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São Paulo, domingo, 13 de julho de 2003

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Captações se limitam a grandes companhias

DA REPORTAGEM LOCAL

Dados a respeito de recentes captações de recursos de empresas no exterior mostram que apenas as grandes companhias exportadoras -como CSN e Vale do Rio Doce- fizeram novas dívidas. A grande maioria delas não recorreu ao mercado para tentar captar mais.
Pior: as taxas de juros cobradas nos empréstimos realizados neste ano continuam num patamar semelhante ao do último trimestre do ano passado.
Apenas nas linhas à exportação de curtíssimo prazo (180 dias) o custo caiu. Nesse caso, a taxa que estava entre 7% e 8% ao ano caiu para 5%, em média.
Análise da Folha englobando as últimas 12 captações de recursos no exterior, feitas com o intermédio de bancos, mostra que as taxas pagas pelas empresas variam de 2,25% mais a Libor (taxa de juros do Banco Central inglês) a 5,75% mais a Libor.
Companhias como Sadia, Cosipa e Gerdau fizeram empréstimos pagando taxas de juros dentro desse intervalo.
Em novembro do ano passado, as taxas também variavam de 3% a 6% mais a Libor.
"Há poucas chances de que o endividamento cresça na atual situação. O crédito está caro e escasso. E as taxas, escorchantes. Quem capta ainda não consegue pagar tudo o que deve com a receita que gera", diz Erivelto Rodrigues, sócio da Austin Asis.
Geralmente, as operações desse tipo que estão sendo oferecidas às empresas brasileiras são as de pré-pagamento.
As empresas que já têm uma venda externa acertada procuram os bancos para antecipar o crédito que têm para receber no futuro. Quando a exportação é consumada, o importador paga diretamente ao banco credor.
Um empréstimo da Votorantim, de US$ 50 milhões, por exemplo, realizado no último mês, foi um pré-pagamento à exportação com vencimento em três anos e pagando juros de 3,5% ao ano sobre a Libor.
A Cosipa, que captou US$ 45 milhões pelo mesmo prazo em abril, pagou Libor mais 5,75%. Outra empresa que usou suas exportações para captar US$ 150 milhões em pré-pagamento foi a Acesita.

Ociosidade
Na avaliação de Cláudia Hausner, diretora do banco Banif Primus, cai a necessidade de as empresas captarem recursos por conta da alta ociosidade do setor industrial.
Dados da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) mostram que a utilização da capacidade instalada da indústria caiu em maio deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Com isso, a ociosidade está mais elevada -na média, entre 20% e 25%.
"No cenário atual, há pouca motivação para investir nas unidades fabris e elevar produção. Ainda mais no atual momento em que as linhas de crédito lá fora estão se abrindo aos poucos às companhias brasileiras", diz Cláudia. (ADRIANA MATTOS)


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