São Paulo, sábado, 13 de junho de 1998

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EFEITO JAPÃO
Analistas temem possível recessão mundial
Mercado está menos vulnerável a crises

da Reportagem Local

Embora ninguém negue que a nova desestabilização dos mercados asiáticos, desta vez puxada pelo Japão, poderá atingir em cheio o Brasil, o clima entre economistas e operadores de mercado é de relativa tranquilidade.
Primeiro, porque ninguém é capaz de afirmar com certeza qual a extensão que a nova crise pode atingir. Segundo, porque os investidores brasileiros estão hoje muito menos expostos ao risco, ou seja, estão muito menos comprados em ativos brasileiros como ações.
"As posições compradas na Bolsa e nos mercados de juros e câmbio estão pequenas, todo mundo está vendo isso", diz Reinaldo LeGrazie, diretor do Lloyds Bank.
"A situação não é como a do crash de outubro. Hoje, está todo mundo esperando para montar suas posições", diz o diretor financeiro do Deutsche Bank, Alberto Gaidys.
Escaldados com a crise de outubro, quando o tombo foi grande porque a exposição ao risco também era, e de olho nas pesquisas eleitorais, os investidores brasileiros e estrangeiros têm evitado aumentar suas posições compradas.
Além da Bovespa, o mercado futuro de juros também tem tido um volume menor. A recente política do Banco Central de vender títulos públicos indexados reduziu a exposição do mercado ao risco da oscilação dos juros e, portanto, diminuiu a demanda por proteção.
Apesar dessa reação fria, ninguém ignora a possibilidade de que o país mergulhe em nova crise provocada pelo "efeito Japão".
Devido ao tamanho da economia japonesa, uma recessão prolongada poderia provocar desaceleração da atividade econômica nos Estados Unidos e Europa, afetando as exportações brasileiras e os investimentos no país.
"O risco hoje é de o governo do Japão ficar paralisado e o país entrar em depressão econômica, o que levaria a uma queda da atividade econômica mundial", disse o consultor e ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega.
Na sua opinião, a demanda interna no mercado japonês não deverá reagir no curto prazo.
Por isso, a única alternativa do governo do Japão para reativar a atividade econômica será incentivar as exportações, deixando o iene desvalorizar-se.
Essa tendência, segundo ele, poderia levar a uma nova rodada de desvalorizações das moedas asiáticas, já que os países precisariam manter a competitividade de suas exportações.
Na opinião dos analistas, o iene deve continuar a se desvalorizar e chegar ao marco psicológico de 150 por dólar.



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