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Em crise, empresas diminuem ritmo de lançamento de produtos
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em recessão, a indústria coloca
em banho-maria os planos para
renovar linhas de produtos. Há
empresas de alimentos e eletrônicos que tomaram esse caminho.
Há algumas, consultadas pela Folha, que ainda mantêm os planos.
A Perdigão planeja lançar 32
produtos neste ano, incluindo os
projetos de novas mercadorias da
Batavo -marca do grupo. O número é inferior ao de 2002 (42) e o
menor desde quando a empresa
incorporou a Batavo, em 2000.
Ainda na área de alimentos, a
Sadia também reduziu a velocidade de renovação de linhas. De janeiro a junho, lançou 18 mercadorias. Ainda que dobre esse volume
no segundo semestre, chegará a
36. Em 2002 foram 56 novos itens.
Explica-se: o troca-troca de produtos nas prateleiras deixou de
ser prioridade no atual momento
de demanda interna desaquecida.
O varejo eletroeletrônico contou neste ano com lançamentos
basicamente em duas áreas: aparelhos de som e DVD. Semp Toshiba, Britânia, Philips e Sony se
movimentaram nesse sentido. Há
ainda lançamentos pontuais de
itens de maior valor agregado, como TVs de tela grande.
A Arno disse que manteve em
2003 o número de lançamentos
verificado em 2002.
Na área de bebidas, a nova
Brahma Light, da AmBev, que teve seu lançamento divulgado nesta semana, "é um relançamento
com nova roupagem", diz Daniel
Pasquali, analista da Fator Doria
Atherino. A primeira Brahma
Light foi lançada em 1982.
A empresa diz que a bebida é
um novo produto, já que tem
conceito e características diferentes da mercadoria do passado.
As decisões de cortar lançamentos precisam ser analisadas dentro de um contexto. "Renda em
declínio e poucas perspectivas de
rápida recuperação no consumo
levaram algumas empresas como
a Sadia a rever seu portfólio de
lançamentos", explica Pasquali.
"Assim como a Sadia, a AmBev
entrou num período de poucos
lançamentos. Há uma programação de coisas novas mais para
frente", diz ele.
Produto novo na prateleira requer investimento em tecnologia,
pesquisa e desenvolvimento e
marketing. Isso custa dinheiro.
"O ideal é investir mais recursos
quando há retração. Porém, nem
sempre é possível. Nós ainda
mantemos a previsão de renovar
50% de nossa linha de produtos,
como em 2002", diz Carlos Tilkiam, presidente da Estrela.
Para criar uma nova linha de
tempero da Maggi, da Nestlé, por
exemplo, foram investidos R$ 20
milhões neste ano. De janeiro a
maio, porém, houve queda nas
vendas de temperos prontos de
15%, segundo o Ibope. A empresa
informou, há dois meses, a suspensão temporária do lançamento de 20 dos 60 produtos previstos
em 2003. Isso pode ser revisto.
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