São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 2002

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FMI só ajuda a Argentina mediante calendário para eliminar "corralito"

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

O FMI (Fundo Monetário Internacional) quer que o governo argentino estabeleça um cronograma para eliminar totalmente as restrições para os saques de depósitos bancários antes de fechar um novo acordo com o país.
A exigência foi transmitida pela vice-diretora-gerente do Fundo, Anne Krueger, que se reuniu com o secretário de Finanças, Guillermo Nielsen, e o presidente do Banco Central, Aldo Pignanelli.
Os dois funcionários argentinos haviam viajado a Washington com a esperança de que a eliminação das restrições para o saque dos depósitos inferiores a 7.000 pesos, anunciada na última terça-feira, já poderia ser suficiente para agradar ao organismo.
No entanto, além do cronograma, Krueger também exigiu que o governo defina um plano de ação para lidar com as prováveis dificuldades bancárias após a eliminação total das restrições.

Preocupação
Pela manhã, o porta-voz do FMI, Thomas Dawson, havia manifestado a "preocupação" do organismo com as "claras" dificuldades políticas enfrentadas pelo governo do país, que impedem que haja avanços e seja fechado o acordo.
"A difícil situação que eles [os argentinos" estão enfrentando, em termos de poder alcançar progressos internamente, é um problema", afirmou.
As dificuldades são reconhecidas pelo próprio ministro Roberto Lavagna (Economia), que tem acusado o Congresso e a Justiça de atrapalhar as negociações.

Dívida trabalhista
Anteontem, o Senado derrubou um veto presidencial que suspendia o pagamento de dívidas trabalhistas a 22 mil ex-funcionários da petrolífera YPF -privatizada em 1993- e criou um rombo de aproximadamente 880 milhões de pesos (US$ 240 milhões) nas contas públicas.
A Justiça, por sua vez, determinou que o governo suspenda o corte de 13% no valor de 550 mil aposentadorias -vigente desde julho do ano passado- e devolva em dinheiro os valores retroativos, o que representa um custo de cerca de 1,2 bilhão de pesos (US$ 335 milhões) até o final deste ano. O governo já anunciou que vai recorrer dessa decisão.


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