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EFEITO JAPÃO
Analistas temem possível recessão mundial
Mercado está menos
vulnerável a crises
da Reportagem Local
Embora ninguém negue que a
nova desestabilização dos mercados asiáticos, desta vez puxada
pelo Japão, poderá atingir em
cheio o Brasil, o clima entre economistas e operadores de mercado é de relativa tranquilidade.
Primeiro, porque ninguém é
capaz de afirmar com certeza
qual a extensão que a nova crise
pode atingir. Segundo, porque
os investidores brasileiros estão
hoje muito menos expostos ao
risco, ou seja, estão muito menos comprados em ativos brasileiros como ações.
"As posições compradas na
Bolsa e nos mercados de juros e
câmbio estão pequenas, todo
mundo está vendo isso", diz
Reinaldo LeGrazie, diretor do
Lloyds Bank.
"A situação não é como a do
crash de outubro. Hoje, está todo mundo esperando para montar suas posições", diz o diretor
financeiro do Deutsche Bank,
Alberto Gaidys.
Escaldados com a crise de outubro, quando o tombo foi grande porque a exposição ao risco
também era, e de olho nas pesquisas eleitorais, os investidores
brasileiros e estrangeiros têm
evitado aumentar suas posições
compradas.
Além da Bovespa, o mercado
futuro de juros também tem tido
um volume menor. A recente
política do Banco Central de
vender títulos públicos indexados reduziu a exposição do mercado ao risco da oscilação dos
juros e, portanto, diminuiu a demanda por proteção.
Apesar dessa reação fria, ninguém ignora a possibilidade de
que o país mergulhe em nova
crise provocada pelo "efeito Japão".
Devido ao tamanho da economia japonesa, uma recessão prolongada poderia provocar desaceleração da atividade econômica nos Estados Unidos e Europa,
afetando as exportações brasileiras e os investimentos no país.
"O risco hoje é de o governo
do Japão ficar paralisado e o país
entrar em depressão econômica,
o que levaria a uma queda da atividade econômica mundial",
disse o consultor e ex-ministro
da Fazenda Mailson da Nóbrega.
Na sua opinião, a demanda interna no mercado japonês não
deverá reagir no curto prazo.
Por isso, a única alternativa do
governo do Japão para reativar a
atividade econômica será incentivar as exportações, deixando o
iene desvalorizar-se.
Essa tendência, segundo ele,
poderia levar a uma nova rodada
de desvalorizações das moedas
asiáticas, já que os países precisariam manter a competitividade de suas exportações.
Na opinião dos analistas, o iene deve continuar a se desvalorizar e chegar ao marco psicológico de 150 por dólar.
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