São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GRÃOS

Demanda chinesa pela oleaginosa volta a crescer, reduz reservas dos Estados Unidos e pode favorecer plantio no Brasil

Consumo maior derruba estoques de soja

DA REDAÇÃO

O relatório de oferta e demanda de soja divulgado ontem pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) não traz novidades sobre a produção norte-americana, mas mostra por que a oleaginosa está com tanta volatilidade de preços nas últimas semanas.
Essa volatilidade, provocada em parte pelas incertezas climáticas deste período do ano, é ampliada ainda mais pela crescente diferença entre estoque e consumo. As estimativas iniciais indicavam um consumo de 77 milhões de toneladas nos Estados Unidos na safra 2004/5 -esses dados incluem as exportações.
Os dados de ontem apontaram para crescimento do consumo para 80,8 milhões de toneladas. Já os estoques finais da safra, previstos inicialmente em 12,5 milhões de toneladas, recuaram para 7,9 milhões.
"Estoque abaixo de 10% do consumo é nitroglicerina", diz Fernando Muraro, diretor da Agência Rural de Curitiba. Isso significa que a safra norte-americana da oleaginosa de 2005/6 não pode ter nenhuma quebra em relação às estimativas de 78,7 milhões de toneladas, acrescenta.
Segundo Muraro, se a safra dos EUA tiver quebra de apenas uma saca por hectare (a projeção atual é de 44,7 sacas por hectare), a produção do país recua para 76,8 milhões de toneladas, derrubando os estoques finais daquele país em 2 milhões de toneladas.
Esse espaço apertado entre consumo e estoque traz volatilidade ao mercado, elevando os preços. Bom para o Brasil, que está prestes a uma decisão de plantio.
Muraro diz que certamente essa elevação recente dos preços da soja vai influenciar no plantio. A estimativa de queda de 6% na área cultivada no país não deve se confirmar na safra 2005/6. Os produtores voltam a semear 22,9 milhões de hectares, igual área à do ano passado, segundo ele.
A qualidade desse plantio, no entanto, não será a mesma dos anteriores. Descapitalizados, os produtores vão reduzir gastos com sementes, adubos e outros insumos.
A China é a grande responsável pelo enxugamento de produto nos Estados Unidos, segundo Muraro. O Usda elevou o consumo dos chineses desta safra, que termina em 31 de agosto, para 23,2 milhões de toneladas. No mês passado, as estimativas eram de 22,8 milhões. Na safra 2005/6, os chineses voltarão com mais apetite ao mercado e vão importar 27 milhões de toneladas, prevê o Usda.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulgou, também, os dados de produção referentes a Brasil, o segundo maior produtor mundial, e a Argentina, o terceiro. Na safra 2004/5, o Brasil colheu 51 milhões de toneladas, 2 milhões a menos do que o órgão estimava no mês passado. Já a safra argentina fica em 39 milhões de toneladas. (MAURO ZAFALON)


Texto Anterior: Mercado financeiro: Estrangeiro volta, e Bovespa se recupera
Próximo Texto: O vaivém das commodities
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.