São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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Cliente com dívida não afeta Embraer

DA REPORTAGEM LOCAL

O anúncio da concordata da US Airways não terá impacto imediato nas vendas da Embraer, segundo analistas do setor de aviação.
Sexta maior companhia aérea dos EUA, a US Airways acumula dívidas de US$ 7,83 bilhões.
Desde o ano passado, a companhia negociava com o sindicato de pilotos uma autorização para dobrar dos atuais 70 o número de aeronaves em uso nas linhas regionais. São justamente os jatos para essas linhas, com capacidade média de 140 passageiros, os fabricados pela Embraer e por sua principal rival, a Bombardier.
Hoje, a US Airways opera suas linhas regionais por meio de acordo com companhias menores: a Mesa e a Chautauqua (além da Trans States). A razão é simples: enquanto um piloto da US Airways recebe US$ 120 mil/ano, o salário médio de comandante de jatos regionais é de US$ 40 mil.
Dos 70 jatos em operação nessas duas empresas que exploram as linhas da US Airways, 63 foram fabricados pela Embraer.
De acordo com Rodrigo Pereira, do banco Pactual, em seu processo de reestruturação, a companhia poderia optar por dois caminhos: criar uma subsidiária para explorar as linhas regionais ou oferecer mais linhas à Mesa e à Chautauqua -e elas ficariam encarregadas de comprar novos aviões. Nos dois casos, uma eventual decisão depende de acordo com o sindicato dos pilotos -pois somente com autorização deles poderia ampliar as linhas.
""A vantagem é que, na atual situação de concordata, a lei concede mais instrumentos que podem ser usados pela US Airways para pressionar os pilotos", diz Pereira.
Na tarde de ontem, a fabricante brasileira divulgou nota em que afirma que ""a concordata da US Airways não causará danos à Embraer uma vez que a utilização de jatos regionais é parte fundamental no processo de recuperação da empresa (americana)".
Amanhã, está previsto o anúncio dos resultados da Embraer no segundo trimestre. De acordo com analistas, a companhia deve cumprir sua meta de entrega de 135 jatos neste ano (60 no primeiro e 75 no segundo semestre).
Mas, conforme a previsão média de quatro analistas ouvidos pela agência Reuters, o lucro líquido da Embraer deve recuar 59% no segundo trimestre deste ano. Em 2001, nesse período o lucro fora de R$ 338 milhões.
""A tendência é que ocorra o inverso do ano passado", diz Pereira. ""Em 2001, as vendas foram bem no primeiro semestre e despencaram com o 11 de setembro. Agora, o início de ano está fraco, mas o mercado deve se aquecer no segundo semestre", completa.
(JOSÉ ALAN DIAS)


Com a Reuters

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