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Intelectual vira homem poderoso
GILSON SCHWARTZ
da Equipe de Articulistas
Robert Rubin não foi apenas um
homem de mercado que ocupou a
chefia do Tesouro mais importante do planeta. Sua origem é acadêmica. Seu desempenho nessa área
foi meteórico.
Em 1983, Rubin tornou-se o mais
jovem professor contratado de
Harvard. Frequentou a London
School of Economics. Produziu
mais de cem artigos para periódicos acadêmicos especializados. E,
antes de chegar ao Tesouro, Rubin
foi vice-presidente do Banco Mundial.
A sua saída tem sido interpretada
como resultado da calmaria sexual
na Casa Branca. Ele queria ter saído antes, mas temia que a atitude
fosse interpretada como traição ao
presidente norte-americano, Bill
Clinton.
Uma interpretação mais sofisticada é associar seu retorno ao mercado como um sinal de confiança
na superação da crise financeira
internacional.
Rubin estava num cargo de importância decisiva na organização
de operações de resgate (com dinheiro de contribuintes norte-americanos) a países endividados
nos últimos anos.
O que o próprio Rubin compreendia, contra os republicanos
que urravam contra o excessivo
envolvimento dos EUA nessas
operações de resgate global, eram
as conexões entre os mercados
emergentes e os próprios bancos
norte-americanos.
Ou seja, ao dar socorro a um
mercado em crise, o Tesouro dos
EUA está sempre, na prática, cuidando dos interesses dos bancos
norte-americanos que são credores de países e empresas que operam nesses mercados.
Rubin tinha músculos intelectuais e vivência no mercado financeiro para entender essa conexão.
Mas não teve estômago (ou interesse) para ficar no alto e ajudar a
comandar a reforma na "arquitetura financeira" global que o mesmo Clinton andou pedindo.
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