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Acordo abre precedentes
da Reportagem Local
O recente acordo firmado entre a Volkswagen e os sindicatos de metalúrgicos do ABC e
de Taubaté para evitar demissões pode influenciar futuras
negociações coletivas entre
empresas e trabalhadores.
Diante da ameaça de 7.500
demissões nas fábricas de São
Bernardo e Taubaté da Volks,
que empregam 26 mil trabalhadores, os dois sindicatos concordaram em reduzir a jornada
de trabalho e o salário de parte
dos empregados.
As duas entidades são filiadas
à CUT, que sempre rejeitou a
redução de salários.
A jornada de trabalho nas
duas fábricas será reduzida para quatro dias por semana durante três semanas po mês. Na
semana restante, a jornada será
de cinco dias, como antes.
Os salários foram reduzidos
em 15% (válido para 13% do
efetivo, aqueles que ganham
mais de R$ 2.416 por mês). A
redução será parcialmente
compensada pelo reajuste salarial de 2,98% e pela participação nos lucros e resultados.
Os funcionários que recebem
até R$ 2.416 por mês terão o
rendimento mensal garantido
pela empresa.
As montadoras tentam reduzir os gastos com os benefícios
sociais dos trabalhadores nas
negociações coletivas e o acordo da Volks pode servir como
novo argumento.
Os trabalhadores, no entanto,
devem pedir o mesmo índice
de reajuste salarial acordado
com os metalúrgicos de Taubaté e São Bernardo.
Segundo o presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, Paulo Sérgio Ribeiro Alves, as montadoras vão
ter que repassar os 2,98% de
reajuste salarial da Volks.
A data-base dos metalúrgicos
é 1º de novembro, mas as negociações caminham lentamente.
"O sindicato das montadoras
esperou sair o acordo da Volkswagen", disse o dirigente da
CUT.
Também existe a expectativa
de que o acordo influencie outros setores da indústria.
O negociador trabalhista das
empresas de autopeças, Drausio Rangel, afirma que o ano de
98 foi marcado por um novo ciclo de negociações coletivas,
onde prevaleceu a barganha.
"As empresas oferecem reajuste salarial, mas trocam pelo
excesso de adicionais. O desemprego faz os sindicatos entenderem que o emprego é o
bem maior a ser preservado",
diz o negociador.
No setor de autopeças, o reajuste concedido foi de 2,5%,
mas as reduções nos benefícios
proporcionaram uma economia de 0,8% a 1%, em média,
nos gastos de cada empresa
com a folha de pagamento.
"É a verdadeira flexibilização
do mercado de trabalho", conclui Rangel.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São
Paulo, Paulo Pereira da Silva, o
Paulinho, o acordo do VW deve abrir precedentes, o que é
positivo porque serviu para garantir empregos.
No entanto, afirma o dirigente, esse tipo de negociação é
fruto de um momento específico. "Se a economia voltar a
crescer novamente, muda o
tom da negociação", diz o sindicalista.
(MAURICIO ESPOSITO)
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