São Paulo, segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

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Ouro aponta para ano volátil e com altas

Mercados de Londres e Nova York começam 2008 rumo à consolidação de patamar inédito de preço, US$ 900 a onça

No Brasil, administrador sugere aplicação em carteira como diversificação; de 10% a 20% é uma participação aceitável, diz especialista

GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO

Após avançar 30% no mercado de Londres e 35% em Nova York no ano passado, os preços do ouro começaram 2008 com as cotações mais altas em 28 anos. Nesta semana os pregões devem buscar fechamentos no inédito patamar de US$ 900 a onça (31,104 gramas).
Londres e Nova York terminaram a sexta-feira com recordes nominais. No Reino Unido, a onça bateu em US$ 897,90. Nos EUA, em US$ 896,10 -houve negócios a US$ 900,10.
No Brasil, a semana passada encerrou com o grama a R$ 50, alta de 1,42% em 2008. O valor ainda está abaixo dos R$ 52,50 de 27 de novembro, o pico de 2007, na cotação da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Ao longo do ano passado, o ouro se valorizou 15% no país.
Considerado um "refúgio" em momentos de instabilidade, a expectativa para o ouro em 2008 é de muita volatilidade, com tendência de preço em alta, diz José Inácio Cortelazzi Franco, diretor da Anoro (Associação Nacional do Ouro).
Calma no mercado vai ocorrer apenas depois de uma definição sobre as condições da economia dos EUA. "A alta do ouro reflete a preocupação com o valor do dólar", diz Fábio Colombo, administrador de investimentos independente.
A constante desvalorização da moeda norte-americana desde 2003 e a ameaça de recessão nos Estados Unidos explicam apenas em parte a valorização do ouro.
A China, que sempre restringiu negócios com o metal internamente, liberou há pouco tempo, de forma parcial, esse mercado. Na sexta-feira, o ouro fechou em US$ 897,75 a onça em Hong Kong, depois de bater em US$ 898, preço recorde registrado no país.
Com a demanda adicional chinesa, o preço global do ouro deve cair apenas se houver o fortalecimento do dólar, o que parece improvável a curto prazo. Ou se houver uma recessão significativa da economia mundial, que impacte os preços das commodities, incluindo os metais, diz Cortelazzi Franco.

Brasil
Por que, no Brasil, o mercado do ouro evolui de forma mais contida? A variação de 15% no ano passado, metade do que se apurou na Europa, se deveu a um "desconto" por causa da valorização do real ante o dólar americano, de 16,85% em 2007.
Os negócios com o metal são feitos em reais no Brasil. Na Europa, nos EUA e na China, em dólares. Nesses casos, a valorização do euro, de até 14% em relação à moeda americana no ano passado, foi mais um fator a turbinar as cotações.
O volume das aplicações em ouro no Brasil declinou a partir do Plano Real em 1994.
Até aquele ano, o metal era usado como forma de proteção contra altas taxas de inflação.
De 1995 a 2001, quando houve valorização do dólar em relação às principais moedas, a redução dos negócios com o ouro se acentuou, num movimento impulsionado pela baixa da inflação em todo o mundo.
Atualmente o ouro deve compor carteiras com fundos cambiais com o objetivo de diversificar os investimentos, diz Fábio Colombo. Ele considera aceitável manter esse ativo na proporção de 10% a 20%, o suficiente para que funcione como uma espécie de "seguro".
Colombo diz que não está otimista para este ano. Em alta há cinco anos, os negócios com ações se aproximam da necessidade de uma correção. As incertezas nos Estados Unidos ampliam essa probabilidade.
O mercado pode se preparar: se as Bolsas recuarem, abrem espaço para o ouro subir mais.


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