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ENERGIA
País economiza US$ 2,1 bi com queda do preço no exterior e maior produção interna, mas gasolina fica mais cara
Petróleo mais barato só favorece governo
JOSÉLIA AGUIAR
da Reportagem Local
A queda do preço do petróleo no
mercado internacional ao seu mais
baixo nível em 25 anos e o aumento da produção da Petrobrás ajudarão o país a economizar cerca de
US$ 2,1 bilhões.
Em 97, o país gastou US$ 6,2 bilhões com a importação de petróleo. A cifra deve baixar para US$
4,1 bilhões este ano, segundo Julio
Colombi Netto, diretor da ANP
(Agência Nacional do Petróleo),
criada em 97 para regulamentar,
fiscalizar e supervisionar a abertura do setor à iniciativa privada.
O aumento de até 10% nos preços
dos combustíveis no último dia 4
mostra, no entanto, que o recuo do
preço do óleo bruto no mercado
externo não tem reflexo direto no
preço pago pelo consumidor no
país.
A explicação é que o valor da gasolina nos postos inclui o que a Petrobrás paga lá fora pelo barril
-que corresponde a 21% do preço
na bomba- e também abrange
impostos, subsídios e margens de
lucro dos distribuidores e revendedores. Esses fatores respondem
pelos demais 79% do preço final.
A desregulamentação do setor,
iniciada em 1997 e com conclusão
em agosto do ano 2000, também
não garantirá necessariamente um
recuo nos preços no mercado brasileiro, afirma Pedro Martins, analista do Banco Patrimônio que
acompanha o segmento.
Isso porque, apesar da desregulamentação -que deve eliminar
subsídios e liberar o fluxo de importação e exportação-, o preço
continuará dependendo do nível
de taxação determinado pelo governo.
"A indústria do petróleo, em todo o mundo, é usada pelos governos para ajudar em sua arrecadação", diz Martins. Foi por isso que
os combustíveis aumentaram
mesmo com a contínua queda do
preço do petróleo desde o final de
97. O objetivo do governo foi aumentar sua receita.
O consultor Paulo Dutra, especialista em assessoria contábil para
postos de combustíveis, diz que a
carga tributária no país é elevada.
Dutra afirma que os preços só deverão baixar quando ocorrer uma
maior liberação da importação do
produto.
O dinheiro que a Petrobrás vai
economizar com a queda do preço
do barril e com o aumento da produção ajudará a amortizar a chamada conta-petróleo.
Com essa conta, a Petrobrás contabiliza as perdas que teve no período em que comprou petróleo
mais caro e vendeu combustíveis a
preços favorecidos ao mercado interno. Como agora o preço do óleo
bruto está mais favorável, os ganhos obtidos agora servem para
abater o déficit acumulado.
A dívida do Tesouro com a Petrobrás em virtude da conta-petróleo, que estava avaliada em mais de
R$ 7 bilhões em 96, era de R$ 4,9
bilhões no terceiro trimestre deste
ano.
A queda do preço do óleo bruto
levou duas gigantes norte-americanas do setor petrolífero, a Exxon, a maior do mundo, e a Mobil,
segunda maior dos EUA, a anunciarem uma fusão que deve criar
uma companhia de US$ 250 bilhões em valores de mercado.
O grupo francês Total, do setor
de energia, também vai adquirir
41% da empresa belga Petrofina
para formar a sexta maior companhia petrolífera do mundo.
As fusões e aquisições que estão
ocorrendo no setor petrolífero em
âmbito mundial podem levar a
uma redução do preço à medida
que as empresas vão cortar custos
e se tornar mais eficientes.
"Isso é bom para o país, que é um
importador líquido", diz Pedro
Martins, do Banco Patrimônio.
Ao mesmo tempo, as mudanças
no setor podem retardar a entrada
de algumas dessas empresas no
país, com as quais a Petrobrás espera formar parcerias.
"Se houver impacto das fusões
no país, será positivo", afirma Colombi Netto, da ANP.
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