UOL


São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Queda no mercado interno leva siderúrgicas a elevar exportações

JULIANA RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O desaquecimento da economia do país está mudando os planos da indústria siderúrgica brasileira neste ano. Com uma previsão de queda de 1,5% a 2% das vendas totais para o mercado doméstico, o setor já direciona uma fatia maior da sua produção para as exportações.
De acordo com o IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia), o consumo nacional deverá atingir 15,83 milhões de toneladas de aço longo durante este ano, o pior resultado desde 2000, quando ficou em 14,9 milhões de toneladas.
A venda doméstica de aços longos, usados principalmente na construção civil, já caiu 10,1% de janeiro a julho, se comparada ao mesmo período de 2002. Nos 12 meses anteriores a julho, o recuo foi de 20,1%.
Ainda que a crise esteja assombrando o mercado interno, a expectativa do IBS é a de que as vendas totais de 2003 ultrapassem as de 2002, alcançando 28,9 milhões de toneladas.
O motivo é simples: apenas no primeiro semestre, as exportações já ficaram 31,2% maiores em volume em relação aos seis primeiros meses do ano anterior.
Em valores, as vendas cresceram 70,2%, atingindo cifra recorde de US$ 1,735 bilhão.
O IBS também prevê que as exportações ultrapassem os 13 milhões de toneladas até dezembro, ante 11,7 milhões de toneladas de aço vendidas para o exterior no ano passado. "O aumento em valores se deve à recuperação de preços e a um mix melhor de produtos", justificou o presidente do IBS, José Armando Campos.
O executivo endossou as críticas feitas na segunda-feira pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, à indústria automotiva. Segundo Furlan, as empresas continuaram aumentando sua produção mesmo com a queda nas vendas.
Campos lembrou que o PIB industrial cresceu apenas 0,1% de janeiro a junho, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já a indústria de bens de consumo duráveis, que engloba o setor automotivo, despencou 4,5%.
Ainda assim, as vendas de aços planos para o segmento automotivo se expandiram 5,1% no primeiro semestre de 2003 sobre o mesmo período do ano passado. Se essas vendas forem comparadas ao total do segundo semestre de 2002, o aumento foi de 14,3%.
"O setor automobilístico deve ser olhado com cuidado. Eles não diminuíram sua produção, pelo contrário", observou.
Segundo Campos, o setor se vale agora desse argumento para barganhar a redução de impostos com o governo federal. Em resposta a Furlan, a Anfavea, que representa as montadoras, dissera que a redução do IPI é uma "ponte" para um momento em que a economia deve estar recuperada.


Texto Anterior: Nível de emprego industrial recua pelo quarto mês
Próximo Texto: Em crise, empresas diminuem ritmo de lançamento de produtos
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.