São Paulo, terça-feira, 14 de janeiro de 2003

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Modelo atual exige mais ganho de escala

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

DA REPORTAGEM LOCAL

A compra do BBV pelo Bradesco é vista pelos analistas como uma consequência da atual configuração do mercado brasileiro e das perspectivas econômicas para os próximos anos.
"Dentro do novo modelo de rentabilidade, com taxas de juros menores, os bancos terão que ter mais receita com crédito e serviços, ou seja, ganhar no giro de operações. Para isso é preciso que eles cresçam para ter escala", disse Fernando Coelho, analista da ABM Consulting.
Dentro desse cenário, o BBVA, apesar de um número expressivo de agências e clientes no Brasil, deveria fazer um considerável aporte de recursos para poder concorrer com os grandes bancos. Como esses investimentos não eram esperados, principalmente dentro da atual perspectiva de mercado, era natural que o banco fosse vendido ou fizesse uma fusão com alguma outra instituição financeira.
Para alguns analistas, ao entrar no Brasil, o BBVA também superestimou a capacidade de crescimento do mercado e talvez tenha subestimado a força dos bancos locais. Segundo eles, o banco deveria ter adotado uma estratégia mais agressiva no início, como fez o ABN Amro com a compra do Banco Real e o Santander com a aquisição do Banespa.
Economistas e diretores de quatro grandes bancos estrangeiros em atividade no país ouvidos pela Folha afirmaram que o caso do BBVA não caracteriza uma tendência. Ou seja, a perspectiva é que as instituições estrangeiras permaneçam operando no país.

Crise regional
Após um período de representativos investimentos no sistema bancário da região, os estrangeiros passaram a diminuir sua exposição na América Latina depois do aprofundamento da crise da Argentina em 2001.
A onda de saques bancários obrigou o governo argentino a impor, no final de 2001, um bloqueio parcial dos depósitos como forma de tentar evitar o agravamento da crise de liquidez do sistema. A situação era tão grave que os argentinos chegaram a sacar cerca de US$ 2 bilhões dos bancos no último dia de novembro de 2001, sendo que todo o sistema contava com apenas algo em torno de US$ 75 bilhões.
Para a população argentina, os bancos estrangeiros eram os grandes responsáveis pela crise, pois teriam enviado os dólares dos depósitos para o exterior. Diversos casos de depredação de agências de bancos estrangeiros foram registrados na Argentina entre o final de 2001 e o começo do ano passado. (FV e GC)


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