São Paulo, Sexta-feira, 13 de Agosto de 1999
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PREÇOS
Taxa recua de 1,09% para 1,08% no início de agosto; economista critica pessimismo
Inflação pára de subir em São Paulo, constata a Fipe

MAURO ZAFALON
da Redação

A taxa de inflação se manteve estável em São Paulo no início de agosto, em relação ao mês passado. Segundo dados divulgados ontem pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o Índice de Preços ao Consumidor teve alta de 1,08% nos últimos 30 dias terminados em 7 deste agosto, contra 1,09% em julho.
Na opinião de Heron do Carmo, coordenador do IPC, o momento atual não é para tanto pessimismo como o que estão mostrando os analistas. "A situação não está uma beleza, mas é bem melhor do que a apontada por esses mesmos analistas no início do ano, quando previam inflação de pelo 20% e queda do PIB de 4% ou mais".
O economista da Fipe diz que há um descompasso entre as análises de curto e de médio prazos. As de curto prazo apontam para uma situação conturbada, enquanto as de médio prazo admitem controle de inflação, queda pequena do PIB e recuperação econômica.
Heron do Carmo diz que essa pressão nas taxas de inflação já era esperada, após o tarifaço do governo. Da taxa de 1,08% divulgada ontem pela Fipe, 77% vêm das tarifas e combustíveis. A partir deste mês, quando a taxa deve ficar em 0,9%, um pouco acima do 0,7% previsto pela Fipe na semana passada, a trajetória da inflação é de baixa. Em setembro, os preços devem subir, em média, apenas 0,4%, diz Heron.
Para o economista da Fipe, não há razão para tanto pessimismo porque o país está saindo da recessão, acabou o risco cambial (as altas e baixas do momento fazem parte das novas regras) e boa parte das reformas necessárias já foi feita.
Agora, Previdência e reforma administrativa são as principais, afirmou.
A taxa de inflação do paulistano ainda está sendo pressionada por tarifas e combustíveis. Na primeira quadrissemana de julho, os cinco principais itens de peso no índice foram luz, gasolina, água e esgoto, álcool combustível e gás de cozinha. Juntos, somaram inflação de 0,82% no período.
A Fipe refez para cima as previsões de inflação de agosto porque, enquanto as tarifas perdem força, os alimentos começam a subir. Na primeira quadrissemana de agosto houve alta de 0,43% no setor, a primeira alta em 15 semanas. As principais altas ocorrem nas carnes e produtos "in natura". O reajustes dos preços dos alimentos barram, no entanto, na demanda fraca, devido à queda de renda dos consumidores.
Se os alimentos vão pressionar, os preços de vestuário devem tomar caminho inverso. Agosto é um período de liquidações, e as quedas no setor vão inibir um pouco a pressão dos alimentos.
Os demais setores analisados pela Fipe não devem ter grandes alterações. Os custos com habitação, devido aos reajustes de tarifas, vão manter taxa de elevação próxima à atual, de 1,94%. No setor de transportes, a Fipe começa a registrar queda nos preços do álcool e aumentos da gasolina com menor impacto do que no mês passado.

Baixa renda
Apesar dessa relativa estabilidade da taxa de inflação a partir do próximo mês, para quando a alta prevista é de 0,4%, Heron do Carmo diz que a mais prejudicada no momento é a população de baixa renda.
A soma dos pequenos gastos com os aumentos de energia, água, gasolina, gás etc. acaba pesando muito mais no bolso dos pobres do que no dos consumidores da classe média, diz ele.


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