|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Carga tributária bate recorde pelo 3º ano
Peso dos impostos na economia atinge 34,5% do PIB em 2006; Mantega afirma que é "certamente um número alto"
Ministro diz que sistema é
"injusto e ineficiente';
desonerações no governo
Lula não são capazes de
interromper crescimento
FERNANDO NAKAGAWA
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A carga tributária bateu recorde pelo terceiro ano consecutivo em 2006. Os dados
anunciados ontem pelo ministro Guido Mantega (Fazenda)
mostram que o peso dos impostos na economia foi cerca de
34,5% do PIB (Produto Interno
Bruto) no ano passado. Em
2005, a proporção foi de 33,7%.
O número final, segundo o ministro, será divulgado brevemente pela Receita Federal.
As desonerações de impostos, comemoradas pelo governo e calculadas em mais de R$
30 bilhões durante o primeiro
mandato do governo de Luiz
Inácio Lula da Silva não foram
suficientes para interromper o
crescimento da carga.
Com o novo aumento da carga, Lula terminou o primeiro
mandato com elevação de 2,5
pontos percentuais desse indicador. Em 2002, conforme cálculo realizado de acordo com os
novos dados do PIB do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número
ficou em 32% do PIB.
"É, certamente, um número
alto", admitiu o ministro. Antes, durante audiência pública
na Câmara, Mantega disparou
contra o atual modelo tributário. "A estrutura tributária é injusta, ineficiente e irracional."
Diante desse quadro, o ministro prometeu cortar novos
impostos. "Vamos continuar
fazendo novas desonerações de
modo a equiparar nossa carga
tributária com a de países que
competem com o Brasil", disse.
Mas estudo realizado no ano
passado pelo IBPT (Instituto
Brasileiro de Planejamento
Tributário) mostra que, para
essa equiparação acontecer, será necessário reduzir a carga
em mais de dez pontos. A vizinha Argentina, por exemplo,
tem indicador de 21,9%. O Chile tem 19,2% e o México, 18,5%.
Defesa da CPMF
Apesar da intenção de Mantega de cortar tributos, ele não
pensa em abrir mão do imposto
do cheque. "Seria uma catástrofe se nós não aprovássemos
a CPMF", disse, ao lembrar da
expectativa de arrecadação de
R$ 30 bilhões em 2007. "Se demorarmos, a cada dia perderemos R$ 152 milhões."
O governo espera que o Congresso aprove a prorrogação
dessa contribuição, cuja vigência termina em dezembro. Aos
deputados da Comissão de Finanças, Mantega defendeu o
projeto com a ameaça de corte
de verbas. "Teríamos de rever
investimentos, gastos e desfazer planos. Isso é muito sério.
Esse é alerta que faço", disse. "A
CPMF é um tributo necessário
para que mantenhamos o equilíbrio fiscal e o PAC."
Ao ser questionado se o fim
da CPMF poderia ser usado no
esforço para reduzir a carga tributária, Mantega rejeitou a hipótese e disse que o governo
prefere desonerar a folha de pagamento. Vale lembrar que a
redução de impostos relacionados ao salário já foi classificada
pelo próprio ministro de "complexa" e que, por isso, não saiu
do papel. "O meu objetivo
maior é achar a maneira de reduzir a carga tributária sobre a
folha porque acredito que haverá melhor efeito econômico."
Texto Anterior: Luiz Carlos Mendonça de Barros: Ainda a questão dos salários Próximo Texto: Anos FHC e Lula marcam alta da carga fiscal Índice
|