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LEÃO GULOSO
Boa parte do aumento se deve a receitas extras que não devem se repetir
Arrecadação acumula alta de 19% sobre o ano passado
MARIANA MAINENTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A arrecadação de tributos federais teve um crescimento de
18,9% nos oito primeiros meses
deste ano em relação ao mesmo
período de 2001. Em agosto, porém, a arrecadação registrou queda de 12,06% em relação ao resultado de julho.
Os números divulgados ontem
pela Receita Federal mostram que
foram arrecadados R$ 152,7 bilhões de janeiro a agosto deste
ano, R$ 24,3 bilhões a mais do que
no mesmo período de 2001. Boa
parte desse aumento decorreu de
receitas extraordinárias que não
vão se repetir nos próximos anos.
A principal receita extraordinária é relativa à decisão judicial favorável à União que levou os fundos de pensão a pagarem R$ 7,4
bilhões de Imposto de Renda
atrasado. Esse valor pode crescer
caso a Previ, fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil,
pague R$ 1,7 bilhão de IR atrasado
nas próximas semanas.
Além de acertarem o pagamento atrasado, os fundos passaram
ainda a fazer o recolhimento
mensal, o que gerou mais R$ 270
milhões.
Outra receita extra de peso foi a
relativa à desistência de ações judiciais em troca do pagamento de
débitos parcelados em atraso, o
que foi permitido pela medida
provisória 38, editada neste ano.
Essa medida foi responsável por
uma receita extra deu quase R$ 1,9
bilhão nos cofres públicos.
Também contribuiu para o resultado a realização de lucro por
empresas estatais, especialmente
a Petrobras. O Imposto de Renda
pago pelas estatais, que não constava nas previsões da Receita, foi
de mais R$ 1,9 bilhão. Somadas,
todas essas receitas resultam em
46% dos R$ 24, 3 bilhões que foram arrecadados a mais neste
ano.
Queda em agosto
No mês passado, a arrecadação
teve queda de 12,06% em agosto
em relação a julho. Foram arrecadados R$ 18,7 bilhões em agosto e
R$ 21,3 bilhões no mês anterior.
O secretário-adjunto da Receita
Federal Jorge Rachid explicou que
a queda em agosto foi provocada
especialmente pelo menor volume arrecadado em desistências de
ações judiciais. Pela MP 38, as empresas que desistissem de ações
contra a União passariam a ter o
direito ao parcelamento do débito
em até seis vezes, regra que passou a valer em julho.
"A maior parte delas optou por
concentrar os pagamentos em julho", disse Rachid. Com isso, a
Receita arrecadou R$ 737, 9 milhões com esses pagamentos em
agosto, enquanto em julho havia
arrecadado R$ 1,1 bilhão.
Além disso, o fato de agosto ter
tido quatro semanas para fins de
arrecadação de tributos contra
cinco semanas em julho influenciou a queda na receita dos seguinte tributos: Imposto de Renda Retido na Fonte (-18,11%), Imposto sobre Operações Financeiras (-13,95%) e CPMF (-19,30%).
O resultado de julho também foi
influenciado pelo pagamento da
primeira cota ou cota única do
Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL)
referentes ao fechamento trimestral feito em junho. Em conseqüência disto, houve queda de
37,45% no IRPJ e de 35,03% na
CSLL na arrecadação desses tributos em agosto.
Entre as instituições financeiras,
entretanto, houve acréscimo nessas contribuições no mês passado: de 15,72% no IRPJ e de 34,88%
na CSLL, fruto de arrecadações
atípicas de R$ 70 milhões e R$ 60
milhões, respectivamente.
Em relação a agosto de 2001
houve crescimento na arrecadação, de 12,68%. Isto porque foi
criada a Cide (contribuição sobre
o consumo de combustíveis), que
diminuiu a sonegação fiscal no setor.
IPI de carros
Apesar da redução da alíquota
do IPI de carros, a arrecadação do
imposto aumentou 5,2% em
agosto quando comparado com
julho. A receita com esse tributo
passou de R$ 185,9 milhões em julho para R$ 195,7 milhões em
agosto
Rachid disse que esse resultado
reflete o crescimento da venda
dos "carros intermediários", cujo
preço é maior que o dos populares. Em agosto, para estimular a
venda de carros, o governo reduziu o IPI de carros intermediários
de 25% para 16% (gasolina) e 14%
(álcool). As alíquotas dos carros
populares também foram reduzidas, mas numa proporção menor.
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