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No maior negócio do setor de mineração, Rio Tinto oferece US$ 38,1 bi pela Alcan
DA REDAÇÃO
Em um anúncio que movimentou os mercados mundiais,
a anglo-australiana Rio Tinto
fez oferta de US$ 38,1 bilhões
pela compra da canadense Alcan. Caso concretizado, o negócio, que já foi aprovado pelo
conselho da Alcan e ainda precisa do aval dos acionistas, será
o maior da história do setor.
Com a transação, a Rio Tinto,
que é a terceira maior mineradora do mundo em faturamento, vai se tornar a maior produtora de alumínio e alumina
(matéria-prima usada na fabricação de alumínio), superando
a russa Rusal. No ano passado,
os preços do alumínio avançaram 36%. Além disso, ela será a
maior produtora de bauxita.
Para o principal executivo da
Rio Tinto, Tom Albanese, o cenário mundial para o alumínio
justifica a oferta feita ontem,
"Eu acredito que os fundamentos do alumínio estejam fortes
e atrativos. É tudo sobre a China." A China representa cerca
de 26% do consumo mundial
do produto, mas, com a economia do país crescendo a taxas
anuais próximas a 10% nos últimos anos, a expectativa é que
ele avance ainda mais.
Os rumores de venda da Alcan circulavam havia meses no
mercado e se intensificaram há
dois meses, depois que a americana Alcoa fez uma oferta hostil de US$ 27 bilhões pela rival
canadense. A Alcan afirmou
ontem que esteve envolvida
"em múltiplas grandes discussões". Segundo a Reuters, a Vale do Rio Doce fez uma oferta
pela empresa.
A Vale disse ontem, em comunicado, que não está em negociações com a mineradora
canadense, mas que não descarta "considerar essa possibilidade no futuro".
Com o anúncio de ontem da
Rio Tinto, a Alcoa disse que não
prosseguirá na disputa pela Alcan. "Nesse nível de preço, nós
temos opções mais atrativas
para nossos acionistas", disse,
em nota, o presidente da empresa, Alain Belda.
De acordo com o gerente da
PricewaterhouseCoopers Flavio Teixeira, especialista na
área de mineração, a tendência
é que novas aquisições aconteçam. "O mercado está em ebulição, ou você compra ou será
comprado." E agora, diz, os rumores apontam que a Alcoa será o próximo alvo das gigantes
do setor, e a Vale e a BHP Billiton, a maior mineradora mundial, podem estar interessadas.
Para Teixeira, o setor deverá
ficar mais concentrado nas
mãos das cinco grandes: BHP,
Anglo American, Rio Tinto, Vale do Rio Doce e Xstrata. A PwC
divulgou um estudo no mês
passado que mostrava que 9
das 40 maiores mineradoras
mundiais foram vendidas nos
últimos quatro anos para as outras integrantes do ranking.
Segundo esse levantamento,
os lucros das principais mineradoras mundiais cresceram
64% no ano passado, para US$
67 bilhões, atingindo um nível
1.423% superior ao de 2002.
Sede
Caso a oferta seja aceita pelos
acionistas da Alcan, a divisão de
alumínio das duas companhias
será chamada de Rio Tinto Alcan, terá sede no Canadá e será
uma subsidiária da anglo-australiana. A sede da empresa é
um tema sensível para a Alcan,
já que duas das principais mineradoras do país foram vendidas no ano passado para estrangeiras -uma delas, a Inco,
para a brasileira Vale do Rio
Doce. "Esse é um negócio muito melhor para Québec, para o
Canadá e para Montréal", disse
o presidente da Alcan, Richard
Evans.
O governo do Canadá já estuda iniciativas para tentar conter as transações para companhias de fora do país.
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