São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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No maior negócio do setor de mineração, Rio Tinto oferece US$ 38,1 bi pela Alcan

DA REDAÇÃO

Em um anúncio que movimentou os mercados mundiais, a anglo-australiana Rio Tinto fez oferta de US$ 38,1 bilhões pela compra da canadense Alcan. Caso concretizado, o negócio, que já foi aprovado pelo conselho da Alcan e ainda precisa do aval dos acionistas, será o maior da história do setor.
Com a transação, a Rio Tinto, que é a terceira maior mineradora do mundo em faturamento, vai se tornar a maior produtora de alumínio e alumina (matéria-prima usada na fabricação de alumínio), superando a russa Rusal. No ano passado, os preços do alumínio avançaram 36%. Além disso, ela será a maior produtora de bauxita.
Para o principal executivo da Rio Tinto, Tom Albanese, o cenário mundial para o alumínio justifica a oferta feita ontem, "Eu acredito que os fundamentos do alumínio estejam fortes e atrativos. É tudo sobre a China." A China representa cerca de 26% do consumo mundial do produto, mas, com a economia do país crescendo a taxas anuais próximas a 10% nos últimos anos, a expectativa é que ele avance ainda mais.
Os rumores de venda da Alcan circulavam havia meses no mercado e se intensificaram há dois meses, depois que a americana Alcoa fez uma oferta hostil de US$ 27 bilhões pela rival canadense. A Alcan afirmou ontem que esteve envolvida "em múltiplas grandes discussões". Segundo a Reuters, a Vale do Rio Doce fez uma oferta pela empresa.
A Vale disse ontem, em comunicado, que não está em negociações com a mineradora canadense, mas que não descarta "considerar essa possibilidade no futuro".
Com o anúncio de ontem da Rio Tinto, a Alcoa disse que não prosseguirá na disputa pela Alcan. "Nesse nível de preço, nós temos opções mais atrativas para nossos acionistas", disse, em nota, o presidente da empresa, Alain Belda.
De acordo com o gerente da PricewaterhouseCoopers Flavio Teixeira, especialista na área de mineração, a tendência é que novas aquisições aconteçam. "O mercado está em ebulição, ou você compra ou será comprado." E agora, diz, os rumores apontam que a Alcoa será o próximo alvo das gigantes do setor, e a Vale e a BHP Billiton, a maior mineradora mundial, podem estar interessadas.
Para Teixeira, o setor deverá ficar mais concentrado nas mãos das cinco grandes: BHP, Anglo American, Rio Tinto, Vale do Rio Doce e Xstrata. A PwC divulgou um estudo no mês passado que mostrava que 9 das 40 maiores mineradoras mundiais foram vendidas nos últimos quatro anos para as outras integrantes do ranking.
Segundo esse levantamento, os lucros das principais mineradoras mundiais cresceram 64% no ano passado, para US$ 67 bilhões, atingindo um nível 1.423% superior ao de 2002.

Sede
Caso a oferta seja aceita pelos acionistas da Alcan, a divisão de alumínio das duas companhias será chamada de Rio Tinto Alcan, terá sede no Canadá e será uma subsidiária da anglo-australiana. A sede da empresa é um tema sensível para a Alcan, já que duas das principais mineradoras do país foram vendidas no ano passado para estrangeiras -uma delas, a Inco, para a brasileira Vale do Rio Doce. "Esse é um negócio muito melhor para Québec, para o Canadá e para Montréal", disse o presidente da Alcan, Richard Evans.
O governo do Canadá já estuda iniciativas para tentar conter as transações para companhias de fora do país.


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