UOL


São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANO DO DRAGÃO

Após sucessivos aumentos, empresas reduzem margem de lucro e colaboram para 6ª queda seguida de preços da Fipe

Agora, oligopólio mantém deflação em SP

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

São Paulo registrou neste início de mês a sexta semana seguida de deflação. Esse comportamento dos preços contraria as previsões do mercado e da própria Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que esperava a volta da inflação (taxa positiva).
Nos últimos 30 dias até 7 deste mês, os preços registraram queda de 0,01%. Diante dessa persistência da deflação, a Fipe refez as estimativas de inflação para este mês e agora prevê taxa de 0,60% -a anterior era de 0,80%. A taxa menor neste mês dá maior folga à previsão de 7,5% para este ano, diz Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe.
Dois fatores fizeram a Fipe reduzir a estimativa de inflação deste mês: queda nos preços dos produtos oligopolizados e a não-definição do aumento da taxa de água e esgoto. A continuidade das quedas nos preços dos alimentos e dos combustíveis também vai auxiliar na concretização dessa taxa de 0,60%, diz ele.
O cenário inflacionário mudou, diz Heron, e um dos motivos é a desaceleração nos preços dos alimentos industrializados e dos produtos de higiene e de limpeza.
Como poucas empresas dominam esses setores, no final do ano passado, devido à elevação do dólar e à mudança de governo, elas resolveram manter as margens na comercialização dos produtos sem se preocupar em perder espaço no mercado.
Passadas as pressões do dólar e os efeitos da troca de governo, essas empresas voltaram a se preocupar em manter participação no mercado, diminuindo as margens de lucratividade, segundo o economista. Com isso, os alimentos industrializados tiveram queda de 0,46% nos últimos 30 dias. Já os produtos de higiene e de limpeza caíram 0,42% e os de limpeza chegaram a cair 3%, como foi o caso do sabão em pó.
A inflação terá poucos itens de pressão nas próximas semanas, e eles já estão definidos. O maior peso virá das tarifas de energia elétrica e de telefonia. A taxa de água e esgoto deve ser definida nas próximas semanas. O economista da Fipe espera, ainda, um acerto nos preços do álcool, que caiu muito em julho, e nos dos alimentos, que não registram aumentos há nove semanas.

Nos trilhos
Heron diz que o surto inflacionário dos últimos meses já passou. Ele acredita que as taxas vão convergir para 5% no próximo ano e, aos poucos, para 2%. Governo e sociedade deveriam se preocupar em manter uma taxa próxima desse patamar, diz ele.
A instabilidade inflacionária dos últimos anos foi que gerou toda essa "confusão regulatória": contestações nas correções de contratos, necessidade de Proer (auxílio aos bancos), mudanças na Lei de Falências e dificuldades de alongamento da dívida interna, diz o economista da Fipe.
O câmbio foi o grande responsável pelos altos e baixos da inflação. A volatilidade atual, no entanto, é menor, o que deve gerar mais superávit e maior estabilidade inflacionária.
Heron diz que a manutenção da inflação em taxas próximas a 2% ao ano é muito importante. Se o país resolver o problema da inflação, acerta os rumos da economia em definitivo, diz o economista.


Texto Anterior: Em crise, empresas diminuem ritmo de lançamento de produtos
Próximo Texto: IGP-DI é negativo pelo 3º mês seguido
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.