São Paulo, Quinta-feira, 13 de Maio de 1999
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Intelectual vira homem poderoso

GILSON SCHWARTZ
da Equipe de Articulistas

Robert Rubin não foi apenas um homem de mercado que ocupou a chefia do Tesouro mais importante do planeta. Sua origem é acadêmica. Seu desempenho nessa área foi meteórico.
Em 1983, Rubin tornou-se o mais jovem professor contratado de Harvard. Frequentou a London School of Economics. Produziu mais de cem artigos para periódicos acadêmicos especializados. E, antes de chegar ao Tesouro, Rubin foi vice-presidente do Banco Mundial.
A sua saída tem sido interpretada como resultado da calmaria sexual na Casa Branca. Ele queria ter saído antes, mas temia que a atitude fosse interpretada como traição ao presidente norte-americano, Bill Clinton.
Uma interpretação mais sofisticada é associar seu retorno ao mercado como um sinal de confiança na superação da crise financeira internacional.
Rubin estava num cargo de importância decisiva na organização de operações de resgate (com dinheiro de contribuintes norte-americanos) a países endividados nos últimos anos.
O que o próprio Rubin compreendia, contra os republicanos que urravam contra o excessivo envolvimento dos EUA nessas operações de resgate global, eram as conexões entre os mercados emergentes e os próprios bancos norte-americanos.
Ou seja, ao dar socorro a um mercado em crise, o Tesouro dos EUA está sempre, na prática, cuidando dos interesses dos bancos norte-americanos que são credores de países e empresas que operam nesses mercados.
Rubin tinha músculos intelectuais e vivência no mercado financeiro para entender essa conexão. Mas não teve estômago (ou interesse) para ficar no alto e ajudar a comandar a reforma na "arquitetura financeira" global que o mesmo Clinton andou pedindo.


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