São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2006

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PIB agrícola cai R$ 10 bi neste ano, prevê CNA

Queda dos preços pagos a produtores explica novo valor, aponta a entidade

Redução estimada para a balança comercial do agronegócio brasileiro neste ano é de 3,7%, de US$ 38,4 bi para US$ 37 bi

DA REDAÇÃO

A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) divulgou ontem resultados do setor e projetou, para 2006, reduções no valor da produção e do saldo na balança comercial do agronegócio brasileiro.
Segundo a CNA, a queda no valor bruto da produção agropecuária -VBP- e no PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio deve-se à queda dos preços médios pagos aos produtores. Mantida a situação de baixos preços, é prevista uma redução no PIB do agronegócio de 1,94% -R$ 10,43 bilhões a menos do que 2005.
Segundo os dados da CNA, desenvolvidos em parceria com o Cepea-USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), embora a safra de grãos, por exemplo, deva ter uma alta em 2006 estimada em 4,8%, pode-se prever uma queda de 4% no faturamento em relação ao ano passado. Confirmadas as projeções, o PIB da pecuária cairá 4,27% no ano.
Comparando dados dos primeiros trimestres e a produção anual de 2005 e 2006, a CNA projeta uma queda de R$ 6,7 bilhões no VBP dos 25 principais produtos da agropecuária brasileira, novamente com a pecuária perdendo mais, apesar do aumento da produção de carne bovina, de 8,7 milhões de toneladas em 2005 para estimados 8,9 milhões de toneladas. Os preços médios recebidos pelo pecuaristas, segundo a CNA, caíram 10% em 2006.
A carne bovina permanece como o principal produto da agropecuária brasileira, com faturamento estimado em R$ 29,15 bilhões neste ano (8,6% menos do que em 2005).
Os números da CNA apontam queda de 13,9% para a soja e de 3% para o frango, segundo a ordem dos principais faturamentos brasileiros. A cana-de-açúcar, com boa safra e aumento de preços, é exceção: deve crescer 17,3%.

Ciclo vicioso
A baixa rentabilidade tem causado menores investimentos na produção, o que, para Ricardo Cotta, superintendente técnico da CNA, justifica as projeções pessimistas: "O desestímulo pela baixa rentabilidade se refletirá na produção futura, que será menor".
A CNA chega a projetar queda no saldo agrícola na balança comercial: de US$ 38,4 bilhões, em 2005, para US$ 37 bilhões.
"Não trabalho com um cenário de saldo menor do que o do ano passado", diz, porém, Amarylis Romano, da consultoria Tendências. Segundo ela, os produtores exageram: "Estão numa situação difícil, por isso tendem a mostrar o pior dos mundos". Para ela, os efeitos do ciclo de menores investimentos devem ser sentidos em 2007. "No ano que vem, pode não haver produção."


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