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Ouro aponta para ano volátil e com altas
Mercados de Londres e Nova York começam 2008 rumo à consolidação de patamar inédito de preço, US$ 900 a onça
No Brasil, administrador
sugere aplicação em carteira
como diversificação; de 10%
a 20% é uma participação
aceitável, diz especialista
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
Após avançar 30% no mercado de Londres e 35% em Nova
York no ano passado, os preços
do ouro começaram 2008 com
as cotações mais altas em 28
anos. Nesta semana os pregões
devem buscar fechamentos no
inédito patamar de US$ 900 a
onça (31,104 gramas).
Londres e Nova York terminaram a sexta-feira com recordes nominais. No Reino Unido,
a onça bateu em US$ 897,90.
Nos EUA, em US$ 896,10
-houve negócios a US$ 900,10.
No Brasil, a semana passada
encerrou com o grama a R$ 50,
alta de 1,42% em 2008. O valor
ainda está abaixo dos R$ 52,50
de 27 de novembro, o pico de
2007, na cotação da BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros). Ao longo do ano passado, o
ouro se valorizou 15% no país.
Considerado um "refúgio"
em momentos de instabilidade,
a expectativa para o ouro em
2008 é de muita volatilidade,
com tendência de preço em alta, diz José Inácio Cortelazzi
Franco, diretor da Anoro (Associação Nacional do Ouro).
Calma no mercado vai ocorrer apenas depois de uma definição sobre as condições da
economia dos EUA. "A alta do
ouro reflete a preocupação com
o valor do dólar", diz Fábio Colombo, administrador de investimentos independente.
A constante desvalorização
da moeda norte-americana
desde 2003 e a ameaça de recessão nos Estados Unidos explicam apenas em parte a valorização do ouro.
A China, que sempre restringiu negócios com o metal internamente, liberou há pouco
tempo, de forma parcial, esse
mercado. Na sexta-feira, o ouro
fechou em US$ 897,75 a onça
em Hong Kong, depois de bater
em US$ 898, preço recorde registrado no país.
Com a demanda adicional
chinesa, o preço global do ouro
deve cair apenas se houver o
fortalecimento do dólar, o que
parece improvável a curto prazo. Ou se houver uma recessão
significativa da economia mundial, que impacte os preços das
commodities, incluindo os metais, diz Cortelazzi Franco.
Brasil
Por que, no Brasil, o mercado
do ouro evolui de forma mais
contida? A variação de 15% no
ano passado, metade do que se
apurou na Europa, se deveu a
um "desconto" por causa da valorização do real ante o dólar
americano, de 16,85% em 2007.
Os negócios com o metal são
feitos em reais no Brasil. Na
Europa, nos EUA e na China,
em dólares. Nesses casos, a valorização do euro, de até 14%
em relação à moeda americana
no ano passado, foi mais um fator a turbinar as cotações.
O volume das aplicações em
ouro no Brasil declinou a partir
do Plano Real em 1994.
Até aquele ano, o metal era
usado como forma de proteção
contra altas taxas de inflação.
De 1995 a 2001, quando houve valorização do dólar em relação às principais moedas, a redução dos negócios com o ouro
se acentuou, num movimento
impulsionado pela baixa da inflação em todo o mundo.
Atualmente o ouro deve
compor carteiras com fundos
cambiais com o objetivo de diversificar os investimentos, diz
Fábio Colombo. Ele considera
aceitável manter esse ativo na
proporção de 10% a 20%, o suficiente para que funcione como
uma espécie de "seguro".
Colombo diz que não está
otimista para este ano. Em alta
há cinco anos, os negócios com
ações se aproximam da necessidade de uma correção. As incertezas nos Estados Unidos
ampliam essa probabilidade.
O mercado pode se preparar:
se as Bolsas recuarem, abrem
espaço para o ouro subir mais.
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