São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2001

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SOCORRO

País deve receber US$ 17 bi em 2002, segundo admite governo no acordo com o FMI; em 2000 entraram US$ 32,78 bi

Investimentos estrangeiros vão minguar

Alan Marques/Folha Imagem
O ministro Pedro Malan, ontem durante depoimento em comissão mista da Câmara


NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil deve receber US$ 17 bilhões em investimento direto estrangeiro em 2002, segundo as estimativas que constam do acordo fechado com o FMI (Fundo Monetário Internacional) no início de agosto. O número é quase a metade dos US$ 32,78 bilhões, que entraram no ano passado.
Este ano está prevista a entrada de US$ 20 bilhões que devem ser investidos neste ano.
A nova previsão só foi conhecida ontem, 40 dias depois de concluídas as negociações com o Fundo, com a divulgação do memorando de entendimentos, que contém os detalhes do acordo. O novo número é menor do que a estimativa de US$ 20 bilhões anunciada por membros da equipe econômica logo depois do anúncio do novo acordo.
De acordo com o memorando, os investimentos estrangeiros recebidos pelo Brasil irão cobrir cerca de 70% do déficit externo que deve ser registrado no ano que vem. O restante virá de empréstimos contraídos no mercado internacional. Essas previsões foram feitas em julho, durante as negociações entre o governo brasileiro e o FMI.
A queda dos investimentos estrangeiros preocupa porque, num cenário de desaquecimento da economia mundial -agravado pelos atentados ocorridos nos Estados Unidos-, deve ficar mais difícil, para países emergentes, captar recursos no exterior.
Essa preocupação foi demonstrada pelo próprio presidente Fernando Henrique Cardoso anteontem durante reunião do Conselho Nacional de Defesa.
O ministro Pedro Malan (Fazenda) esteve ontem na Câmara dos Deputados para explicar os termos do acordo com o FMI. Malan disse que a vulnerabilidade da economia brasileira a crises externas não é tão grande quanto se pensa. "A dívida externa não é o problema que muitos pretendem demonstrar", afirmou.
Segundo ele, a dívida externa não é tão preocupante porque a maior parte dela é de responsabilidade da iniciativa privada, e não do governo. Além disso, Malan disse que o aumento nas exportações, esperados para os próximos anos, deverá ajudar a melhorar a situação das contas externas.
O acordo com o FMI prevê um superávit de US$ 2 bilhões no ano que vem. Para este ano, a projeção é de um "modesto déficit". O Banco Central estima que esse "modesto déficit" seja de US$ 500 milhões na balança comercial.
O acordo com o FMI vai permitir que o Brasil receba um empréstimo de US$ 15 bilhões, dividido em parcelas que podem ser sacadas pelo governo até 2002. A primeira parte, de US$ 4,6 bilhões, estará disponível a partir de amanhã, quando a diretoria do Fundo deve aprovar o acordo.
Malan não quis dizer se o Brasil irá sacar ou não essa primeira parcela. O memorando de entendimentos, no entanto, sinaliza que o governo pretende sacar cerca de US$ 2,2 bilhões até o final deste ano.


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