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Modelo atual exige mais ganho de escala
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A compra do BBV pelo Bradesco é vista pelos analistas como
uma consequência da atual configuração do mercado brasileiro e
das perspectivas econômicas para
os próximos anos.
"Dentro do novo modelo de
rentabilidade, com taxas de juros
menores, os bancos terão que ter
mais receita com crédito e serviços, ou seja, ganhar no giro de
operações. Para isso é preciso que
eles cresçam para ter escala", disse Fernando Coelho, analista da
ABM Consulting.
Dentro desse cenário, o BBVA,
apesar de um número expressivo
de agências e clientes no Brasil,
deveria fazer um considerável
aporte de recursos para poder
concorrer com os grandes bancos. Como esses investimentos
não eram esperados, principalmente dentro da atual perspectiva
de mercado, era natural que o
banco fosse vendido ou fizesse
uma fusão com alguma outra instituição financeira.
Para alguns analistas, ao entrar
no Brasil, o BBVA também superestimou a capacidade de crescimento do mercado e talvez tenha
subestimado a força dos bancos
locais. Segundo eles, o banco deveria ter adotado uma estratégia
mais agressiva no início, como fez
o ABN Amro com a compra do
Banco Real e o Santander com a
aquisição do Banespa.
Economistas e diretores de quatro grandes bancos estrangeiros
em atividade no país ouvidos pela
Folha afirmaram que o caso do
BBVA não caracteriza uma tendência. Ou seja, a perspectiva é
que as instituições estrangeiras
permaneçam operando no país.
Crise regional
Após um período de representativos investimentos no sistema
bancário da região, os estrangeiros passaram a diminuir sua exposição na América Latina depois
do aprofundamento da crise da
Argentina em 2001.
A onda de saques bancários
obrigou o governo argentino a
impor, no final de 2001, um bloqueio parcial dos depósitos como
forma de tentar evitar o agravamento da crise de liquidez do sistema. A situação era tão grave que
os argentinos chegaram a sacar
cerca de US$ 2 bilhões dos bancos
no último dia de novembro de
2001, sendo que todo o sistema
contava com apenas algo em torno de US$ 75 bilhões.
Para a população argentina, os
bancos estrangeiros eram os
grandes responsáveis pela crise,
pois teriam enviado os dólares
dos depósitos para o exterior. Diversos casos de depredação de
agências de bancos estrangeiros
foram registrados na Argentina
entre o final de 2001 e o começo
do ano passado.
(FV e GC)
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