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PREÇOS
Taxa recua de 1,09% para 1,08% no início de agosto; economista critica pessimismo
Inflação pára de subir em São Paulo, constata a Fipe
MAURO ZAFALON
da Redação
A taxa de inflação se manteve
estável em São Paulo no início de
agosto, em relação ao mês passado. Segundo dados divulgados
ontem pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o
Índice de Preços ao Consumidor
teve alta de 1,08% nos últimos 30
dias terminados em 7 deste agosto, contra 1,09% em julho.
Na opinião de Heron do Carmo,
coordenador do IPC, o momento
atual não é para tanto pessimismo
como o que estão mostrando os
analistas. "A situação não está
uma beleza, mas é bem melhor do
que a apontada por esses mesmos
analistas no início do ano, quando previam inflação de pelo 20% e
queda do PIB de 4% ou mais".
O economista da Fipe diz que há
um descompasso entre as análises
de curto e de médio prazos. As de
curto prazo apontam para uma
situação conturbada, enquanto as
de médio prazo admitem controle de inflação, queda pequena do
PIB e recuperação econômica.
Heron do Carmo diz que essa
pressão nas taxas de inflação já
era esperada, após o tarifaço do
governo. Da taxa de 1,08% divulgada ontem pela Fipe, 77% vêm
das tarifas e combustíveis. A partir deste mês, quando a taxa deve
ficar em 0,9%, um pouco acima
do 0,7% previsto pela Fipe na semana passada, a trajetória da inflação é de baixa. Em setembro, os
preços devem subir, em média,
apenas 0,4%, diz Heron.
Para o economista da Fipe, não
há razão para tanto pessimismo
porque o país está saindo da recessão, acabou o risco cambial (as
altas e baixas do momento fazem
parte das novas regras) e boa parte das reformas necessárias já foi
feita.
Agora, Previdência e reforma
administrativa são as principais,
afirmou.
A taxa de inflação do paulistano
ainda está sendo pressionada por
tarifas e combustíveis. Na primeira quadrissemana de julho, os
cinco principais itens de peso no
índice foram luz, gasolina, água e
esgoto, álcool combustível e gás
de cozinha. Juntos, somaram inflação de 0,82% no período.
A Fipe refez para cima as previsões de inflação de agosto porque,
enquanto as tarifas perdem força,
os alimentos começam a subir.
Na primeira quadrissemana de
agosto houve alta de 0,43% no setor, a primeira alta em 15 semanas. As principais altas ocorrem
nas carnes e produtos "in natura".
O reajustes dos preços dos alimentos barram, no entanto, na
demanda fraca, devido à queda de
renda dos consumidores.
Se os alimentos vão pressionar,
os preços de vestuário devem tomar caminho inverso. Agosto é
um período de liquidações, e as
quedas no setor vão inibir um
pouco a pressão dos alimentos.
Os demais setores analisados
pela Fipe não devem ter grandes
alterações. Os custos com habitação, devido aos reajustes de tarifas, vão manter taxa de elevação
próxima à atual, de 1,94%. No setor de transportes, a Fipe começa
a registrar queda nos preços do álcool e aumentos da gasolina com
menor impacto do que no mês
passado.
Baixa renda
Apesar dessa relativa estabilidade da taxa de inflação a partir do
próximo mês, para quando a alta
prevista é de 0,4%, Heron do Carmo diz que a mais prejudicada no
momento é a população de baixa
renda.
A soma dos pequenos gastos
com os aumentos de energia,
água, gasolina, gás etc. acaba pesando muito mais no bolso dos
pobres do que no dos consumidores da classe média, diz ele.
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