São Paulo, Segunda-feira, 13 de Setembro de 1999
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INVESTIMENTO SOCIAL
"Empresa deve ser voz da sociedade" Para Peggy Dulany, filha de David Rockefeller, companhias podem reduzir pobreza

ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local

As empresas e as suas associações e fundações têm um papel primordial a desempenhar na "construção de pontes" para reduzir a distância entre ricos e pobres e ajudar a resolução dos problemas da exclusão social nos países em desenvolvimento.
A mensagem é de Peggy Dulany, fundadora e presidente do Instituto Synergos, dos EUA, uma entidade dedicada à promoção da filantropia e da responsabilidade social do setor empresarial.
Peggy Dulany, que é filha do bilionário banqueiro norte-americano David Rockefeller, presidente do conselho internacional do Chase Manhattan Bank, fez uma palestra em São Paulo, neste mês, no debate "Empresa e Investimento Social", promovido pelo Gife (Grupo de Fundações, Institutos e Empresas).
Com um português quase perfeito, adquirido em visitas regulares ao Brasil, Peggy Dulany disse à Folha que as associações e fundações empresariais têm de assumir no mundo contemporâneo o papel de porta-vozes dos interesses da sociedade civil junto ao governo e ao mercado.
A seguir, trechos da entrevista.

Folha - O que é o Instituto Synergos?
Peggy Dulany -
A missão do Synergos, que fundei há 14 anos, é promover formas efetivas para ajudar a resolução do problema da pobreza no mundo por meio do investimento social das empresas. Nosso objetivo é incentivar as associações e fundações de empresas a assumir uma forma de liderança que chamamos de construção de pontes para reduzir as lacunas entre ricos e pobres, ideologias, religiões, etnias, regiões geográficas e setores. Temos parcerias com organizações não-governamentais em nove países: Brasil, Equador, México, África do Sul, Moçambique, Zimbábue, Filipinas, Indonésia e Tailândia.

Folha - Por que as empresas devem participar de atividades filantrópicas?
Dulany -
O interesse das empresas na construção de uma sociedade civil forte, democrática, digna e justa nem sempre é óbvio. Mas é do interesse das empresas contar com uma base forte de consumidores, com uma economia estável e com uma força de trabalho educada.

Folha - Como o Synergos atua no Brasil?
Dulany -
Atuamos no Brasil por meio de parcerias com dois grupos filantrópicos do Rio de Janeiro, Roda Viva e Instituto Rio, com a Fundação Abrinq e com o Gife.

Folha - Como a sra. avalia a atuação das fundações e associações empresariais nas áreas da cidadania empresarial e de investimento social no Brasil?
Dulany -
É uma atividade que está nascendo, mas que vai crescer rapidamente. O poder da filantropia das fundações vai muito além do dinheiro aplicado em investimento social.

Folha - Por quê?
Dulany -
Porque essas entidades sem fins lucrativos têm o potencial de influenciar políticas de promoção da filantropia. Nas Filipinas, uma organização empresarial criada nos anos 70 por 55 empresários, numa época de instabilidade econômica e política, tem hoje 170 membros. Já aplicou US$ 32 milhões em 3,8 mil projetos de desenvolvimento socioeconômico. Nos EUA, a organização Business for Social Responsability cresceu, em menos de dez anos, de apenas 55 membros para 1.400 membros em todo o país.


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