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CONTAS VIGIADAS
Secretaria vê negligência de instituição ao aplicar limite maior no banco; prejuízo chegou a R$ 151 milhões
Dirigentes de fundo são condenados por perdas com Santos
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nove dirigentes do Real Grandeza (fundo de pensão dos funcionários de Furnas) foram condenados pela SPC (Secretaria de
Previdência Complementar) por
aplicações no Banco Santos, que
geraram prejuízo de R$ 151 milhões para a entidade. A perda representa 4,52% dos investimentos
totais do fundo (R$ 3,3 bilhões).
"Houve imprudência, negligência e violação de normas de controle", afirmou o secretário de
Previdência Complementar, Adacir Reis, ao anunciar a punição
para os dirigentes. Os nove condenados serão obrigados a pagar
multa de R$ 20 mil, como pessoa
física. Além disso, três deles foram punidos com a pena máxima
de inabilitação pelo prazo de dez
anos. Nesse período, eles não podem exercer atividades no sistema de previdência complementar, seguradoras e serviço público.
Outros dois, inclusive o presidente do fundo de pensão, Marcos Antônio de Carvalho Gomes,
foram penalizados com suspensão pelo prazo de 180 dias. Os
condenados ainda podem recorrer da decisão ao Conselho de
Gestão da Previdência Complementar, última instância de recurso na esfera administrativa.
Procurado pela Folha, o Real
Grandeza informou que os dirigentes recorrerão da decisão da
secretaria no conselho e, se necessário, na Justiça. Segundo a entidade, em 15 dias (prazo para apresentação do recurso), nada muda.
Essa foi a primeira condenação
para uma entidade nos 56 casos
de fundos de pensão que aplicaram recursos no Banco Santos.
Segundo a SPC, o prejuízo dessas
entidades pode chegar a R$ 550
milhões. A situação do Real Grandeza é considerada a mais grave.
Outros quatro fundos de pensão já foram autuados pela secretaria, mas o processo ainda não
foi concluído. As entidades ainda
estão apresentando sua defesa.
"As outras investigações podem
ou não resultar em autos de infração. Além disso, existem casos em
que não se pode falar em prejuízo,
pois as aplicações podem ser recuperadas", declarou Adacir.
Na análise da secretaria sobre o
Real Grandeza, houve "demasiada exposição a risco, com violação
de limite de aplicação numa única
instituição financeira, transgressão de regras fixadas pelo próprio
Comitê de Investimentos [da entidade] e não-observância de pareceres técnicos que instruíram o
processo decisório".
Segundo a SPC, relatórios periódicos emitidos pela Lopes Filho e Associados -empresa de
classificação de risco bancário
contratada pelo Real Grandeza-
mostravam que aplicações no
Santos eram consideradas de baixo risco apenas no curto prazo (90
dias). Mas o fundo de pensão aplicou R$ 151 milhões em CDBs do
banco com prazos que variavam
de 730 a 840 dias. Por serem papéis de médio e alto risco, a legislação limita a aplicação a até 15%
do patrimônio líquido da instituição. Quando o BC interveio no
Santos, no entanto, as aplicações
nesses papéis chegavam a 25,17%.
O Real Grandeza justifica o investimento afirmando que cinco
agências de classificação de risco
reconhecidas nacional e internacionalmente não classificavam o
Banco Santos como aplicação de
médio ou alto risco. Segundo a
entidade, os relatórios da Lopes e
Filho eram usados apenas como
mais um elemento na tomada de
decisão. O critério para definição
se baseava, principalmente, nas
cinco agências de classificação.
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