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ANO DO DRAGÃO
Após sucessivos aumentos, empresas reduzem margem de lucro e colaboram para 6ª queda seguida de preços da Fipe
Agora, oligopólio mantém deflação em SP
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
São Paulo registrou neste início
de mês a sexta semana seguida de
deflação. Esse comportamento
dos preços contraria as previsões
do mercado e da própria Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas), que esperava a volta da inflação (taxa positiva).
Nos últimos 30 dias até 7 deste
mês, os preços registraram queda
de 0,01%. Diante dessa persistência da deflação, a Fipe refez as estimativas de inflação para este mês
e agora prevê taxa de 0,60% -a
anterior era de 0,80%. A taxa menor neste mês dá maior folga à
previsão de 7,5% para este ano,
diz Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe.
Dois fatores fizeram a Fipe reduzir a estimativa de inflação deste mês: queda nos preços dos produtos oligopolizados e a não-definição do aumento da taxa de água
e esgoto. A continuidade das quedas nos preços dos alimentos e
dos combustíveis também vai auxiliar na concretização dessa taxa
de 0,60%, diz ele.
O cenário inflacionário mudou,
diz Heron, e um dos motivos é a
desaceleração nos preços dos alimentos industrializados e dos
produtos de higiene e de limpeza.
Como poucas empresas dominam esses setores, no final do ano
passado, devido à elevação do dólar e à mudança de governo, elas
resolveram manter as margens na
comercialização dos produtos
sem se preocupar em perder espaço no mercado.
Passadas as pressões do dólar e
os efeitos da troca de governo, essas empresas voltaram a se preocupar em manter participação no
mercado, diminuindo as margens
de lucratividade, segundo o economista. Com isso, os alimentos
industrializados tiveram queda
de 0,46% nos últimos 30 dias. Já
os produtos de higiene e de limpeza caíram 0,42% e os de limpeza
chegaram a cair 3%, como foi o
caso do sabão em pó.
A inflação terá poucos itens de
pressão nas próximas semanas, e
eles já estão definidos. O maior
peso virá das tarifas de energia
elétrica e de telefonia. A taxa de
água e esgoto deve ser definida
nas próximas semanas. O economista da Fipe espera, ainda, um
acerto nos preços do álcool, que
caiu muito em julho, e nos dos alimentos, que não registram aumentos há nove semanas.
Nos trilhos
Heron diz que o surto inflacionário dos últimos meses já passou. Ele acredita que as taxas vão
convergir para 5% no próximo
ano e, aos poucos, para 2%. Governo e sociedade deveriam se
preocupar em manter uma taxa
próxima desse patamar, diz ele.
A instabilidade inflacionária
dos últimos anos foi que gerou toda essa "confusão regulatória":
contestações nas correções de
contratos, necessidade de Proer
(auxílio aos bancos), mudanças
na Lei de Falências e dificuldades
de alongamento da dívida interna, diz o economista da Fipe.
O câmbio foi o grande responsável pelos altos e baixos da inflação. A volatilidade atual, no entanto, é menor, o que deve gerar
mais superávit e maior estabilidade inflacionária.
Heron diz que a manutenção da
inflação em taxas próximas a 2%
ao ano é muito importante. Se o
país resolver o problema da inflação, acerta os rumos da economia
em definitivo, diz o economista.
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