São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Fusões levam Bolsas mundiais a recordes

Notícias corporativas embalam mercado; Bovespa e Dow Jones atingem níveis históricos e Nasdaq vai ao maior patamar em 6 anos

Dólar recua mais 1% e cai a R$ 1,873; risco-país desce a 151 pontos e especialistas acreditam que mercado acionário ainda tem fôlego

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado acionário mostrou ontem que tem fôlego para seguir com a quebra de recordes neste segundo semestre. Com as preocupações com a cena econômica dando trégua, os investidores focaram nas notícias corporativas. Houve valorizações expressivas nas principais praças mundiais.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, a alta de 2,23% levou o índice Ibovespa a um novo patamar recorde: 57.613 pontos.
Em Nova York, o Dow Jones também cravou nova máxima histórica, de 13.861 pontos, após subir 2,09%. A Bolsa eletrônica de ações de tecnologia Nasdaq teve alta de 1,88%. Encerrou em seu mais elevado nível em mais de seis anos.
Os pregões abriram em terreno positivo. Expectativas favoráveis para o setor varejista norte-americano se juntaram a notícias de fusões e aquisições - sendo o principal destaque a oferta da mineradora Rio Tinto pela Alcan, operação avaliada em US$ 38 bilhões- e levaram otimismo ao mercado (leia texto abaixo).
A Europa não se isolou do movimento de alta: em Frankfurt, houve apreciação de 1,96%. Em seguida vieram as Bolsas de Paris (1,70%), Londres (1,25%) e Madri (1,19%).
A Bolsa de Buenos Aires foi outra que comemorou o alcance de um novo pico histórico, com o índice Merval registrando alta de 1,01%.
"O mercado focou nas notícias e perspectivas corporativas favoráveis, e as ações não encontraram dificuldades para voltar a subir, levando as Bolsas aqui e nos EUA a quebrarem recordes", afirma Jason Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica.
A Bovespa quebrou ontem seu 29º recorde do ano, passando a acumular valorização de 29,54% em 2007. Em todo 2006, quando o mercado acionário já tinha sido na média a melhor opção de investimento, a Bolsa paulista acumulou ganhos de 32,9%.
O volume financeiro movimentado ontem superou em muito a média diária do ano (que é de R$ 4,01 bilhões), batendo em R$ 5,83 bilhões.
"Os fundamentos para a Bolsa de Valores continuam bastante favoráveis. O cenário para a Bolsa ainda é muito bom", diz Alexandre Lintz, estrategista-chefe do banco BNP Paribas.
"O cenário de curto prazo é favorável para a Bovespa, os juros ainda estão em queda. Se não houver solavancos lá fora, a Bolsa tem tudo para seguir em alta", avalia Vieira.
Mas os analistas lembram que sempre há risco em investir no mercado acionário. Mesmo em um momento amplamente favorável, como o atual, não há garantias de que o mercado não sofrerá quedas.
A presença dos estrangeiros no pregão da Bovespa -que, segundo operadores, compraram pesados volumes de ações- foi relevante para o salto registrado ontem. Esse grupo é o que mais negocia no mercado acionário paulista. Assim, quando estão com apetite, ajudam a impulsionar a Bolsa.
Na primeira semana deste mês, as compras de ações feitas pelos estrangeiros bateram as vendas em R$ 83,95 milhões. Em junho, esse balanço ficou negativo em R$ 2,083 bilhões.
As ações do Unibanco lideraram as altas no pregão da Bovespa ontem. Nenhum dos 59 papéis que formam o índice Ibovespa subiu mais que os 6,83% conquistados por Unibanco Unit. No setor bancário, Itaú PN se valorizou 4,21%, e Bradesco PN, 3,68%.
Hoje estréiam no pregão da Bolsa as ações da Redecard.
Ontem, após o fechamento do mercado, a Vulcabras anunciou a compra da Calçados Azaléia. A ação PN da Vulcabras caiu 5,02% ontem.

Dólar em queda
O cenário favorável acabou por derrubar ainda mais a cotação do dólar. A moeda americana se depreciou mais 1% diante do real e terminou vendida a R$ 1,873, mesmo com o Banco Central realizando leilão para comprar divisa estrangeiras das instituições financeiras.
"[Nesta semana] o dólar rompeu o R$ 1,90 e não existe piso para a cotação. A tendência de queda segue firme", diz o economista Alex Agostini, da consultoria Austin Rating. "Mesmo que o Banco Central siga comprando dólares, a força do mercado é muito maior", afirma o economista.
Com o maior apetite por risco verificado ontem, os investidores também procuraram papéis da dívida de emergentes. Com isso, o risco-país brasileiro, caiu 1,9%, a 151 pontos.


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