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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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Em crise, empresas diminuem ritmo de lançamento de produtos

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em recessão, a indústria coloca em banho-maria os planos para renovar linhas de produtos. Há empresas de alimentos e eletrônicos que tomaram esse caminho. Há algumas, consultadas pela Folha, que ainda mantêm os planos.
A Perdigão planeja lançar 32 produtos neste ano, incluindo os projetos de novas mercadorias da Batavo -marca do grupo. O número é inferior ao de 2002 (42) e o menor desde quando a empresa incorporou a Batavo, em 2000.
Ainda na área de alimentos, a Sadia também reduziu a velocidade de renovação de linhas. De janeiro a junho, lançou 18 mercadorias. Ainda que dobre esse volume no segundo semestre, chegará a 36. Em 2002 foram 56 novos itens. Explica-se: o troca-troca de produtos nas prateleiras deixou de ser prioridade no atual momento de demanda interna desaquecida.
O varejo eletroeletrônico contou neste ano com lançamentos basicamente em duas áreas: aparelhos de som e DVD. Semp Toshiba, Britânia, Philips e Sony se movimentaram nesse sentido. Há ainda lançamentos pontuais de itens de maior valor agregado, como TVs de tela grande.
A Arno disse que manteve em 2003 o número de lançamentos verificado em 2002.
Na área de bebidas, a nova Brahma Light, da AmBev, que teve seu lançamento divulgado nesta semana, "é um relançamento com nova roupagem", diz Daniel Pasquali, analista da Fator Doria Atherino. A primeira Brahma Light foi lançada em 1982.
A empresa diz que a bebida é um novo produto, já que tem conceito e características diferentes da mercadoria do passado.
As decisões de cortar lançamentos precisam ser analisadas dentro de um contexto. "Renda em declínio e poucas perspectivas de rápida recuperação no consumo levaram algumas empresas como a Sadia a rever seu portfólio de lançamentos", explica Pasquali.
"Assim como a Sadia, a AmBev entrou num período de poucos lançamentos. Há uma programação de coisas novas mais para frente", diz ele.
Produto novo na prateleira requer investimento em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento e marketing. Isso custa dinheiro. "O ideal é investir mais recursos quando há retração. Porém, nem sempre é possível. Nós ainda mantemos a previsão de renovar 50% de nossa linha de produtos, como em 2002", diz Carlos Tilkiam, presidente da Estrela.
Para criar uma nova linha de tempero da Maggi, da Nestlé, por exemplo, foram investidos R$ 20 milhões neste ano. De janeiro a maio, porém, houve queda nas vendas de temperos prontos de 15%, segundo o Ibope. A empresa informou, há dois meses, a suspensão temporária do lançamento de 20 dos 60 produtos previstos em 2003. Isso pode ser revisto.


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