1994. Rubin
também foi o principal fiador do
programa de ajuda financeira ao
Brasil, no ano passado.
Ao despedir-se do amigo Rubin,
ontem, Clinton disse: "Ele fundiu o
conservadorismo tradicional com
novas idéias, ajudando os americanos a se beneficiar da nova economia mundial".
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