MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES

O governo argentino aceitou ontem os termos da carta de intenção apresentada pela missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) que está país. Os técnicos do Fundo chegaram na quinta-feira e negociam um acordo transitório para evitar que a Argentina deixe de honrar compromissos com organismos multilaterais.
Era esperado para ontem a noite o anúncio de que o governo argentino não deixaria de pagar dívidas de US$ 2,5 bilhões com o FMI e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) que vencem nesta semana.
O pagamento das dívidas era um dos últimos entraves ao acordo. Os técnicos do Fundo exigiam que o país pagasse as dívidas para chegar a um acordo. O governo argentino dizia que só pagaria se houvesse a garantia de que haveria realmente o acordo.
O impasse teria sido resolvido depois de uma reunião entre a equipe econômica e os técnicos do FMI que durou toda a tarde de ontem. A decisão de pagar as dívidas coube ao ministro Roberto Lavagna (Economia), que teria autorizado o pagamento de US$ 1,5 bilhão de dívidas com os dois organismos que vencem hoje.
O acordo com o Fundo prevê o refinanciamento das dívidas do país que vencem nos oito primeiro meses do ano. O aval do FMI também abrirá caminho para que o Bird e o BID refinanciem seus empréstimos para a Argentina.
As metas do acordo não foram divulgadas ainda, mas se prevê que o governo se comprometerá a atingir um superávit fiscal (diferença positiva entre receitas e despesas do governo) de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto) e a adotar um programa monetário mais restritivo.
O acordo será válido apenas até agosto, quando já tiver assumido o novo governo, que deve ser eleito até maio. O acordo transitório foi a maneira que o governo argentino encontrou de negociar com o Fundo sem ter o respaldo político para fazer as reformas econômicas exigidas pelo FMI.


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