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GRÃOS
Demanda chinesa pela oleaginosa volta a crescer, reduz reservas dos Estados Unidos e pode favorecer plantio no Brasil
Consumo maior derruba estoques de soja
DA REDAÇÃO
O relatório de oferta e demanda
de soja divulgado ontem pelo Usda (Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos) não traz novidades sobre a produção norte-americana, mas mostra por que a
oleaginosa está com tanta volatilidade de preços nas últimas semanas.
Essa volatilidade, provocada em
parte pelas incertezas climáticas
deste período do ano, é ampliada
ainda mais pela crescente diferença entre estoque e consumo. As
estimativas iniciais indicavam um
consumo de 77 milhões de toneladas nos Estados Unidos na safra
2004/5 -esses dados incluem as
exportações.
Os dados de ontem apontaram
para crescimento do consumo
para 80,8 milhões de toneladas. Já
os estoques finais da safra, previstos inicialmente em 12,5 milhões
de toneladas, recuaram para 7,9
milhões.
"Estoque abaixo de 10% do consumo é nitroglicerina", diz Fernando Muraro, diretor da Agência Rural de Curitiba. Isso significa que a safra norte-americana da
oleaginosa de 2005/6 não pode ter
nenhuma quebra em relação às
estimativas de 78,7 milhões de toneladas, acrescenta.
Segundo Muraro, se a safra dos
EUA tiver quebra de apenas uma
saca por hectare (a projeção atual
é de 44,7 sacas por hectare), a produção do país recua para 76,8 milhões de toneladas, derrubando
os estoques finais daquele país em
2 milhões de toneladas.
Esse espaço apertado entre consumo e estoque traz volatilidade
ao mercado, elevando os preços.
Bom para o Brasil, que está prestes a uma decisão de plantio.
Muraro diz que certamente essa
elevação recente dos preços da soja vai influenciar no plantio. A estimativa de queda de 6% na área
cultivada no país não deve se confirmar na safra 2005/6. Os produtores voltam a semear 22,9 milhões de hectares, igual área à do
ano passado, segundo ele.
A qualidade desse plantio, no
entanto, não será a mesma dos
anteriores. Descapitalizados, os
produtores vão reduzir gastos
com sementes, adubos e outros
insumos.
A China é a grande responsável
pelo enxugamento de produto
nos Estados Unidos, segundo
Muraro. O Usda elevou o consumo dos chineses desta safra, que
termina em 31 de agosto, para
23,2 milhões de toneladas. No
mês passado, as estimativas eram
de 22,8 milhões. Na safra 2005/6,
os chineses voltarão com mais
apetite ao mercado e vão importar 27 milhões de toneladas, prevê
o Usda.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulgou,
também, os dados de produção
referentes a Brasil, o segundo
maior produtor mundial, e a Argentina, o terceiro. Na safra
2004/5, o Brasil colheu 51 milhões
de toneladas, 2 milhões a menos
do que o órgão estimava no mês
passado. Já a safra argentina fica
em 39 milhões de toneladas.
(MAURO ZAFALON)
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