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INVESTIMENTO SOCIAL
"Empresa deve ser voz da sociedade"
Para Peggy Dulany, filha de David Rockefeller, companhias podem reduzir pobreza
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
As empresas e as suas associações e fundações têm um papel
primordial a desempenhar na
"construção de pontes" para reduzir a distância entre ricos e
pobres e ajudar a resolução dos
problemas da exclusão social
nos países em desenvolvimento.
A mensagem é de Peggy Dulany, fundadora e presidente do
Instituto Synergos, dos EUA,
uma entidade dedicada à promoção da filantropia e da responsabilidade social do setor
empresarial.
Peggy Dulany, que é filha do
bilionário banqueiro norte-americano David Rockefeller,
presidente do conselho internacional do Chase Manhattan
Bank, fez uma palestra em São
Paulo, neste mês, no debate
"Empresa e Investimento Social", promovido pelo Gife (Grupo de Fundações, Institutos e
Empresas).
Com um português quase perfeito, adquirido em visitas regulares ao Brasil, Peggy Dulany
disse à Folha que as associações
e fundações empresariais têm de
assumir no mundo contemporâneo o papel de porta-vozes dos
interesses da sociedade civil junto ao governo e ao mercado.
A seguir, trechos da entrevista.
Folha - O que é o Instituto
Synergos?
Peggy Dulany - A missão do
Synergos, que fundei há 14 anos,
é promover formas efetivas para
ajudar a resolução do problema
da pobreza no mundo por meio
do investimento social das empresas. Nosso objetivo é incentivar as associações e fundações
de empresas a assumir uma forma de liderança que chamamos
de construção de pontes para reduzir as lacunas entre ricos e pobres, ideologias, religiões, etnias,
regiões geográficas e setores. Temos parcerias com organizações
não-governamentais em nove
países: Brasil, Equador, México,
África do Sul, Moçambique,
Zimbábue, Filipinas, Indonésia
e Tailândia.
Folha - Por que as empresas
devem participar de atividades
filantrópicas?
Dulany - O interesse das empresas na construção de uma sociedade civil forte, democrática,
digna e justa nem sempre é óbvio. Mas é do interesse das empresas contar com uma base forte de consumidores, com uma
economia estável e com uma
força de trabalho educada.
Folha - Como o Synergos
atua no Brasil?
Dulany - Atuamos no Brasil
por meio de parcerias com dois
grupos filantrópicos do Rio de
Janeiro, Roda Viva e Instituto
Rio, com a Fundação Abrinq e
com o Gife.
Folha - Como a sra. avalia a
atuação das fundações e associações empresariais nas áreas
da cidadania empresarial e de
investimento social no Brasil?
Dulany - É uma atividade que
está nascendo, mas que vai crescer rapidamente. O poder da filantropia das fundações vai muito além do dinheiro aplicado em
investimento social.
Folha - Por quê?
Dulany - Porque essas entidades sem fins lucrativos têm o potencial de influenciar políticas de
promoção da filantropia. Nas Filipinas, uma organização empresarial criada nos anos 70 por
55 empresários, numa época de
instabilidade econômica e política, tem hoje 170 membros. Já
aplicou US$ 32 milhões em 3,8
mil projetos de desenvolvimento socioeconômico. Nos EUA, a
organização Business for Social
Responsability cresceu, em menos de dez anos, de apenas 55
membros para 1.400 membros
em todo o país.
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