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Queda no mercado interno leva siderúrgicas a elevar exportações
JULIANA RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O desaquecimento da economia
do país está mudando os planos
da indústria siderúrgica brasileira
neste ano. Com uma previsão de
queda de 1,5% a 2% das vendas
totais para o mercado doméstico,
o setor já direciona uma fatia
maior da sua produção para as
exportações.
De acordo com o IBS (Instituto
Brasileiro de Siderurgia), o consumo nacional deverá atingir 15,83
milhões de toneladas de aço longo
durante este ano, o pior resultado
desde 2000, quando ficou em
14,9 milhões de toneladas.
A venda doméstica de aços longos, usados principalmente na
construção civil, já caiu 10,1% de
janeiro a julho, se comparada ao
mesmo período de 2002. Nos 12
meses anteriores a julho, o recuo
foi de 20,1%.
Ainda que a crise esteja assombrando o mercado interno, a expectativa do IBS é a de que as vendas totais de 2003 ultrapassem as
de 2002, alcançando 28,9 milhões
de toneladas.
O motivo é simples: apenas no
primeiro semestre, as exportações já ficaram 31,2% maiores em
volume em relação aos seis primeiros meses do ano anterior.
Em valores, as vendas cresceram 70,2%, atingindo cifra recorde de US$ 1,735 bilhão.
O IBS também prevê que as exportações ultrapassem os 13 milhões de toneladas até dezembro,
ante 11,7 milhões de toneladas de
aço vendidas para o exterior no
ano passado. "O aumento em valores se deve à recuperação de
preços e a um mix melhor de produtos", justificou o presidente do
IBS, José Armando Campos.
O executivo endossou as críticas
feitas na segunda-feira pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz
Fernando Furlan, à indústria automotiva. Segundo Furlan, as empresas continuaram aumentando
sua produção mesmo com a queda nas vendas.
Campos lembrou que o PIB industrial cresceu apenas 0,1% de
janeiro a junho, de acordo com o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já a indústria
de bens de consumo duráveis,
que engloba o setor automotivo,
despencou 4,5%.
Ainda assim, as vendas de aços
planos para o segmento automotivo se expandiram 5,1% no primeiro semestre de 2003 sobre o
mesmo período do ano passado.
Se essas vendas forem comparadas ao total do segundo semestre
de 2002, o aumento foi de 14,3%.
"O setor automobilístico deve
ser olhado com cuidado. Eles não
diminuíram sua produção, pelo
contrário", observou.
Segundo Campos, o setor se vale agora desse argumento para
barganhar a redução de impostos
com o governo federal. Em resposta a Furlan, a Anfavea, que representa as montadoras, dissera
que a redução do IPI é uma "ponte" para um momento em que a
economia deve estar recuperada.
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