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FMI só ajuda a Argentina mediante calendário para eliminar "corralito"
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O FMI (Fundo Monetário Internacional) quer que o governo argentino estabeleça um cronograma para eliminar totalmente as restrições para os saques de depósitos bancários antes de fechar um novo acordo com o país.
A exigência foi transmitida pela vice-diretora-gerente do Fundo, Anne Krueger, que se reuniu com o secretário de Finanças, Guillermo Nielsen, e o presidente do
Banco Central, Aldo Pignanelli.
Os dois funcionários argentinos haviam viajado a Washington
com a esperança de que a eliminação das restrições para o saque
dos depósitos inferiores a 7.000
pesos, anunciada na última terça-feira, já poderia ser suficiente para
agradar ao organismo.
No entanto, além do cronograma, Krueger também exigiu que o
governo defina um plano de ação
para lidar com as prováveis dificuldades bancárias após a eliminação total das restrições.
Preocupação
Pela manhã, o porta-voz do
FMI, Thomas Dawson, havia manifestado a "preocupação" do organismo com as "claras" dificuldades políticas enfrentadas pelo
governo do país, que impedem
que haja avanços e seja fechado o
acordo.
"A difícil situação que eles [os
argentinos" estão enfrentando,
em termos de poder alcançar progressos internamente, é um problema", afirmou.
As dificuldades são reconhecidas pelo próprio ministro Roberto Lavagna (Economia), que tem
acusado o Congresso e a Justiça
de atrapalhar as negociações.
Dívida trabalhista
Anteontem, o Senado derrubou
um veto presidencial que suspendia o pagamento de dívidas trabalhistas a 22 mil ex-funcionários da
petrolífera YPF -privatizada em
1993- e criou um rombo de
aproximadamente 880 milhões
de pesos (US$ 240 milhões) nas
contas públicas.
A Justiça, por sua vez, determinou que o governo suspenda o
corte de 13% no valor de 550 mil
aposentadorias -vigente desde
julho do ano passado- e devolva
em dinheiro os valores retroativos, o que representa um custo de
cerca de 1,2 bilhão de pesos (US$
335 milhões) até o final deste ano.
O governo já anunciou que vai recorrer dessa decisão.
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